Un Air de First, Van Cleef & Arpels

Com a primavera vem meu desgosto: o calor. Fico molenga, sonolenta, mau humorada, grudenta. Nada cai bem (a não ser sorvete) e escolher perfumes se torna um tormento para quem é, como eu, fã de perfumes bombásticos.

Mas enfim, temos que nos adaptar e encontrar cheiros que nos façam felizes mesmo abaixo do sol escaldante. E entre os meus reencontrei Un Air de FIrst. Esse perfume foi lançado em 2011, um flanker em comemoração ao aniversário do First de 1976.

O frasco vem com um borrifador pêra de cor branca, que orna perfeitamente com o degradê do frasco e com o perfume em si. Pois sim, Un Air de First em minha concepção é um perfume branco. É limpo, virginal, véu de noiva, lençóis secando ao vento.

Começa com notas verdes e aldeídos que dão uma pinta de sabonete luxuoso ao perfume. Depois surgem flores: lírios, rosas brancas, um tiquinho de jasmim pra dar mais ‘sustança’. Pra tirar do campo etéreo e tornar mais humano.

Tem algo frutal – pensei em nectarinas e peras – ambas não muito maduras. Mais verdinhas e crocantes…

Finaliza com vetiver e almíscar com cheiro de amaciante. Em vários momentos Un Air de First me fez pensar em maresia e protetor solar, em cheiro de praia. E embora ele seja um floral de grande delicadeza, depois de 10 horas na pele eu ainda sentia o perfume na dobra do braço…

É um belíssimo exemplo de como uma marca pode ‘rejuvenescer’ um perfume sem torná-lo piegas ou oportunista. É um flanker que vale a pena, mesmo para as pessoas que torceram o nariz pro First.

Notas de saída: gálbano, aldeídos, mandarina, folhas de groselha.

Notas de coração: jasmim, roa, lírio-do-vale, pêssego branco.

Notas de fundo: vetiver, almíscar branco, baunilha, âmbar.

Too Too, Betsey Johnson

Tá, tá, comprei pelo frasco. Mas que culpa tenho eu, olha só que coisinha fofa? Coisa mais poser, meia arrastão e raiozinho no ombro!

Essa poderia ser uma resenha sobre o frasco, que é bem mais interessante que o conteúdo…

Mas vamos falar do perfume: ele é mais um que nos faz lembrar do Miss Dior. isso é ruim? Claro que não, mas já cansou.

Começa com notas frutais azedinhas e um almíscar morninho. As notas médias são flores ainda com o aspecto ‘girlie’ das notas frutadinhas da saída. Tem algo bem sintético e plástico, faz lembrar morango de chiclete. No final tem um patchouli moderninho, doce, picante e cristalino. Tem um tantinho de baunilha que adoça ainda mais as notas finais do Too Too.

Entendam, não é ruim. Só não apresenta novidade, é mais um perfume rosadinho para mocinhas. Esperava mais ousadia , mais glamour, algo até meio kitsch. Isso tudo parou lá no frasco mesmo.

Criado em 2011, suas notas olfativas oficiais são:

Notas de saída: mandarina, maracujá, gengibre, almíscar.

Notas de coração: jasmim, rosa, morango, tuberosa.

Notas de fundo: sândalo, patchouli, baunilha, oud, camurça.

Like This, Etat Libre d’Orange

Complexo falar de um perfume que pertence a outra pessoa… Explico: Like This foi criado por Mathilde Bijaoui em parceria com a bela e nada convencional atriz Tilda Swinton, para a excêntrica marca Etat Libre d’Orange.

Em descritivo de um site especializado diz-se que durante o processo de criação, Tilda desejou para o perfume os cheiros de sua casa: “Os meus cheiros favoritos são os cheiros de casa”. Cheiros que a fariam se sentir reconfortada e segura depois de uma experiência exterior, com o restante do mundo. Queria no perfume o cheiro do gengibre, de mesas de madeira, dos canteiros de immortelle, do sol batendo na estufa de seu avô, dos campos escoceses…

Cita ainda o poeta Rumi, que escreveu o poema abaixo:

“Se alguém quiser saber o que é

o espírito, ou a essência de Deus,

incline a fronte em sua direção,

mantenha o rosto colado

Assim.”

