Alphonse Mucha na FIESP

Senhoras e senhores, essa última sexta fui a FIESP ver a exposição Alphonse Mucha: o Legado da Art Noveau.

Além das obras estavam expostas propagandas e embalagens de produtos desenhadas pelo artista, entre eles o perfume Coeur de Jeannette, da Houbigant, de 1899!

As fotos são de um amigo que foi na exposição antes de mim. Valeu, Julio!!!

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Como eu queria conhecer esse perfume!

Idôle, Lancôme

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Que frasco! Inovador, finíssimo, parece um celular… Bom, faz sentido pensando que é um perfume que eu acredito ter por público alvo a chamada geração de VSCO Girls e  demais tendências relacionadas.

Apesar de meu azedume frente a essa nova geração de perfumes cor de rosa e parecidíssimos, Idôle se destaca e foge um tanto a essa regra. Pra começo de conversa, ele me lembra em alguns momentos um outro perfume, bem antigo até: o 5th Avenue, da Elizabeth Arden, perfumão floral lá de 1996. Aliás, muitos juram que o icônico e dourado Jadore (de 1999) também bebeu muito na fonte do 5th…

Acho que são as notas rosa-jasmim-almíscar-baunilha, notas presentes nos dois. Eu seria capaz de jurar que no Idôle também tem lírio-do-vale, aquela coisa floral-verde.

Idôle abre como notas verdes, cítricas e aquosas-doces: pêra! Fruta fresca, geladinha, e perfeita. Nas notas de fundo temos um imenso bouquet de rosas e em meio a elas, pequenos chumacinhos de jasmim ainda não totalmente plenos, ainda em botão.

Esse conjunto rosas-jasmim faz uma alusão ás bombas florais dos anos 90, viu… algo que já fora visto antes, mas precisou ser amenizado e ‘refrescado’ para a nova geração.

No fundo temos almíscar com pinta de produto de higiene pessoal e baunilha discretíssima, com cheiro de hidratante caro.

Um perfume bonito, porém nada inovador. A não ser o frasco, que fora criado pelo arquiteto e designer industrial Chafik Gasmi. O frasco de Idôle é o mais fino do mundo com apenas 15mm de espessura.

Criado em 2019 por Shyamala Maisondieu, Ariana Medina e Nadege le Garlantezec.

Notas de saída: bergamota, pera.

Notas de coração: rosa turca, rosa de maio, jasmim indiano.

Notas de fundo: baunilha, almíscar branco.

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Totem, Puri Perfumes

 

totem

Hoje a história será longa, empolgada, orgulhosa!

Vamos voltar lá pra 2016, quando escrevi esse post aqui. Através dele, o Rodrigo Alcântara da Puri Perfumes teve a ousada e deliciosa ideia de recriar, de reinterpretar um clássico polêmico da perfumaria mundial: o Tabu, da Dana, nascido em 1932.

Nosso trabalho ali começou. Em abril de 2017 recebi as primeiras amostras desenvolvidas pela marca. Desde então viemos trabalhando em um perfume que fosse novo, com identidade própria, mas fizesse menção ao clássico da Dana. Depois de muitos testes, muitas alterações e muitas discussões sobre a embalagem, apresentamos ao mundo o TOTEM!!!

Rodrigo me deu a honra de nomear o perfume. Muitos não sabem, mas sou psicóloga e grande admiradora do trabalho de Freud. Oras! É dele o fantástico texto ‘Totem e Tabu’, de 1913, onde o autor busca analisar a gêneses dos totens – símbolos sagrados e respeitados –  e dos tabus – proibições de origem incerta –  que cercam e cerceiam as liberdades individuais e coletivas de uma determinada sociedade.

O Tabu cumpriu bem o papel de ser proibido e lascivo. O Totem vem como uma ode ao mítico perfume, resgatando toda a ancestralidade da antiga perfumaria. Totem é perfume como há tempos não se faz mais…

A escolha da embalagem, da etiqueta, das cores, da tampa, tudo foi tão meticulosamente pensado! O conceito retrô, a elegância, a alusão a algumas das embalagens (das muitas) que o Tabu já usou, tudo foi pensado. Trabalho de anos, muito esforço e investimento pela Puri. Só tenho a agradecer e me orgulhar por ter participado deste projeto!

Vamos ao Totem…

Mas que embalagem linda, não acham? Tô apaixonada…

 

Aviso: Totem é perfumão, nada dessas coisinhas róseas e sem identidade que as marcas lançam às dúzias todos os dias.

É um perfume de pegada retrô, esfumaçado, animálico, opulento.

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Aqui tem laranja doce, tem pêssego aveludado, tem um bouquet floral aldeídico intenso com pegada boudoir, fetichista, retrô. Imagino uma diva do cinema dos anos 40 se deliciando com o Totem em sua penteadeira espelhada…

Totem tem couro, tem tabaco, tem especiarias, tem a faceta escura/proibitiva/erótica da civeta. É ao mesmo tempo voluptuosamente feminino e lascivamente masculino. Uma amiga que teve a oportunidade de conhecer o Totem no dia em que eu o recebi disse: “eu me apaixonaria por uma pessoa com esse cheiro...”

O tom esfumaçado e boudoir é constante. É um perfume intenso, noturno, feroz. Tem cheiro cálido, é tão quente quanto a pele de quem acaba de escorregar para fora do conforto e calor de uma cama.

A projeção e fixação são excelentes!

Jean Carles – criador do Tabu e grande mestre da perfumaria – certamente está orgulhoso de nós, Rodrigo! E eu ainda mais. Obrigada e parabéns!