Ambre Gris, Balmain

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O que dizer de um perfume tão multifacetado! É feminino? Sim. Poderia ser masculino? Perfeitamente. É doce? É. É amadeirado e resinoso? Também. Tem toques apimentados e “secos”, típicos de perfumes masculinos? Sim, muitos.
Ambre Gris é um espetáculo, já anunciado pela tampa dourada, redonda e texturizada, como se fosse globo de luz para iluminar a noite aprisionada neste perfume. O frasco é sóbrio, de linhas retas e cinzento. Apenas uma etiqueta com seu nome e a casa responsável por ele, a Balmain. Precisa de mais? Ah, a caixa! Branca (mas acho que devia ser preta), aveludada, com encaixe perfeito pra o frasco. 
Ambre Gris me faz sentir dominante! Seu aroma é noturno, aveludado, inquietante, agressivo, selvagem e profundo. As madeiras reinam absolutas e mutantes, ora revelando facetas femininas e sutis, ora masculinas, cheias de virilidade. Durabilidade de aproximadamente 6 horas na pele.
Ambre Gris foi lançado em 2008, e o perfumista responsável pela obra é Guillaume Flavigny. 
Notas de saída: pimenta rosa, bezoin, mirra e canela
Notas de coração: tuberosa, immortelle
Notas de fundo: âmbar, bezoin, madeira guaiac (palo santo) e musk branco.
NADA do produto vindo das baleias cachalote que o nomeia, o âmbar cinzento! Mas acho que o produto final, a combinação de todas suas notas remetem ao precioso produto orgânico. 
Um ode aos sentidos!

 

Métodos de produção de perfumes – Destilação a Vapor

A destilação a vapor é o mais comum método de extração de óleos essenciais, matéria prima para produção de perfumes. É mais comum a utilização deste método para obter óleos essenciais de folhas, sementes, raízes, madeiras e algumas flores, tais como as rosas.

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Algumas flores (como o jasmim) perderiam seu odor devido ao calor e pressão utilizados neste método, que destruiria as delicadas moléculas que constroem seu aroma. Utilizam-se outros métodos então, que veremos em outro momento. Raízes e madeiras precisam de muito cuidado, pois podem queimar antes de liberar seus óleos essenciais

O destilador é constituído de três partes: dorna, recipiente onde o material vegetal é compactado e passa pela ação do vapor, o condensador ou serpentina, onde o material é resfriado e o vaso separador, onde o produto resultante é separado.

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 A destilação a vapor é feita em alambiques onde partes da planta são colocadas. Saindo de uma caldeira, o vapor da água circula através das partes da planta forçando a quebra de suas moléculas e liberação do óleo essencial. À medida que o processo acontece, as moléculas de óleos essenciais evaporam junto com o vapor da água, passando através de um tubo no alto do destilador, onde passam por um processo de resfriamento através de uma serpentina e se condensam. O óleo essencial nesta fase volta a se liquefazer e a se “misturar” com a água. É então separado através de decantação, devido às diferenças de densidade. Lembra das suas aulas de química? Foi utilizado pela primeira vez pelo médico persa Avicena.

Lola, Marc Jacobs

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Hoje vou falar mal de um perfume. Tenho, mas quase não uso e explico o motivo: decepção!

A embalagem de Lola é melhor do que o perfume. Gostosinho sim, mas linear demais, comum, não surpreende. Achei que é um perfume jovem tentando ser maduro. Como aquelas menininhas que se maquiam de forma excessiva para parecerem mais velhas. Lançado em 2009 na trilha do sucesso de Daisy, é criação de Calice Becker, Yann Vasnier, com consultoria de Ann Gottlieb.

Tenta ser sedutor, tenta ser divertido, mas é tão bobinho…

Notas de saída: pêra, grapefruit, pimenta rosa

Notas de coração: peônia, gerânio, rosa

Notas de funda: baunilha, feijão tonka, musk

Suas notas são interessantes na descrição, mas o resultado é simplório, parecido com tantos outros da popular família floral frutal. Nada de novo, além da linda flor de vinil. O típico caso onde você compra o perfume por causa da embalagem.

Aliás, o Marc Jacobs, está se perdendo na trilha do sucesso, dinheiro e mídia. Vende de tudo: chaveiro, espelhinho, caneta, bloquinho de anotação, tapioca. Sendo assim, seus perfumes só terão lindas embalagens, nada além.

