

Uma olhada no fantástico site Vintage Perfume Presentations nos faz sonhar e voltar no tempo! Vai lá, dá uma olhada e se deixe envolver pela aura mágica de décadas passadas e seu glamour!
Pense em uma tarde de sol, mas nada escaldante. Brisa, um campo cheio de flores primaveris… Se tal tarde tivesse um cheiro, elegeria Sunflowers, de Elizabeth Arden. Para mim é uma fragrância solar, fresca, energizante!
Foi criado em 1993 por David Apel, e sua campanha publicitária não explorava a sensualidade, e sim a feminilidade plena da relação materno-filial.
Faz tempo que não vejo tal inspiração na publicidade de perfumes, o que é uma pena. O que mais transmite sensação de conforto e amor do que tal relação? Mas talvez esse não seja o foco dos perfumes atuais…
Sunflowers é luminoso, tranquilo, limpo e delicioso! Adoro o cheiro de frutas sumarentas, as flores diurnas em pleno desabrochar!
Notas de saída: flor-de-laranjeira, melão, mandarina, bergamota, limão, pau-rosa, pêssego.
Notas de coração: ciclamen, raiz de íris, jasmim, rosa, osmanthus.
Notas de fundo: sândalo, musk, âmbar, musgo-de-carvalho, cedro.
Tem o espírito dos perfumes dos anos 90: um quê aquático, notas frutais (a nota doce-aguada de melão ou melancia), a inocência quase andrógina. Muitos o comparam ao Escape (Calvin Klein), e vejo semelhanças sim, porém, Sunflowers é mais fluído e delicado, suas notas florais são menos marcantes.
Perfume para dias felizes, descompromissados e leves! Perfeito para nosso clima!
O perfume da minha mãe… Ela, que nos idos dos anos 50/60 bancava a alquimista e misturava o Je Reviens com a extinta colônia Regina (não cheguei a conhecer), para se diferenciar das demais! Jura até hoje que ficava incrível, o perfume perfeito! E ainda fala que era assim: um vidrinho pequeno do Je Reviens com um vidro grande da colônia Regina. Misturava com cuidado e voilá: tinha o perfume exclusivo!
Engraçado como um perfume pode evocar tantas lembranças… convivi com ele durante toda a infância, e recentemente presenteei minha mãe com um frasco. Mas o que me lembro mesmo é do antigo frasquinho redondo na pequena caixinha azul!
E ainda mais, acabei de comprar a versão da embalagem Boule para mim. Ela faz alusão ao vidro criado por Rene Lalique em 1924 para a fragrância Dans la Nuit, também da Worth.
Agora, se me perguntarem se eu gosto do aroma deste marco da história da perfumaria, eu vou enrolar e não vou responder: nem eu sei. Ele é datado, é um floral tipícamente aldeídico, intenso, de alta projeção e me mata de dor de cabeça. Mas o cheiro dele… deve ser por causa das memórias da infância, me atrai e encanta.
Foi criado em 1932 por Maurice Blanchet e foi reformulado em 2004. O nome Je Reviens pode ser traduzido para “Eu vou voltar”. Foi um presente muito comum de soldados que partiam para lutar na 2ª Guerra Mundial para suas namoradas, segundo informações do site da Worth. Não é lindo e triste? Morreria de chorar se fosse donzela casadoira em tal época e recebesse um desses.
Como sempre digo, perfume é história, são retratos de épocas e costumes…
Família olfativa: floral aldeídico
Notas de saída: aldeídos, flor-de-laranjeira, jasmim, ylang-ylang, bergamota, limão.
Notas de coração: narciso, lilás, íris, jacinto, cravo (a flor), ylang-ylang, rosas.
Notas de fundo: sândalo, fava-tonka, âmbar, almíscar, violeta, musgo-de-carvalho, vetiver, incenso.
Je Reviens é vintage! E agora uso o termo do qual tenho certa aflição (afinal, tudo que tem ares antigos é vintage: mesmo que seja uma porta-guardanapos fabricado na China em 2012 com estampa da década de 50 de refrigerante famoso). Tem cara de antigo, embora seja de fabricação moderna, é vintage!
