Blonde, Versace

Todos os apaixonados por perfumes sabem como é triste quando as marcas descontinuam – simplesmente param de fabricar – nosso perfumes queridos. Nunca mais se acha o bonito e se achar é a peso de ouro. Mas as vezes acontecem coisas surpreendentes! Esses dias, duas perfumarias que mantém grupos de vendas no Facebook anunciaram uma série de perfumes descontinuados da Versace: lacrados, em perfeitas condições e mais baratos que perfume nacional.

Uma loucura! E agora eu tenho um Blonde, vejam só! O perfume foi criado em 1995 por Nathalie Feisthauer e teve Donatella Versace como musa inspiradora.

O frasco é bem bonito, bem como a caixa, toda trabalhada na exuberância quase brega da marca.

O perfume? Bom, quem gosta do Fracas e do Truth or Dare vai adorar o Blonde! Tem aqui uma quantidade imensa de tuberosas, outras flores brancas que deixam tudo ainda mais intenso e narcótico. E tem ainda um toque animálico no fundo. É intenso, é sensual, poderoso! Moderar na quantidade usada aqui não é uma opção, é uma necessidade.

Começa com um borbotão de flores brancas: neróli, gardênia, tuberosa, jasmim (depois descobri que não é jasmim não, é uma planta chamada Pittosporum tobira,  popularmente conhecida como pitósporo-japonês, lágrima-sabéia, pau-de-incenso, pitósporo).

Segundo a pirâmide olfativa do perfume existem outras flores na composição, mas a força do buquê branco é tanta que em minha opinião acabou por ocultar as demais flores. Em breves momentos você poderá sentir a presença de flores exóticas que passam a sensação de um perfume brevemente retrô, antigo. Mas para mim foi só uma impressão, quando fui procurar novamente essa faceta, ela já tinha devanecido.

Mais ao fundo temos notas animálicas que dão certa ‘sujidade’ ao perfume, parece que endossa a força e a sexualidade pulsantes das flores brancas. Elas perdem a nuance doce-plástica e ganham aspecto mais ceroso, cremoso. Mas não deixam de ser narcóticas: só que ao invés de ‘nocautear’ como nas notas de saída, agora elas te levam de forma consensual. Você sabe que vai ceder, para que resistir?

Notas de saída: gardênia, violeta, neróli, pitósporo, bergamota.

Notas de coração: tuberosa, ylang-ylang, narciso, cravo.

Notas de fundo: benzoim, almíscar, civeta.

Visa, Robert Piguet

Apresentado pela primeira vez em 1945 e criado por Germaine Cellier, Visa foi reformulado e reapresentado ao público em 2007, desta vez obra do perfumista Aurelien Guichard.

Vou falar aqui do nascido em 2007.

Serei bem honesta: Visa não permitiu que eu identificasse muitas de suas notas olfativas. Mas me trouxe lembranças e associações. Vamos ver no que dá essa resenha…

Logo ao passar na pele pensei em vinho branco licoroso doce. Não vinho de grande qualidade, mas daqueles docinhos que nos seduzem facilmente. Ou a famigerada Jurupinga. Sério, suas notas de saída me fizeram pensar em tudo isso.

Em menos palavras, me fez pensar em bebidas fermentadas de frutas doces.

Logo aparecem notas florais de aspecto emborrachado. Algo polvoroso e adocicado. E um adocicado bem diferente, meio picante, meio sujinho. E aí pensei em uma coisa da minha infância, quem for nascido nos idos de 1980 talvez se lembre: o talquinho que vinha junto com a boneca Cheirinho. Não é o primeiro perfume que me trás essa recordação, mas o que mais se aproximou, com certeza. E aí Visa ganhou meu coração eternamente, por me trazer a recordação de um brinquedo saudoso que eu não tive, mas adorava entrar nas lojas e segurar um pouco a boneca do ‘mostruário’ e ainda surrupiar um tico do talquinho que ficava amarrado a seu bracinho…

Quando as notas de base ficam mais evidentes, você pode perceber um mundo de nuances: tem couro suadinho, tem patchouli achocolatado, tem sândalo leitoso,  tem resina esfumaçada, tem raiz verde-doce.

Foi uma vivência intensa o Visa! Me fez voltar no tempo, me fez pensar em coisas da infância e da adolescência. Ah, o poder do perfume…

Achei uma delícia, esse Visa de 2007!

Notas de saída: bergamota, folhas de violeta, pera, pêssego, mandarina.