Secret Obsession, Calvin Klein

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Suculento segredo encerrado em uma garrafinha de inspiração oriental de tonalidade ambarina. Criado em 2008 por Ann Gottlieb em parceria com a casa de fragrâncias Givaudan, Secret Obsession foi lançado na expectativa de alcançar o sucesso do Obsession dos anos 80. Se conseguiu não sei. Acho que não, pois é um perfume pouco falado, ainda não teve nenhum “Secret Obsession – O Retorno” e hoje acontece muito isso, explorar ao máximo o sucesso de uma fragrância com “filhotes” muitas vezes nascidos as pressas e sem a menor graça… E ainda li críticas negativas de pessoas que sentiram ou compraram tal perfume.
Bom, mas como eu gosto de perfumes exóticos e de personalidade, nada dessas “águas-de-lavar-flor”, então Secret Obsession em conquistou! 
Secret Obsession é um perfume ousado, sexy, apimentado. Nos faz mergulhar em nuvens de incenso, especiarias, frutas maduras e suculentas, impossível resistir a esse segredo!
A embalagem é linda e remete a uma preciosidade: a tonalidade cobre/bronze da caixa, o modo de abrir, o frasco de nuances orientais. E combinam tanto com o cheiro! Secret Obsession é um perfume “escuro”, denso, misterioso, duradouro. Sinto a forte presença da ameixa, da noz moscada e de madeiras nobres além do sândalo, as grandes estrelas do perfume, em minha opinião.
 
Notas de saída: ameixa, rosas, noz moscada
Notas de coração: tuberosa, jasmim
Notas de saída: âmbar, sândalo, baunilha
 
Na minha opinião o melhor e mais ousado Calvin Klein dos últimos anos. Mais do que na hora, para uma grife que inovou com CK One e CK Be, e atordoou com Osbession, era o mínimo que poderíamos querer…

Gloria, Cacharel

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Pergunto-me por que este perfume foi descontinuado. É tão “glorioso”!
Gloria foi criado por Oliver Cresp, e seu nome tirado de uma música dos anos 60. Tenho uma miniatura de 7ml, já pela metade, mas não resisto em abrir o frasquinho e pingar o precioso líquido, mesmo sabendo que vai acabar em breve…
Triste isso de descontinuarem perfumes. Ficamos órfãos de repente, buscando alternativas para ocupar o lugar de nossas amadas fragrâncias. E não é meu primeiro não, fiquei triste quando descontinuaram o Devòtion, da Gabriela Sabatini e tantos outros.
Mas vamos voltar ao Gloria. Faz pensar em Greta Garbo e em Sophia Loren, tais divas ficariam irresistíveis “vestidas” com o Gloria! É um perfume quente, provocante, duradouro e delicioso.
Seu frasco é extremamente simples, de linhas retas e sem adornos. Ele não precisa disso, é sedutor e irresistível por sim só, sem utilizar-se de artifícios visuais para chamar a atenção e despertar interesse…
Notas de saída: amaretto*, hibisco e rosa da Bulgária
Notas de coração: pimenta branca, baunilha, âmbar e flores brancas
Notas de fundo: cerejas, feijão tonka, amêndoas, cedro e styrax.
Recentemente soube que o B-United da Benetton muito se assemelha ao Gloria, estou em busca dele, para ver se ele “tampa” esse buraco no meu coração (a dramática!).
*Amaretto: licor feito na Itália é feito da infusão básica de damascos e caroços de frutas, tais como peras. Apesar de possuir apenas 10% de amêndoas, estas sempre se sobressaem no seu sabor. Sua primeira produção aconteceu em Saronno (1525), em homenagem ao pintor Bernadino Luini. Excelente fonte de informação dobre o Amaretto está no livro “A Dama das Amêndoas” de Marina Fiorato.

Pra não falar que não falei das flores…

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ROSA

A rosa – Rainha das Flores – era muito valorizada na época das antigas civilizações persa, egípcia, hindu, grega e romana. E ainda é nos dias de hoje. A palavra rosa origina-se da palavra grega RODON, que significa VERMELHO.

Na mitologia grega, a cor vermelha das rosas vem do sangue de Adonis, jovem de grande beleza que despertou o amor das deusas Afrodite e Perséfone. Zeus determinou então que elas “dividiriam” o jovem, a partir daí associado ao ciclo de morte e fertilidade, pois passava parte do ano no submundo com Perséfone. Ferido por Ares, deus da guerra e amante de Afrodite, seu sangue tingiu as rosas. Outra versão do mito diz que Afrodite, que corria por entre os bosques para socorrer o seu amante, o jovem Adonis, feriu-se e o sangue que escorria de suas feridas coloriu as rosas brancas de vermelho. 