Voltando ao Je Reviens. Nele sinto os jacintos, o cravo, as rosas. As notas florais são bem evidentes (como deve ser um floral aldeídico). Sua evolução é rápida, e logo ele se torna adocicado e melífluo. Depois as notas mais “secas”, como o musgo-de-carvalho e o vetiver pedem passagem e se apresentam, dividindo o espaço com a notas adocicadas. Nesse momento a harmonia de Je Reviens é linda! Como em uma dança, cada hora um aspecto se evidencia mais e o casal doce-seco é gracioso e preciso!
Pela história, pelo contexto, pelas lembranças, amo Je Reviens. Continue voltando, sempre será bem vindo!
A gardênia (Gardenia jasminoides) é uma planta ornamental da família das rubiáceas, também chamada de jasmim-do-cabo. De origem chinesa, é um arbusto que pode atingir até dois metros de altura.
No início da primavera, a gardénia começa a cobrir-se de flores brancas e perfumadas. O seu perfume já inspirou até boleros e rendeu-lhe o nome popular de jasmim-do-cabo, mesmo não sendo uma espécie da família dos jasmins.
O nome gardênia foi atribuído a este género em homenagem ao botânico americano Alexander Garden. Existem cerca de 250 espécies conhecidas como gardênia, porém a mais cultivada e famosa é a Gardenia jasminoides, por vezes chamada Gardenia augusta.
A gardênia produz folhagem verde escuro e brilhante, com o detalhe de que as folhas não caem durante o inverno.
A gardênia simboliza a harmonia, amor e graça. Infelizmente, nenhuma das tentativas para produzir um óleo essencial natural teve sucesso, por isso na indústria de perfumes, só é possível de ser utilizado como um extrato seco da flor, um análogo sintético, ou por mistura de outros óleos essenciais que imitam o aroma natural de gardênia.
A gardênia é uma planta de rica em fragrância e sua utilização deve aproveitar esta sua qualidade. Quem nunca se deixou invadir pelo cheiro de tal arbusto carregado de flores?
Conheço uma senhora que mora em um sítio e planta gardênias. Ela diz que com elas se lembra de sua terra natal, a Bahia, pois segundo ela, lá usavam tal flor para fazer colônias e água-de-cheiro. Não achei nada sobre tal produção, alguém saberia alguma coisa?
Sobre a água-de-cheiro utilizada na Lavagem do Bonfim, li que ela é preparada com folhas perfumadas maceradas em água, e em alguns casos pode-se acrescentar água de lavanda ou alfazema.
Alguns perfumes com notas de gardênia:
Pure Poison – Dior
Crystal Noir – Versace
Gardenia – Elizabeth Taylor
Marc Jacobs Splash Gardenia – Marc Jacobs
Gardenia Passion – Annick Goutal
Organza – Givenchy
Belle D’Opium – YSL
Lady Million – Paco Rabanne
24 Faubourg – Hermès
Diorama – Dior
Cruel Gardenia – Guerlain
Animale Temptation – Animale
Taí um sucessor pro Angel em termos de quantidades de contratipos e cheirinhos “inspirados”!!! Que sucesso o Fantasy! Atingiu mulheres de todas as idades! Trabalho no centro da cidade e não há um dia em que eu ande na rua e sinta o cheirinho do Fantasy ou similares.
Bom, eu não tenho tal perfume, ganhei 3 amostrinhas e uso quando quero sensação de calor, conforto e doçura. Pra mim Fantasy tem cheiro de boneca, de casa da Barbie novinha misturada com a antiga coleção Moranguinho, todas juntas (lembram dela?)!
Talvez tenha sido essa “a graça” do Fantasy: doçura inocente e sensual, bem menina-moça. Quase um fetiche infantilista…
Foi criado em 2005 por James Krivda. A embalagem rosa apresenta aplicações de cristal Swarovski. Mais “girlie” impossível! A caixa também é bonita. Um convite, daquelas que você deseja ter porque é bonita.
Notas de saída: kiwi, lichia, marmelo.
Notas de coração: chocolate branco, orquídea, jasmim.
Notas de fundo: musk, raíz de íris, notas amadeiradas.
Surpresa! Mesmo sendo um dos supra-sumos da família flora frutal gourmand, ele não possui baunilha em sua formulação!