Entendem agora porque digo ser o perfume de outra pessoa? Me parece que Like This une nostálgicas e adoradas lembranças e alguns devaneios de Tilda, e por isso eu jamais poderia falar mal dele, goste ou não do cheiro. Como eu poderia criticar a ‘perfeição engarrafada’ de outra pessoa?

Quando usei o Like This a primeira vez achei que estava em uma cozinha de uma casa de campo, dessas de filme, toda de madeira, com janela aberta para gramados salpicados de pequenas flores brancas e amarelas. Nas outras vezes que usei tive certeza de estar em tal ambiente. E aí ainda imaginei biscoitos assando e em cima de um balcão uma imensa cesta de frutas e vegetais de cores semelhantes: abóboras, cenouras, laranjas…

Que viagem, eu pensei! Mas é isso, sem maiores delongas, Like This me faz pensar em tal ambiente, e sentir cada cheiro que ali exala.

Brincando com o nome do perfume, tal ambiente não é exatamente o da minha imaginação, mas é algo Assim:

A coleção de perfumes de Donatella Versace

“Eu gosto de perfumes e flores” – é uma afirmação atribuída a Donatella Versace, designer italiana. Se ela disse isso na realidade não posso afirmar, mas a questão é que Donatella tem uma coleção de fazer cair o queixo!

Já em 1995, seu irmão, o estilista Gianni Versace a teve como musa inspiradora do perfume Versace Blonde, hoje descontinuado.

Abaixo podemos ver algumas fotos da coleção particular de Donatella:

Donatella Versace Home Perfumes

Vejo perfumes da Molinard na 1ª prateleira, 2º nicho da esquerda para a direita…

Donatella with her perfume cabinet

Donatella Versace Home Guest Bathroom

Vejo Caron… E pensar que esse seria o banheiro de convidados da mansão Versace… Convida eu, Donatella!

Fontes: http://stylefrizz.com/201107/donatella-versaces-home/donatella-versace-home-perfumes/

The damage so far: first quarter 2015 buying poll

Billion Woman Love, Paris Elysees

Formiguinhas e formigonas, toda gente apaixonada pelo Pink Sugar, eis uma novidade dulcíssima!

Billion Woman Love (agora BWL), da Paris Elysees, me fez pensar em uma fusão entre o Pink Sugar e o Prada Candy. Tem como ser mais doce?

Começa com notas frutadas, porém doces. Pensei em laranjinhas kinkan em compota! Aí que aguça mais ainda meu sentido gustativo, aquelas laranjinhas pequenas e carameladas, daquelas que não precisa partir em pedaços, você pode colocar inteira na boca e sentir ela explodindo com o contato de seus dentes… Acho que no final essa é a verdadeira essência dos perfumes gourmands, provocar sensações no paladar…

Depois aparecem algumas notas florais talcadas e bem femininas, cara de cor-de-rosa, sabe?

E as notas de fundo! Na realidade elas aparecem desde o começo, mas depois de uma meia hora do perfume na pele elas resolvem atacar! É caramelo, é baunilha, é açúcar cristalizado do algodão doce! E cada vez que você se move uma nuvem doce presenteia seu nariz! Coisa boa né?

Dura na pele uma eternidade, mais um ponto positivo pro BWL!

Notas de saída: laranja

Notas de coração: notas florais, violeta.

Notas de fundo: caramelo, baunilha, musgos.

Amarige, Givenchy

O nome ‘Amarige’ é anagrama da palavra francesa ‘Mariage’, que significa casamento. Fico pensando como seria a reação do meu marido se no dia do casamento eu estivesse usando o Amarige, ele que sofre de enxaquecas terríveis…

Enfim, reencontrei o Amarige através de uma troca, veio como mimo uma generosa fração do perfume. Ontem e hoje, dias de friozinho e chuvinha aqui em SP, resolvi redescobrir esta bomba floral.

Amarige nasceu em 1991 e foi criado por Dominique Ropion. É um perfume típico dos anos 80, só que nasceu temporão.

Amarige me faz pensar em novelas mexicanas, heroínas dramáticas, vilãs que acordam maquiadérrimas, usam ombreiras, e tem gestos exagerados.

As notas de saída já são impactantes. São notas frutais e florais melífluas, tem um tiquinho de verde para abrandar, mas o truque não funciona tão bem assim. Desde o começo Amarige mostra que veio para causar!

