Gold Sugar, Aquolina

Aquolina… a rainha do açúcar! Outro dia estava pensando: muita gente acha que seus perfumes são juvenis, até mesmo de apelo infantil por abordarem uma perfumaria extremamente doce, extremamente gourmand. Descobri que não acho isso. Na verdade, acho que a Aquolina é quase conceitual, buscou um filão do mercado que tem muitos admiradores e com sua doçura, atingiu (e apaixonou) várias faixas etárias. Eu, a exemplo, que estou prestes a completar 34 anos e sou fã de todos perfumes da marca que tive oportunidade de conhecer.

Aliás, isso é uma questão estranha e polêmica. Vamos pensar na Barbie. Todo mundo culpa o conceito da bonequinha magricela de edificar um ideal de beleza inatingível para as mulheres, desde garotinhas. Então somos todas tontas, fúteis e influenciáveis pelo aspecto de um brinquedo pernalta e que fica com o cabelo medonho após o primeiro contato com a água ou com um simples pente? Faz favor. Os meninos não, podem brincar com seus bonecos do He-Man e do Max Steel, mas como eles tem estrutura de personalidade beeem melhor do que a das garotas, sabem que  não é necessário se parecer com os bonequinhos surrealmente bolados e poderosos para serem socialmente aceitos e terem sucesso na vida… Se for para querer ‘ser’ influenciada um brinquedo, escolho o Optimus Prime. Bem mais legal do que a magriça Barbie…

Barbie depois do dia de labuta gente como a gente!

Não acho que me infantilizo ou volto a fase oral por usar um perfume capaz de provocar cáries. Nem fico querendo viver no mundo rosa da Barbie. Que por sinal, deve ser um tédio… E o Ken… bom, é o Ken.

Tudo isso porque uma pessoa de meu convívio social disse que um certo perfume da marca parecia ‘coisa da Barbie’…

Viagens à parte, vamos ao Gold Sugar! Doce? Sim, muito! Mas não tanto quanto os anteriores da marca.

O conceito é semelhante: provocar salivação, despertar gula! Mexe com os sentidos, estimula o paladar!

Foi criado em 2013, vem em um chamativo frasco dourado! Logo depois da borrifada, senti uma avalanche de notas doces e cremosas que logo se tornam menos invasivas e permitem a passagem do neróli e de outra nota floral que eu acredito ser jasmim. Tem algo cítrico, mas é breve e só serve para ‘empurrar’ mais pro fundo as notas dulcíssimas que aparecem logo na abertura.

Mas olha, é flor enfeitando confeitaria, viu? Logo aparecem as notas gustativas do creme burlee, do caramelo (de cobertura levemente viscosa de pudim, nada de bala toffee), do creme (daqueles de rechear bomba). O coco – era o que me preocupava – é discreto, cremoso, quase cheiro de manjar! Tem algo de tropical sim, mas nada invasivo, se mistura bem entre as demais nuances gourmands e completa a receita de tão tentadora receita! Depois de algumas horas deixa as notas de madeira doce e levemente especiada. Antes de eu adquirir, ouvi que tinha cheiro de leite. Não tem não.

O que tem de diferente do controverso Pink Sugar? Projeta menos, fixa menos, enjoa menos. É um perfume confortável, delicioso em dias de temperaturas amenas!

Notas de saída: neróli, laranja, mandarina.

Notas de coração: notas florais, creme burlee, coco.

Notas de fundo: almíscar, sândalo australiano, creme.

Enfim, sigo admirando e salivando perante o conceito da perfumaria Aquolina. Me provoca o olfato, o paladar, me faz produzir endorfinas. É um convite eterno para a Casa de Doces de João e Maria…

Imagem da Barbie retirada daqui: http://mulheratenada.blogspot.com.br/

Miss Gabriela, Gabriela Sabatini

Passaram 24 anos até que o Gabriela Sabatini (1989) tivesse uma herdeira! Miss Gabriela, lançado em 2013 vem no mesmo vidro materno, porém com o visual que a atual perfumaria comercial dita: rosinha, frutado, juvenil.