Acho que é um perfume bem estruturado, surpreendente, gostoso! Só precisa tomar cuidado na hora da aplicação, do contrário ele fica enjoativo e agressivo, eu diria que até mesmo vulgar.
As notas mais evidentes em minha percepção são o chocolate branco, as notas frutais, com destaque para a breve brincadeira azedinha-doce do kiwi e da lichia. O marmelo aqui me lembra de uma boa lata de marmelada mesmo, até mesmo porque nunca vi a fruta ao natural.. A nota de orquídea é bem clara, e me lembra a Oncidium Sharry Baby (orquídea chocolate).
E mais uma vez eu aplaudo a coleção Britney Spears!
Vou falar dele porque é o preferido do meu marido. E porque eu queria loucamente que um dia a Bvlgari resolvesse lançar um “Pour Femme” de tal perfume! Mas acho que não, então fico feliz em cheirar o cangote do meu amado e feliz quando ele dá uma borrifadinha dele no meu braço…
O perfume foi criado em 2008 por Jacques Cavallier, e tem como irmão mais velho o Aqva Pour Homme e por caçulinha o Aqva Pour Homme Marine Toniq (que nome comprido, não?).
O Aqva Marine (vamos chamar assim?) é lindo! É o perfume de Poseidon e seus tritões! É cheiro de água, marinha ou doce, eu diria que as duas juntas. É tão limpo, tão revigorante, tão oceânico! E vou dizer, eu não sou a fã número um de notas oceânicas ou aquáticas, mas essas… são muito bem orquestradas!
Notas de saída: neróli, grapefruit, mandarina, petitgrain
Notas de coração: alecrim, notas aquáticas, Posidonia oceanica (espécie de grama marinha que é endêmica para o Mar Mediterrâneo. Tal planta marinha é considerada de grande importância para a conservação ambiental da região. O fruto é livre e flutuante conhecida na Itália como “o olival do mar”. Bolas de material fibroso da folhagem da planta, conhecida como egagropili, são usados para limpezas gerais).
Notas de fundo: cedro da Virgínia, âmbar.
O que me impressiona ainda mais em tal perfume é sua fixação e projeção! São excelentes!
Quando borrifo tal perfume na pele, imagino que Netuno – com suas águas mornas ou frias (sim, suas notas aquáticas as vezes são mornas e aconchegantes, outras vezes são frias e revigorantes), e suas algas verdes e translúcidas – está por perto… E posso estar ficando louca, mas tem bem ao longe, quase despercebido, um toque metálico e alcalino em tal perfume. Vem todo sutil, mas está lá. Deve ser o material do Tridente…
Mesmo sem ter nenhuma nota de cunho altamente viril, ele é masculino. É de uma masculinidade segura de si, vaidosa e envolvente. Sem ter que provar nada a ninguém, sabe?
Enfim, Aqva Pour Homme Marine é uma sinfonia marítima!
Clarice Lispector, nascida Haia Pinkhasovna Lispector (Tchetchelnik, 10/12/1920 — Rio de Janeiro, 9 /12/1977), escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira. Também foi colunista do Jornal do Brasil, do Correio da Manhã e Diário da Noite. As colunas, que foram publicadas entre as décadas de 60 e 70, eram destinadas ao público feminino, e abordavam assuntos como dicas de beleza, moda e comportamento. Ministrava os “cursinhos” voltados ao interesse feminino, e um desses era sobre o perfume:
O “cursinho” se desenvolveu em seis aulas. Passo a passo, a leitora aprendia que o perfume deve ser uma emanação da personalidade, acentuando a presença da mulher, ao envolvê-la discretamente. Depois, é instruída em como e onde aplicar. Nunca na roupa e sempre na pele. Também é preciso observar o tipo de perfume ou a quantidade aplicada para quando for almoçar ou jantar, pois a comida poderá ser envenenada pelo cheiro forte e as pessoas perderem a fome. Na quarta aula, a leitora aprende como escolher e como conservar o perfume. Os frascos pequenos são os melhores. Nos grandes, o perfume evapora-se antes que se tenha tempo de usá-lo. O calor e a claridade alteram a essência do perfume. Portanto, não se deve guardá-lo em locais iluminados pelo sol ou expostos à luz. Por fim, onde aplicar: uma gota atrás da orelha, nos pulsos, na nuca, nas têmporas ou no “interior dos cotovelos” (dobra do antebraço com o braço).