Logo surgem flores, flores, flores intermináveis e tão variadas que fica bem difícil distinguir alguma. De todas as listadas nas notas olfativas oficiais consegui achar a gardênia e a tuberosa, que trazem um aspecto emborrachado e artificial para o bouquet. Aparecem algumas frutinhas doces, daquelas de sumo doce, que atraem abelhas! E o Amarige ganha um aspecto de néctar e mel. E tem o ylang-ylang, que o torna datado e antiquado. Como as ombreiras lembradas lá no começo do texto…

Depois de muitas, muitas horas exalando, Amarige revela notas de fundo doces e amadeiradas. Tem sândalo, baunilha, tonka, âmbar, almíscar sujinho, com cheiro de pele morna.

Mesmo com todo o exagero, eu acho a Amarige um perfume muito bonito! É de uma época icônica da perfumaria, é uma bomba floral ultra-feminina e com aspectos orgânicos, nada de almíscar limpinho de sabão em pó!

É meio felino! Sendo assim, cuidado com as borrifadas, heim? Além de agredir o olfato e espaço alheio, pode sugerir vulgaridade.

Notas de saída: flor-de-laranjeira, mandarina, ameixa, violeta, pêssego, neróli, pau-rosa.

Notas de coração: frutas vermelhas, cravo, mimosa, acácia branca, tuberosa,cassis, gardênia, cássia, orquídea, jasmim, ylang-ylang, rosa.

Notas de fundo: sândalo, fava-tonka, âmbar, baunilha, almíscar, notas amadeiradas, cedro.

Almíscar (Musk)

Almíscar é o nome dado originalmente a um perfume obtido a partir de uma substância de forte odor, secretada por uma glândula do cervo-almiscarado e outros animais e também de algumas plantas de odor similar.

A variedade natural é a secreção do cervo-almiscarado, porém também pode ser extraído do boi-almiscarado, do rato-almiscarado (Ondatra zibethicus) da América do Norte, da ratazana-almiscarada da Índia e Europa, do pato-almiscarado (Biziura lobata) do sul da Austrália, do musaranho-almiscarado, do escaravelho-almiscarado (Calichroma moschata).

No reino vegetal se encontra no ‘almíscar comum’ (Mimulus inoschalus) e na ‘semente de almíscar ou ambrette’ do Hibiscus abelmoschus.

Um grama de almíscar dará um odor característico a milhões de metros cúbicos de ar. Foi generosamente usado pelos califas de Bagdá e altamente considerado entre os árabes. ‘Bolas’ de almíscar foram usadas junto a argamassa durante a construção de algumas mesquitas e sempre que o sol aquece suas paredes o odor emana do templo.

Historicamente, a palavra “almíscar” é derivada do Sânscrito muṣká, que significa “testículo” e refere-se ao segredo fragrante das glândulas apócrinas do veado almiscarado macho (Moschus moschiferus), um pequeno (10-13 kg) e tímido veado que se distingue pelas suas presas, longas orelhas e falta de chifres. Os veados machos usam o almíscar para marcar seu próprio território e para atrair as fêmeas.

O almíscar era o produto principal resultante da caça aos veados. As peles eram subprodutos, enquanto a carne não era utilizada devido ao seu forte cheiro de almíscar. Uma glândula de um animal morto (“umbigo” ou “casulo”) era cortada com um pedaço de pele, e rapidamente submetida a secagem ao sol ou sobre um forno quente. O cheiro durante o processo é de urina. Para serem usados em perfumaria, os casulos eram ensopados em água para remover os pelos e as peles, e então os grânulos de almíscar eram retirados. Depois os grânulos desfeitos em pó eram colocados em infusão em etanol para obter a tintura de almíscar, normalmente 3-5% do seu peso. Por exemplo, Jacques Guerlain e Ernest Beaux usavam tintura de almíscar em vez de puro etanol para a diluição do concentrado em suas fórmulas, como último passo da preparação do perfume.