Notas de coração: flor de laranjeira, immortelle, ylang-ylang, rosa.

Notas de fundo, sândalo, couro, patchouli, musgo de carvalho, styrax, vetiver, baunilha.

 

Fonte da imagem: http://sp.olx.com.br/vale-do-paraiba-e-litoral-norte/hobbies-e-colecoes/boneca-cheirinho-da-estrela-ell-store-152101657

Perfumados fragmentos literários – parte III – Clarice Lispector

Aloucadosperfumes

Clarice Lispector, nascida Haia Pinkhasovna Lispector (Tchetchelnik, 10/12/1920 — Rio de Janeiro, 9 /12/1977), escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira. Também foi colunista do Jornal do Brasil, do Correio da Manhã e Diário da Noite. As colunas, que foram publicadas entre as décadas de 60 e 70, eram destinadas ao público feminino, e abordavam assuntos como dicas de beleza, moda e comportamento. Ministrava os “cursinhos” voltados ao interesse feminino, e um desses era sobre o perfume:

O “cursinho” se desenvolveu em seis aulas. Passo a passo, a leitora aprendia que o perfume deve ser uma emanação da personalidade, acentuando a presença da mulher, ao envolvê-la discretamente. Depois, é instruída em como e onde aplicar. Nunca na roupa e sempre na pele. Também é preciso observar o tipo de perfume ou a quantidade aplicada para quando for almoçar ou jantar, pois a comida poderá ser envenenada pelo cheiro…

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Far Away Infinity, Avon

Quem não fica curioso quando a Avon lança um perfume, não é? Afinal a marca nos é tão familiar, todos querem conhecer o ‘filho’ novo!

Recebi esses dias o Far Away Infinity (obrigada, Avon!). Na verdade fui convidada a participar do evento de lançamento do perfume, que aconteceu no dia 03 de fevereiro na Firmenich e contou com a presença da perfumista Honorine Blanc, responsável pelo desenvolvimento do Far Away Infinity. Mas não pude comparecer por causa do trabalho, infelizmente.

Vamos ao perfume? A embalagem já nos é velha conhecida, igual a dos demais ‘Far Away’. A tampa ying-yang desta vez é azul! É um perfumão heim! E em nada lembra o  primogênito da linha.

Recomendo cuidado na quantidade de borrifadas, ele é potente e em alta dosagem pode ficar enjoativo ou invasivo.

Começa com uma nota floral curiosa que eu não soube nomear acompanhada de bergamota suculenta e doce! Daí surgem jasmins belíssimos em profusão, é como se tivéssemos entrado em um jardim secreto repleto deles.

Logo entra em cena a baunilha. Doce sim, mas não com cara de sobremesa. De dulçor adulto e cálido, é provocante e ao mesmo tempo efusivo. É uma baunilha ‘feliz’, dá pra entender?

Nas primeiras horas ele projeta loucamente, super rastro! Depois de umas 4 horas na pele o perfume fica mais discreto e a combinação baunilha/jasmins ganha um aspecto ‘fofo’. Seria capaz de jurar que tem um almiscarzinho ali escondido entre as notas olfativas oficiais.

Perfume bem construído, vai agradar aos mais diversos perfis. Aí está uma prova que um perfume de boa qualidade e boa ‘performance’ não precisa custar uma fortuna.

Far Away Infinity, fique para sempre no catálogo da Avon! Some não, viu belezinha?

Notas de saída: tagete, bergamota.

Notas de coração: jasmim indiano.

Notas de fundo: infusão de baunilha.

Leia mais opiniões sobre ele aqui: http://www.fragrantica.com.br/perfume/Avon/Far-Away-Infinity-35562.html

Daisy, Marc Jacobs

Daisy, Daisy… seu frasco tão bonitinho encerra um perfume tão tolinho… Essa foi minha primeira impressão.

Ele nasceu lá em 2007 e ‘inaugurou’ a categoria de perfumes com pinta de brinde do Lanche Feliz da grife Marc Jacobs (falei de outros perfumes da marca aqui e aqui).

A proposta da marca foi criar um perfume jovem com um toque de elegância e isso de fato foi alcançado! Que bom ver um perfume direcionado ao público juvenil sem ser coberto de frufrus cor-de-rosa ou cheirando a pirulito e frutinhas enjoativas! Isso é louvável no Daisy!