Mas olha: pelo que a miserenta amostra – daquelas de envelopinho – pode revelar, digo que está na frente dos demais lançamentos e conto os motivos. Primeiro? Preço. Na maioria das lojas virtuais está custando média de R$60,00. Segundo? Fixa bem e é perfeito para nossos dias tórridos. Terceiro? É refrescante, feminino, despojado. E não veio com grande campanha, não veio cheio de pretensões, cheio de promessas. Oferece o que sugere na propaganda. Perfume de mocinha.

Miss Gabriela começa com toques frutais picantes, eu achei que era maracujá, framboesas, groselhas ou qualquer outra fruta que brinque com a dualidade doce-azedo. Mas olha, ele puxa mais pro lado do azedinho do que pro lado do doce, viu? Tem flores? Tem sim! A onipresente (em tal estilo de perfumes) peônia, leve toque verde de jasmim, senti algo de rosas bem de leve, uma nuvenzinha passageira… E depois ainda apareceu uma flor mais adulta e faceira: orquídeas?

Depois de umas 3 horas na minha pele, refrescando e me fazendo sentir melhor no calor infernal que tem feito, apareceu um aroma amadeirado verde, galho partido ainda com folhas a sacudir e seiva verde deixando a madeira úmida. E tem ali ainda algo escondido e sexy: talvez o desejo mais íntimo dessa debutante Gabriela, algo que ela ainda não sabe como lidar. Aroma quase quente, sensual sem querer! Rente a pele, algo que ela ainda não sabe como evidenciar, mas também não consegue mais esconder…

Notas de saída: framboesa, pimenta-rosa.

Notas de coração: jasmim, peônia, heliotrópio.

Notas de fundo: âmbar gris, cedro.

Não é inovador, não é brilhante, não terá a fama nem os que amam e os que odeiam – como tem sua mãe nascida em 1989. Mas será agradável, simpático, boa companhia para dias quentes e joviais!

O carnaval perfumado da escola de samba Boa Vista, do ES

Pois é amigos, o perfume caiu na avenida este ano! Ainda nem entramos oficialmente no Carnaval, mas no Espírito Santo já aconteceram até os desfiles das agremiações locais! E olhe só, A G.R.E.S Independente de Boa Vista levou o perfume pra sambar! O enredo apresentado este ano foi “Teu cheiro me dá prazer – Boa Vista espalha o perfume no ar“! Teve até carro alegórico que ‘espirrava’ perfume na avenida e na arquibancada dos foliões!

Mais notícias nos links abaixo:

http://www.estadocapixaba.com/noticias.php?idnoticia=1212

http://www.interjornal.com.br/noticia/24524962/ultimas-noticias/boa-vista-faz-paradona-de-30-segundos-e-perfuma-o-sambao/

http://www.eshoje.jor.br/_conteudo/2014/02/entretenimento/carnaval/15314-boa-vista-destila-seu-perfume-pela-avenida-e-arrebata-o-sambao.html

Sobre as fantasias:

http://profluizrobertocorrea.blogspot.com.br/2013/10/gres-independente-de-boa-vista_13.html

Olha aqui a letra do samba-enredo, cujos compositores são Sidney Myngal, Bid do Cavaco, Emerson Xumbrega e Chanel Rigolon:

“Quem é que espalha o perfume no ar? sou eu
Quem é que faz o meu povo sambar? sou eu, sou eu
É a Boa Vista, o meu grande amor
A essência do samba chegou

Vai voar minha águia
Do alto vem trazendo a leveza
No reino das flores a magia
O aroma que vem da natureza
Viaja nos braços da paz
No egito o deus sol foi adorar
E a estrela anunciar

Têm fumaça eu quero ver, no ritual
Trouxe a cura e o saber, foi divinal
Pecado mulher, que é de enlouquecer
Teu cheiro me dá prazer

Alquimia
Que leva a descobertas, bruxarias
E faz assim filosofar
Encantando a nobreza
Está no ar
A alegria de se perfumar
Paris é luxo que vem de além mar
Pro mundo conquistar
No meu Brasil,
Vem da floresta é natural
Lança perfume é carnaval
As rosas vão exalar”.