A melhor qualidade era o almíscar Tonquin do Tibete e da China, seguido pelo almíscar do Assam e do Nepal, enquanto o almíscar Carbadine de algumas regiões da Rússia e dos Himalaias chineses era considerado inferior. Para obter 1 kg de grãos de almíscar, era preciso sacrificar entre 30 e 50 animais, e por isso as tinturas de almíscar eram ingredientes de perfumaria muito caros. No princípio do século XIX, o preço dos grãos de almíscar Tonquin era cerca do dobro do seu peso em ouro. Mas apesar do seu alto preço, as tinturas de almíscar eram ainda usadas em perfumaria até 1979, quando o veado almiscarado foi protegido da extinção pela Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES) e leis nacionais complementares. Hoje em dia, o almíscar natural, em quantidades legalmente permitidas pelo CITES assim como aquele que é vendido ilegalmente, continua sendo usado quase apenas na medicina tradicional do extremo oriente.” (Scent and Chemistry: The Molecular World of Perfumes de Gunther Ohloff, Wilhelm Pickenhagen, Philip Kraft)

Gradualmente o almíscar adquiriu fama internacional como afrodisíaco, quando as caravanas de almíscar indianas e chinesas chegaram aos perfumistas e curandeiros persas, bizantinos e árabes; seu sex appeal e misteriosa reputação cresceram junto com seu preço desde o século VI ao XIX. As atribuídas propriedades rejuvenescedoras e a capacidade de tratar eficazmente a infertilidade e a impotência altamente divulgadas.

Em sua forma pura, a secreção seca tem um cheiro animálico forte e repulsivo, com aromas de amônia que fazem lembrar urina e castóreo. Uma tintura fraca de almíscar permite uma maior exploração, na qual ela mostra a rica variedade de tonalidades adicionais que aparecem quando o cheiro animálico desaparece. Algo atrativo, vivo e viciante aparece depois do repulsivo cheiro de amônia. “Químico” é substituído por “quente” e “natural”; algo forte e pungente é substituído por doce, balsâmico e parecido com couro, e também parecido com castóreo, achocolatado, terroso, atalcado, seco e oleoso, amadeirado, molhado e suado.

Na perfumaria “o termo ‘almíscar’ é uma abstração das complexas impressões odoríferas das tinturas de almíscar natural, especialmente de sua secagem, depois de as partes mais voláteis terem evaporado. Refere-se à tonalidade quente, sensual, doce-atalcada da secagem.” (Scent and Chemistry: The Molecular World of Perfumes by Gunther Ohloff, Wilhelm Pickenhagen, Philip Kraft)

É o cheiro bom, quente, sensual, doce, atalcado, algo como o cheiro quente e úmido da cabeça de um bebê.

Na composição de um perfume o almíscar funciona como agente que equilibra e harmoniza as arestas. Os almíscares tornam a fórmula da fragrância mais limpa e arredondam o perfume; os almíscares dão volume, vida e calor à composição. Provavelmente não conseguiremos encontrar um perfume moderno que não tenha almíscares. Os testes de marketing demonstram que os compradores gostam de perfumes com um alto conteúdo de almíscares sintéticos (normalmente de 10 a 20%, por vezes até mais), por isso os acordes de almíscar são uma parte importante de qualquer fórmula de perfume.

Os almíscares sintéticos apareceram no século XIX por acidente. A descoberta foi de Albert Baur, que queria encontrar uma forma de conseguir um explosivo poderoso e seguro tal como o trinitrotolueno (TNT) em 1888, e conseguiu em vez disso uma substância com um forte cheiro de almíscar, e pode ser considerada um raro sucesso. O “Almíscar Baur” na forma de solução a 10% com um preço de USD $500 por kg (metade do preço do almíscar Tonkin natural) derrubou o mercado do almíscar.

A família dos Nitroalmíscares (Nitromusk) foi mais explorada por Albert Baur com o Ambrette de Almíscar, a Cetona de Almíscar e o Xylene de Almíscar nos anos 1894-1898, e pela Givaudan, que inventou o Almíscar Tibetene, Almíscar Alpha e Moskene. Eles foram a primeira geração de almíscares sintéticos, os almíscares principais na perfumaria até aos anos 1950.

Na verdade, os nitromusks foram a primeira referência do almíscar genérico, a abstração do almíscar com um cheiro quente, doce, atalcado e com um suave toque animal. A Cetona de Almíscar, que foi usada por exemplo em Chanel Nº5, era o cheiro de referência do almíscar, pois ele se parece muito o Almíscar Tonkin.