E no final das contas, ele me faz pensar em outro perfume que eu particularmente gosto muito: o Beauty, da Calvin Klein. Eu diria que o Daisy é a versão ‘mirim’ dele…

Enfim, chega de divagações e vamos ao perfume: ele inicia com notas frutais bem agradáveis, cremosas e refinadas! Tem um breve azedinho, coisa de fruta fresca, recém cortada.

Logo surgem flores, tem aqui gardênia e jasmim discretíssimos. Tão discretos que chegam a perder a personalidade. Nada de orgânico ou animálico aqui, só aquela faceta ‘achicletada’, emborrachada e de dulçor ceroso das flores brancas. A violeta é graciosa, empoada e levemente doce. Doce de flor, não de bombonière.

E aí temos quantidades imensas de almíscar com cheiro de amaciante de roupas, aquela coisa limpinha, fofinha, clarinha! Tem umas notas amadeiradas que também trazem esse aspecto de roupa lavada.

Tem baunilha? Tem sim senhor! Mas é bem delicada e com nuance atalcada, nada gourmand.

Daisy tem pontos positivos e negativos. É elegante, é confortável, se adequa a qualquer ambiente, não fala mal de ninguém. Na verdade tem mais aspectos positivos que negativos, visto o atual leque de lançamentos direcionados ao público jovem…

Ele é uma mocinha ainda sem personalidade formada, ainda testando possibilidades e formando opiniões. Tem futuro a menina Daisy, Rainha da Primavera do Baile Escolar!

Notas de saída: morango selvagem, folhas de violeta, grapefruit vermelho.
Notas de coração: pétalas de gardênia, violeta, jasmim.
Notas de fundo: almíscar, infusão de baunilha, madeiras brancas.

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Fonte da imagem: http://favim.ru/image/2622922/

Naturally Chic, Givenchy

Eis um completo desconhecido, ao menos para minha pessoa. Vi o anúncio em um grupo do Facebook, estava no desapego. Fiquei curiosa, o preço estava bom… enfim, hoje ele mora aqui em casa.

E olha, com esse calorão não podia querer companhia melhor! É um perfume fresco, elegante, te acompanha em qualquer lugar e ocasião!

Pesquisando no Fragrantica descobri que ele foi uma edição limitada em 2010. Puxa vida heim, Givenchy! Você, que lança flankers de seus perfumes até a exaustão, vide a linha ‘Very Irresistible’ que tem no mínimo 15 1579849498 variações, foi deixar esse bonitinho como uma edição limitada… tsc, tsc…

Naturally Chic começa com raspas das cascas de frutas cítricas. São limões, laranjas, limas! Tud0 muito fresco, recém lavado com  água cristalina e descascado por mãos hábeis.

Logo aparece uma nuance verde. E verde de planta, daquelas folhagens frondosas usadas como decoração. E se procurar melhor ainda encontra aí uma flor delicada que me fez pensar em rosas ainda em botão.

No final de tudo temos almíscar branquinho e limpinho – aquele que dá impressão de roupa lavada – e um tico de patchouli canforado.

É um perfume que venderia como água no Brasil: fresco, elegante, versátil. Pena ter sido uma edição limitada.

Notas de saída: bergamota, limão siciliano.

Notas de coração: peônia, notas verdes, framboesa.

Notas de fundo: almíscar branco, patchouli, âmbar.

Black Caviar, Paris Elysees

Recebi da Paris Elysees o perfume Black Caviar, que dizem por aí, é a cara do Armani Code. Se é ou não, não posso afirmar, pois não tenho aqui em mãos o Armani para comparar, e nem é esse o intuito da resenha.

Pena que está tão calor, não pude ainda usar o Black Caviar com gosto, com generosas borrifadas! Tive que usar o velho truque da ‘nuvem’ (borrifar o perfume no ar e entrar em baixo da nuvem de gotículas, a fim de espalhar bem e abrandar a potência).

E bota potência nisso heim! É um perfume bem intenso, perfeito para uso noturno!

Inicia com flores de laranjeira, jasmim e sumo de laranja, parece um suco recém feito e naturalmente doce. Interessante como foi ressaltado o lado melífluo das flores brancas e o sumo doce que pode vir de uma fruta cítrica.

Logo surge uma nota aveludada e doce, acho que é o sândalo, que aqui ficou de molho em calda de baunilha.

E tem o mel! Amo mel – na pele e na boca – néctar divino! Aqui ele empresta um toque ora selvagem e sensual, ora confortável e morno.

Se você gosta de perfumes sedutores, vai firme no Black Caviar!