(ouça aqui: http://www.youtube.com/watch?v=nlaD0mObzDc&feature=player_embedded)

Eu não sou do samba, não sou de me jogar nas folias de Momo, mas parabenizo a Boa Vista por abordar a história dos perfumes e levar um pouco de tal conhecimento ao público! Parabéns!

Datura Noir, Serge Lutens

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Serge Lutens nasceu na França em 1942, começou seu aprendizado como hair stylist em Lille, onde também começou a trabalhar com cosméticos e fotografia. Mudou-se para Paris em 1960 para trabalhar como maquiador na revista Vogue. Ele trabalhou com os principais fotógrafos e modelos do período, e em 1967, Lutens foi contratado por Christian Dior para a produção de uma linha de cosméticos.Atuou na empresa de cosméticos japonesa Shiseido. A parceria com a Shiseido foi bem sucedida, e Lutens projetava embalagens e cosméticos, bem como fotografava anúncios premiados para a marca. Trabalhar na Shiseido deu a Lutens o seu início na indústria de perfumes em 1982, quando encomendou uma fragrância dele, Nombre Noir. Lutens e Shiseido tiveram parceria em outra fragrância  em 1992, o Feminité du Bois. Lutens também projetou e conceituada e luxuosa ‘Les Salons du Palais Royal’*, para a comercialização exclusiva da Shiseido e Lutens perfumes.

Lutens iniciou sua própria empresa, Parfums – Beaute Serge Lutens em 2000. Lutens cria seus perfumes em estreita colaboração com a perfumista Christopher Sheldrake.Serge Lutens é um exemplo de ‘perfumaria de nicho’ bem sucedida e de qualidade ímpar!
Faz pouco que comecei a me aventurar com a dita ‘perfumaria de nicho’. Serge Lutens, claro, foi uma das minhas primeiras apostas!
Datura. Também chamada de trombeteira, é altamente tóxica, enteógena, citada no livro ‘A Erva do Diabo’, de Carlos Castanheda.
Confesso que comprei o Datura Noir às cegas, como faço grande parte das vezes. Olho as notas olfativas, tento (tento!) imaginar o perfume e voilá! BANG! Atiro!
Tem algumas árvores de datura aqui perto de casa, o aroma é de fato inebriante e exótico! A questão é que nas notas olfativas do perfume não consta datura… Mas ok, vamos arriscar, vai que o resultado trás algo da tóxica flor!
Segundo o prórpio Serge Lutens, sobre o Datura Noir:
“Como um rastro de fumaça diabólica deixado por Satanás no Paraíso.
Alguns dizem que esta fragrância vai encantar você, outros que ele vai te deixar louco. Outros ainda que a exposição excessiva irá matá-lo”.
E ainda: tem notas gourmands! Tá bom né? Com ou sem datura nas notas, manda aí um desses!
E que surpresa boa! Lindíssimo perfume de flor branca doce da baunilha, da cumarina, do coco e do heliotrópio! Abre com tuberosas brilhantes, como de emitissem luz fluorescente! Tuberosas bailarinas, dançando em meio a notas gustativas, depois esfumaçadas!
Perfume mutante! A cada hora nota-se uma sutileza diferente, um aroma fugaz ou vigoroso! Teve hora que a tuberosa saiu de cena, deixou espaço para a amêndoa, outras horas a rainha é a fava-tonka, em outros momentos sente-se um leve aroma cítrico-cremoso! Não sei se ele tem de fato notas de saída, coração, fundo! Ele é multifacetado, brinca com os sentidos e inebria, cada hora de um jeito!
O coco (que era meu grande medo, não sou muito fã da nota), não é nada ‘tropical’, é cremoso, leitoso, nada doce. É coco ralado fresco, daqueles de feira livre, sabe?
A semelhança com a datura deve estar lá no começo, uma flor ‘mal falada’ que se faz se inocente, mas é puro veneno! Deve ser metafórica…
Notas oficiais: tuberosa, coco, fava-tonka, amêndoa, flor de limoeiro, mandarina, almíscar, osmanthus, heliotrópio, mirra, baunilha, damasco. Criado em 2001 porChristopher Sheldrake.