Os nitromusks foram banidos devido a sua neuro e fototoxicidade, uma alta reatividade que leva à mudança de cor dos perfumes, assim como a sua pobre biodegradabilidade e à acumulação nos organismos. No entanto, os consumidores gostavam realmente do cheiro doce e atalcado dos nitromusks, e algumas fragrâncias lendárias eram construídas com base nos nitromusks, por isso os cientistas tiveram de encontrar algum substituto para eles

Os Nitromusks eram baratos e cheiravam bem. Mas faltava-lhes estabilidade e eles eram reativos, o que tornou o seu uso para a perfumaria funcional (sabonetes, detergentes, xampús, cosméticos) muito limitado. Em 1951, Kurt Fuchs inventou uma substância com um cheiro almiscarado que em 1952 foi comercializada sob o nome de Phantolide. “Phantom” ou “fantasma” é o nome porque Fuchs não conhecia a estrutura desta descoberta; a substância cheirava bem e era estável num meio alcalino, portanto era ótima para detergentes. Quatro anos mais tarde, a estrutura do almíscar era decifrada por outros, e a recém-encontrada estrutura policíclica deu origem à terceira geração de almíscares policíclicos. Assim começou a corrida—pela melhor estabilidade, pelo odor mais agradável, pelo nível mínimo de percepção de odor!

Mencionemos alguns deles: Traseolide, Celestolide/Crysolide, Fixolide/Tonalide, Vulcanolide, Versalide e Galaxolide/Pearlide. Eles tendem a ter um forte cheiro almiscarado, doce, seco e atalcado com tons de âmbar. Eles são muito persistentes e eram baratos – por isso não é de admirar que no final do século XX os almíscares policíclicos fossem cerca de três quartos do total de odorantes de almíscar utilizados!

É preciso notar que entre os odorantes policíclicos existem alguns que têm um cheiro de almíscar tão forte quanto o dos outros denominadores. Por exemplo, a molécula policíclica Cashmeran tem um cheiro complexo com aspectos de âmbar amadeirado, couro e almíscar atalcado. Se chama “caxemira” ou “madeira de caxemira” das descrições dos perfumes.
Em 1975, os cientistas da BASF Werner Hoffman e Karl von Fraunberg anunciaram a descoberta de substâncias aromáticas com um quente e atalcado cheiro de almíscar com toques de fruta e morangos. Foi chamado de Cyclomusk, mas nunca entrou no mercado, porque não conseguia competir com o Galaxolide.

O desenvolvimento do grupo de almíscares alifáticos e alicíclicos (outro nome para linear) foi continuado com a invenção do Helvetolide (um cheiro almiscarado frutado com amoras) em 1990, e 10 anos mais tarde o Romandolide, um delicado almíscar fresco com um lado de bagas e cânfora. Serenolide, Sylkolide e Appelide constituem outros almíscares lineares – a quarta geração de almíscares, e estes podem ser mexidos para serem substantivos ou muito voláteis. O Sylkolide é uma nota de topo almiscarada. Existem umas poucas anosmias em relação aos almíscares lineares, por isso combiná-los com almíscares macrocíclicos evita as anosmias. A combinação de almíscares lineares e macrocíclicos é muito comum, especialmente no chamado “acorde de almíscar branco”, que nos passa sensação fresca e pura, limpeza. Sabonetes, detergentes e uma camisa branca engomada com ferro quente são associações opcionais.

Portanto, o almíscar sintético ideal ainda não existe. Alguns almíscares cheiram bem mas são perigosos e foram banidos; outros são demasiado estáveis e não-biodegradáveis (embora não se saiba se são tóxicos), e alguns ainda são muito caros de manufaturar.

Em Aromaterapia, não se utiliza Almíscar. Por ser a Aromaterapia uma forma terapêutica com consciência e respeito à natureza, ela precisa ser não só natural como também vegetal.

O blog ‘Aloucadosperfumes’ é contra o uso de substâncias extraídas de animais para uso cosmético. Nenhum perfume ou cosmético, por melhor que seja, justifica a morte, sofrimento ou confinamento de um bichinho. 

E viva os almíscares sintéticos!