Os segredos sobre o uso do perfume foram também publicados, com outra redação, na coluna de Tereza Quadros, pseudônimo de Clarice Lispector para o tablóide Comício, em 1952.
Na produção literária de Clarice Lispector encontramos diversas referências ao perfume:
“… estava na hora de se vestir: olhou-se ao espelho e só era bonita pelo fato de ser uma mulher; seu corpo era fino e forte, um dos motivos imaginários que faziam com que Ulisses a quisesse; escolheu um vestido de fazenda pesada, apesar do calor, quase sem modelo, o modelo seria o seu próprio corpo mas enfeitar-se era um ritual que a tornava grave: a fazenda já não era um mero tecido, transformava-se em matéria de coisa e era esse estofo que com o seu corpo ela dava corpo — como podia um simples pano ganhar tanto movimento? seus cabelos de manhã lavados e secos ao sol do pequeno terraço estavam de seda castanha mais antiga — bonita? não, mulher: Lóri então pintou cuidadosamente os lábios e os olhos, o que ela fazia, segundo uma colega, muito mal feito, passou perfume na testa e no nascimento dos seios — a terra era perfumada com cheiro de mil folhas e flores esmagadas: Lóri se perfumava e essa era uma das suas imitações do mundo, ela que tanto procurava aprender a vida — com o perfume, de algum modo intensificava o que quer que ela era e por isso não podia usar perfumes que a contradiziam: perfumar-se era de uma sabedoria instintiva, vinda de milênios de mulheres aparentemente passivas aprendendo, e, como toda arte, exigia que ela tivesse um mínimo de conhecimento de si própria: usava um perfume levemente sufocante, gostoso como húmus, como se a cabeça deitada esmagasse húmus, cujo nome não dizia a nenhuma de suas colegas-professoras: porque ele era seu, era ela, já que para Lóri perfumar-se era um ato secreto e quase religioso.”
Trecho do livro “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector, de 1969.
Outros trechos perfumados:
“Vou tomar um banho antes de sair e perfumar-me com um perfume que é segredo meu. Só digo uma coisa dele: é agreste e um pouco áspero, com doçura escondida.”
“Eu me perfumo para intensificar o que sou. Por isso não posso usar perfumes que me contrariem. Perfumar-se é uma sabedoria instintiva. E, como toda arte, exige algum conhecimento de si própria. Uso um perfume cujo nome não digo: é meu, sou eu. Duas amigas já me perguntaram o nome, eu disse, elas compraram. E deram-me de volta: simplesmente não era delas. Não digo o nome também por segredo: é bom perfumar-se em segredo.”
“Depois voltarei ao mar. Sempre volto.Mas falei em perfume. Lembrei-me do jasmim. Jasmim é de noite. E me mata lentamente. Luto contra, desisto porque sinto que o perfume é mais forte do que eu, e morro. Quando acordo, sou uma iniciada.” – da crônica “Jasmim”, publicada em 7 de abril de 1972.
Fonte: http://www.portais.unincor.br/recorte/images/artigos/edicao5/5_artigo_aparecida.htm
Uma singela homenagem do blog a eterna Clarice…
A embalagem embora seja bonita é traiçoeira: daquelas divididas em duas partes, com tampa encaixada na parte inferior, portanto, cuidado ao manusear, o risco de ir tudo para o chão é grande.
É daqueles perfumes “coringa”, vai bem em todas situações e ambientes. É bem feminino, mas nele não há nada de “mocinha” ou juvenil, é um perfume adulto e bem definido.
Já nasceu clássico!
Ah, a Poesia! Segue “O Coração” de Antonio de Castro Alves (1847 – 1871), mantendo a grafia original:
O CORAÇÃO
O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céo.
Um — tem o mel de granadilha agreste,
Bebe os perfumes, que a bonina deu.
O outro — voz em mais virentes balsas,
Pousa de um riso na rubente flôr.
Vive do mel — a que se chama — crenças,
Vive do aroma —que se diz — amor.