Serge Lutens, seu feiticeiro! Essa sua cara de vampiro esconde a alma de um alquimista, que vende poções disfarçadas em frascos de perfume…

A propósito, tenho esse tipo de Datura em casa, em um vaso. Volta e meia ela dá flores! Assim que acontecer coloco uma foto aqui!

“PERFUME E DESEJO: o poder do aroma no comportamento de compra da mulher”, tese de Caroline Franken de Moraes

Por que compramos tantos perfumes? Por que buscamos o ‘aroma perfeito’? Seria para nós ou pra os outros? Vamos estudar um pouco sobre o consumo de perfumes sob a ótica da psicanálise e sociologia? Segue link da tese de Caroline Franken de Moraes, “PERFUME E DESEJO: o poder do aroma no comportamento de compra da mulher”

http://www.uva.br/mestrado/dissertacoes_psicanalise/carolina-franken-perfume-desejo-o-poder-do-aroma-no-comportamento-de-compra-da-mulher.pdf

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“Sillage Parfumé”, de Juarez Machado, 2008.

Illusions Noires Le Premier Parfum Eau Minuit, Lolita Lempicka

Pra começar, vamos resumir o nome para IN, pode ser? Ganhei uma amostra deste perfume inebriante do querido Dênis, do fantástico 1nariz.

Para mim, Lolita Lempicka é uma das marcas mais bonitas no mercado atual! Caprichosa tanto nas embalagens quanto nos perfumes, é atrevida, ousada e ao mesmo tempo tem algo de místico. Penso em nereidas, dríades, epigeias e demais ninfas*…

Hylas and the Nymphs, de John William Waterhouse (1896)

IN é um doce veneno! É escuro, esfumaçado, balsâmico. Um joguinho de palavras, por associação livre? Raiz – escuro – veludo – feiticeira – escorre – licor.

Se a Bruxa da Branca de Neve me oferecesse essa maçã, certamente eu aceitaria sorrindo, toda encantada!

Inicia com aroma poeirento, adocicado, incensado. Incenso doce. Deixa aparecer timidamente a falsa pureza de flores brancas noturnas e explode em notas licorosas e escuras. Alcaçuz!!! Que preciosa essa nota! Levemente medicinal, misteriosa, inebriante e para alguns, enjoativa. Porém, IN não tem a nota de aniz presente em outras versões do Lolita, talvez isso o torne menos ‘enjoado’ a tais olfatos.

Fecha lindamente com baunilha e mais incenso, desta vez menos doce e mais ‘fumacento’, quase religioso.

Eu, que adoro os balsâmicos e incensados, me apaixonei!

Foi lançado em 2012, pertence a uma coleção limitada e infelizmente não consegui a informação de quem é o nariz responsável por ele.

Notas de saída: íris, mirra.

Notas de coração: jasmim-sambac, alcaçuz.

Notas de fundo: baunilha, benzoim.

Rainha Má decidindo se coloca mais alcaçuz ou se insiste no anis na ‘maçã de edição especial’ Lolita Lempicka. E soube escolher bem…

