Da série: amostras que recebi do querido Dino Napoleão.
Belle d’Opium e eu temos uma relação complicada. Quando vi o vídeo da campanha publicitária não soube dizer se achei exagerado e de mau gosto ou se achei que ficaria de frente com um perfume viciante e intoxicante que marcaria a nova geração, como fez deu antecessor, o Opium.
Ainda associei o nome ao filme Belle de Jour, e fiquei esperando algo dramático, sensual, misterioso, convidativo. Enfim, a curiosidade era grande!
Logo depois tive a oportunidade de experimentar o tal Belle em uma loja física. Na hora achei que o perfume da moça era falsificado, mas não, não era. E continuei, por horas procurando minhas esperanças naquela fita olfativa…
Gosto do Belle d’Opium, mas acho que ele não ‘orna’ com a proposta da campanha publicitária. Ainda acho que ele é um daqueles flankers que vêm para conquistar as filhas das mulheres que nos anos 80 usaram e abusaram do Opium tradicional (criado em 1977).
De tanto procurar, achei nele algo do ‘perfume pai’: o cheiro de maquiagem e demais produtos de toucador femininos que podem suscitar fetiches. Desta vez docinho. Só.
Mas ok, vou tentar falar de Belle d’Opium sem tentar compará-lo…
Foi apresentado ao público em 2010 e os perfumistas responsáveis são Honorine Blanc e Albert o Morillas.
Notas de saída: mandarina, gardênia, jasmim, lírio Casablanca.
Notas de coração: incenso, pêssego, tabaco, notas frutais, pimenta branca.
Notas de fundo: sândalo, patchouli, âmbar.
Abre com bonitas, empoeiradas e adocicadas notas de florais brancas. Tem lá suas intenções intoxicantes, mas são sutis, juvenis e um pouco desajeitadas. Logo sinto as notas esfumaçadas do incenso e do tabaco, mas elas estão tão impregnadas das notas frutais docinhas e cor-de-rosa que acabo por não mais percebê-las… Tal aroma ‘fumaça-doce’ adquire uma tonalidade mais adulta com o decorrer dos minutos: fica com cheiro de maquiagem, de penteadeira. Nesse momento ‘transição’ gosto muito do Belle! É como se a adolescente finalmente crescesse e começasse a ver o mundo através dos olhos de uma mulher!
As notas de fundo são bem distintas, o patchouli é suave e doce, o sândalo e o âmbar promovem sensação de aconchego, calor e sensualidade. Outra vez é a sensualidade comedida e tímida daquela que há pouco se descobriu mulher, e ainda não sabe bem o que fazer com ela. Agora até entendo a propaganda, seu repentes de ousadia e sensualidade desengonçada…
Belle d’Opium é um bom perfume, não é nem juvenil e nem adulto, é transitório. Só gostaria que a fixação fosse maior, em minha pele durou por 3 horas, depois disso só ‘esfregando’ o nariz contra a pele. A embalagem é linda, remete a clássica embalagem-inro do Opium de 1977. As tonalidades me fazem imaginar um pôr-do-sol e o início de uma noite cheia de descobertas e possibilidades… e no final, acredito que essa seja o intento do Belle, atingir consumidoras jovens que fogem do estereótipo ‘mocinha-sem-sal-e-com-a-mesma-roupa-da-vizinha’ da grande maioria dos lançamento atuais. Mas tem futuro tal moça! Ela chega lá!
Numa sequência de lançamentos com o intuito de modernizar e atrair consumidoras mais jovens, Opium não é o melhor de sua cepa, mas ainda assim, é melhor que muita coisa…
Pois é. Tenho esperança de lançarem um flanker mais denso e noturno do Belle…