Texto reproduzido das seguintes fontes:

http://www.fragrantica.com.br/novidades/O-Alm%C3%ADscar-Sint%C3%A9tico-e-o-Natural-1099.html

http://aromais.blogspot.com.br/2010/01/almiscar-esclarecendo-sobre.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alm%C3%ADscar

http://www.operfumistico.com.br/2012/01/musk.html

http://mixdesabedorias.blogspot.com.br/2013/01/almiscar-animal-vegetal-e-artificial.html

Living Lalique, Lalique

Recebi uma amostra através do amigo Henrique. Como grande admiradora dos perfumes da Lalique fiquei curiosa e feliz! Com a imagem de frasco tão belo, com os pássaros dourados e com o descritivo das notas olfativas no interior do cartão que prendia o vidrinho (tem um nome correto para tal aparato onde se encaixam os flaconetes das amostras distribuídas oficialmente pela marca? Se tiver e alguém souber, me conta!), fui experimentar toda empolgada! E não achei tudo isso.

Aí, inconformada, usei a amostra mais vezes, várias vezes, até acabar. E agora que acabou desisti de tentar entender o Living Lalique e resolvi escrever sobre ele assim mesmo…

Não encontrei a grande maioria das notas olfativas descritas em sua composição. Outra coisa, com as notas de saída vêm uma promessa, e essa se perde. Se perde tanto, daquele tipo que você precisa afundar o nariz na pele para captar algo do perfume que você aplicou faz no máximo, 15 minutos. Não é que ‘não fixa’. É que ele é praticamente linear, sem novidades, você fica esperando os pássaros dourados alçarem vôo e nada…

Os primeiros 15 minutos de uso do Living me fizeram pensar no Midnight in Paris e no que viria pela frente! Começa com notas imponentes de sândalo, noz moscada, pimenta e algo brevemente cítrico e herbal. Ai, como me empolguei…

Daí surgem com força a fava tonka e o vetiver, que juntos tem uma ‘vibe’ de mirra, de resina doce e picante.

Depois de algumas horas de projeção discreta aparecem madeiras claras e mornas, (daquela já conhecida de outros carnavais, sem novidades) e baunilha alcoólica, como que um licor.

E para mim acabou aqui. Que pena que não nos entendemos, Living Lalique…

Ah, ele é perfeitamente compartilhável viu?

Notas de saída: bergamota, menta, lavanda.

Notas de coração: noz moscada, rosa, pimenta preta, íris.

Notas de fundo: cedro, ládano, orris (raiz de íris), sândalo, vetiver, fava tonka, baunilha, madeira de Caximira (cashmeran).

Black Sugar, Aquolina

Não é segredo que sou fã do estilo da Aquolina: perfumes divertidos que despertam a gulodice!

Black Sugar foi lançado em 2013 e a primeira informação que tive é que ele era destinado ao mercado do Oriente Médio. Verdade ou não, a questão é que ele demorou bastante para aparecer nas lojas virtuais internacionais e mesmo no Ebay. Enfim, faz uns 15 dias que chegou meu tester do Black Sugar e já usei muitas vezes. Muitas mesmo. Porque ele é interessante e curioso!

O frasco é preto com detalhes em dourado, bem bonito e simples. Logo ao borrifar você sente algo estranhamente familiar: seria pneu? brinquedo novo? uma jaqueta de couro sintético que cheira a borracha? Acredito eu que essa impressão ‘emborrachada’ venha da mistura nada sutil de couro e oud. Aliás, a madeira oud é bem evidente no Black Sugar porém não é onipresente como na maioria dos perfumes que levam a nota. Ela vem envolta em incenso, defumada com doces bálsamos!

E ao lado (em cima, embaixo, por toda parte) tem a faceta doce e gourmand do Black Sugar. Engraçado como a doçura que antes estava ‘abaixo’ do oud e do couro vai ganhando forças, vai submetendo as outras notas e sua vontade devagarzinho. Depois de umas 3 horas na pele você já sente bem a baunilha, o açúcar queimado, as framboesas, o algodão doce!

Black Sugar dura muito tempo na pele, durante a secagem sua doçura fica mais evidente, mas nada invasiva. Fica confortável e arranca elogios!

É um perfume estranho, diferente e delicioso! Vale a pena experimentar antes da compra.

Me fez pensar em um parque de diversões, com todas as suas delícias doces e mecânicas. Tiras de borracha com cobertura de açúcar…

Notas olfativas: oud, baunilha, couro, framboesa, sândalo, mirra, incenso.