*http://pt.wikipedia.org/wiki/Ninfas

Excess, Tokyo Milk

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Empresa de cosméticos americana fundada por Margot Elena (que também fundou a Lollia e Love & Toast). A Tokyo Milk Parfumarie Curiosite oferece fragrâncias, sabonetes, produtos de higiene perfumados e velas lindamente embalados e com nomes extravagantes.
Em 2011 iniciou a coleção ‘Dark’, em embalagem preta com logo branco. Tal coleção promete maior variedade e diferenciação de notas aromáticas e estilos, imagens ousadas e nomes que evocam algo mais obscuro a até mesmo místico.
E aí adivinha se a louca aqui não morreu de curiosidade! Como eu poderia deixar passar algo de estética e premissa obscura, com estilo diferenciado e notas estranhas? Como resistir a uma frasco preto com um polvo que logo me fez lembrar do Cthullu* de H. P. Lovecraft pedindo: ‘me leve, me leve…’ E minha veia heavy metal desejava dizendo: ‘leva sim, leva sim!’.
Levei o kraken**. Comprei no Ebay, mandei via direcionador, no final saiu caro. E quer saber? Mais uma vez vi que a classificação ‘nicho’ nem sempre é sinônimo de excelência. O perfume é exótico, diferentão? Sim é. Mas beira o conceitual, aquele tipo de arte que você observa, faz cara de quem entendeu e segue achando que você é burro (de não ter conseguido captar nada: absolutamente nada sobre a obra) ou que o artista é um charlatão.  Peguei pesado? Desculpem. Mas já me aconteceu isso. As duas situações, na verdade…
Excess é estranho. É a flor-da-pele, notas discretas e acanhadas. Nada dos ‘ingredientes ricos, escuros e excitantes’ prometidos no Fragrantica…
Abre com aroma metálico, algo sanguíneo, de ferro. A laranja amarga sanguínea nunca foi tão vampírica! Depois aparece uma nota de madeira extremamente seca, me lembrou de feno e queima de mato seco. Patchouli, onde estás? Seria esse cheiro de terra preta dessas compradas em saquinhos de 5kg em floriculturas que te representa? O perfume projeta pouco, fixa pouco, é cheio de arestas amargas, metálicas, salinas e secas, quase ásperas. Bem lá no fundo tem uma nuance ambarina de aspecto ressecado e quebradiço. Debaixo do âmbar ainda tem algo que me lembrou de maresia…
O engraçado é que muitas resenhas dele dizem que o patchouli é tão pronunciado… e em mim nada!
E no fim, vejo que essa resenha está tão conceitual quanto o perfume…
Notas olfativas oficiais: laranja sanguínea, carvalho, patchouli, âmbar. Criado em 2011 por Margot Elena.
Não conheci outros perfumes da marca, você conhece? Me conta mais sobre eles?
* Se vc nunca ouvi falar de Cthullu, segue uma breve explicação neste link:

Midnight Oud, Juliette Has a Gun

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Juliette agora vem munida de oud, ao que parece, o novo ‘queridinho’, a nova ‘tendência’ logo logo terá o Axe Oud, vão ver. Agradeço a amiga Erica Fabri que enviou a amostra!

É um perfume cheio de atitude, andrógino, vistoso! A começar pelo frasco: dourado (muito ôro!). Me fez pensar nos locais imaginários do Oriente das ‘Mil e uma Noites’, mas do ponto de vista masculino: como era a vida daqueles sultões e sheiks (também imaginários, claro) em seus camelos, cavalos, caravanas, em seus palácios e haréns… Quais eram suas vaidades e preferências?

Pelo que li e pesquisei, faz pouco tempo que o Oud está indo, gota a gota, para os lados da perfumaria feminina, e entendo o porquê. Tem um aroma resinoso, agridoce e másculo. Lembrou-me do seguinte: aqui perto de casa tem uma sorveteria artesanal super conhecida e antiga chamada Alaska (existe desde 1910), e lá tem um sorvete sabor Miski, que é uma resina retirada da casca de árvore de origem árabe*. É meio seco, meio amadeirado, meio balsâmico, meio amarguinho, meio agridoce. É bom, mas causa certa estranheza num primeiro momento. Tanto o oud como o sorvete de Miski.

Midnight Oud começa com rosas especiadas, mas já ‘atropeladas’ e invadidas pela tonalidade do oud.

Logo aparece um aroma verde terroso que parece vir de algo em decomposição, que libera aquele cheiro agridoce e invasivo, mas nada ruim, pelo contrário, atraente, sensual! Louca e poderosa a mistura de oud com castóreo! Atrevida!

Apesar do Oud ditar todo o caminho trilhado pelo perfume, ele as vezes torna-se mais ou menos forte, dependendo da nota que faz páreo para ele: no começo ele parece polvilhar as rosas, no meio ele é sensual e dominador. No final ele se retira para um canto e deixa as notas ambarinas, terrenas e as outras madeiras desfilarem em paz! Mas não sumiu não, volta e meia ele grita um ‘palpitezinho’ ali do canto onde está fingindo que descansa…

Notas de saída: bergamota, rosa Damascena, papiro, açafrão.

Notas de coração: oud, rosa Marroquina, gerânio, castóreo.

Notas de fundo: âmbar, almíscar, patchouli, sândalo.

Meio Khaleesi Daenerys, meio Khal Drogo…  Tão bonito!

* mais sobre tal resina nestes links:

http://gastrolandia.uol.com.br/viagem/mastiha-a-poderosa-lagrima-grega/

http://thinkfood.com.br/index.php/2010/04/21/miski-a-lagrima-dourada/

E o ‘cheiro da chuva’? E o de livros velhos?

Links interessantes sobre os queridos ‘cheiro de chuva’, de terra molhada e de livros velhos – daqueles amarelados, manipulados e que já enfeitaram tantas vidas… Cheiro de prateleira de sebo!

http://www.megacurioso.com.br/fenomenos-da-natureza/36329-o-cheiro-bom-da-chuva-e-um-resultado-quimico-ou-cultural-.htm

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/de-onde-vem-o-cheiro-da-chuva

http://hypescience.com/de-onde-vem-o-cheiro-de-livros-velhos/

Aliás, que vontade de um final de semana chuvoso, fresco e cinzento pra ficar em casa lendo um livro…

Egeo Choc, seu companheiro de aventuras*

 

Ai, desculpa, a foto do perfume é essa de baixo:
Ganhei uma amostra da querida Barbarella, e só agora, só HOJE, descobri o que o cheirinho tão gostoso dele me lembrava: Toddynho Napolitano! Esse tal Toddynho já foi e voltou do mercado algumas vezes, lembro dele de quando era mais nova e comprei recentemente em algum mercado por aí… Ou ainda de outra coisa que trará a muitas pessoas um sorrisinho saudoso: quem aqui já misturou leite, achocolatado em pó e Quick de morango? (lembram do Quick? Eu gostava do sabor caramelo…).
Egeo Choc tem todos esses cheiros gustativos e deliciosos, nos remetem a infância e despertam a gula por besteiras gorduchas e deliciosas!
Aliás, se eu não disse antes, digo agora: acho que o ‘pai de todos’, o Egeo Dolce foi uma das melhores criações do Boticário. O problema não foi nem a banalização e o uso em massa pela população feminina, mas sim a quantidade usada ‘per capita’. Acaba enjoando e fazendo surgir certo ‘preconceito’ ao perfume…
Voltando a versão Choc: cheirinho de frutas vermelhas azedinhas, algo leitoso e cremoso (pra mim tem cheiro de sorvete de casquinha de creme do Mc’Donalds), chocolate ao leite, baunilha culinária, dessas essências de bolo. Tem ali no meio uma florzinha branca que dá certo equilíbrio a tal orgia gastronômica e empresta um quê de delicadeza ao perfume. Termina com as notas gourmands esmaecidas, aparecem notas ambarinas esfumaçadas, incensadas. Incenso doce, parece a queima do ‘Oro Nero’ (http://milagros.webstorelw.com.br/t/incensos/nero-oro/). Madeiras doces, leitosas e confortáveis arrematam a composição. 
Tal perfume só é vendido na época da Páscoa (pelo menos foi essa informação que eu recebi). É bom, assim não vira ‘carne de vaca’, como aconteceu com o Dolce.
Foi lançado em 2011 e a perfumista responsável pela criação é Marion Costero.
Notas de saída: chantilly, limão amalfi, frutas vermelhas, pêssego.
Notas de coração: flor-de-laranjeira, chocolate, leite.
Notas de fundo: baunilha, almíscar, benzoim, âmbar, madeiras, sândalo.
Egeo Choc, esse coração que se encanta pelas fragrâncias gourmands, gustativas, doces e meladas hoje é seu! Vontade de lamber…

*slogan do Toddynho na minha época de infância, não sei se ainda é…