Em Roma as rosas eram usadas em guirlandas decorativas, em banhos perfumados e produtos de perfumaria. No antigo Egito, Cleópatra usou do poder afrodisíaco das rosas para conquistar Marco Antônio. A Imperatriz Josefina, esposa de Napoleão Bonaparte, cultivava dezenas de espécies de rosa em seu castelo, na França.

A rosa damascena é cultivada na Bulgária desde o século 16 e as flores vermelhas, colhidas manualmente ao raiar do dia, produzem um óleo marrom-amareladas, sendo necessárias cinco toneladas de pétalas desta rosa para se obter um quilo de óleo essencial, destilado a vapor. É o óleo de rosas mais fino e caro do mundo.

A rosa centifolia é cultivada no Marrocos, na França, na Argélia e no Egito. Produz um óleo essencial mais barato, necessitando cerca de duas toneladas das rosas cor-de-rosa para se conseguir um quilo do absoluto (óleo amarelado extraído por solventes, não um óleo essencial puro).

Outras espécies de outros locais do mundo também fornecem bons óleos, mas a rosa centifolia e a rosa damascena são as duas principais. Índia, Turquia, Rússia são outros países produtores de rosa. Na Índia, se costuma destilar uma quantia de pétalas de rosas e com a água resultante destilar rosas frescas mais umas duas vezes, fazendo render cerca de dois litros e meio de attar de rosas. De acordo com a origem, pode-se imaginar o preço final de suas preciosas gotas.

Infelizmente, devido aos altos preços, é muito comum se adulterar os óleos ainda na produção, misturando óleos de primeira destilação com óleos da segunda, terceira ou até quarta destilação.

 Fonte: http://www.aromalife.com.br/index.cfm?uPag=Textos&ID=33

Les Fleurs: Rose, de Molinard

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Um imenso buquê de fragrantes rosas! Que lindo o Rose, da linha Les Fleurs, da Molinard!

A história desse perfume é rica: criado em 1900, logo foi descontinuado, voltou a ser produzido em 1960 e de novo foi descontinuado.  Ressurgiu em 1994, com toda sua glória e esplendor! Suas notas são: rosa chá, rosa damascena, rosa Bourbon, cravo (a flor, não a especiaria), e madeiras nobres ao fundo. Mas sem dúvida as grandes estrelas são as rosas, principalmente a rosa chá, são as notas que se sobressaem do início ao fim, cremosas, vívidas, ricas, sedosas. Tem cheiro de “boneca nova”, mas sem nada de sintético ou plástico, deu pra entender essa minha associação olfativa?

Perfumes feitos a base de uma só flor são conhecidos como soliflore (termo em francês para definir vasos onde se colocam flores solitárias). Les Fleurs: Rose é o melhor perfume de rosas em minha opinião. Só ele é tão fiel à Rainha das Flores…

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Quem gosta do Tea Rose (Perfumers Workshop), certamente vai se apaixonar por essa obra da Molinard, embora eu não goste muito do primeiro por ter odor um pouco sintético, em minha percepção.

Angel, Thierry Mugler

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Amado ou odiado! Copiado até a exaustão! Desde 1992 provocando reações de amor eterno ou repulsa… Eu o amo. Pela inovação, pelo atrevimento de suas notas, pela luxúria que inspira! Desde o belo frasco, até as exuberantes campanhas publicitárias, Angel é pura sedução e objeto de desejo. É quente, doce, diabólico e ao mesmo tempo é inocente e celestial. É invasivo, prepotente, mal educado, viciante! Para mim é uma obra de arte, um perfume de opostos, por isso tão explosivo!
Os pais de tal obra são Oliver Cresp e Yves de Chirin. Thierry Mugler queria que o perfume o fizesse retornar a infância, daí o apelo gustativo do algodão doce, caramelo, chocolate, baunilha e mel.
Pertence a família gourmand, que trouxe para a perfumaria notas de ingredientes culinários, de forte apelo gustativo.
Notas de saída: melão, coco, bergamota, cassia, jasmim, algodão doce.
Notas de coração: mel, pêssego, framboesa, jasmim, lírio-do-vale, rosas.
Notas de fundo: baunilha, caramelo, feijão tonka, âmbar, chocolate amargo, musk e patchouli.
Além das evidentes notas gourmands, o que sinto plenamente em Angel é o patchouli terroso, pungente, quase medicinal, misturado ao mel inebriante…
A duração é perfeita, dura mais de 8 horas na pele. Ganhou o prêmio FiFi Awards de 2007.
Comecei minha história com o Angel com o contratipo da Paris Elyseés, o Blue Note/Blue Spirit em uma segunda “edição”. Por sinal, acho o melhor dos “genéricos” do Angel, não possui a riqueza das inúmeras notas do original mas é bem satisfatório pra quem não quer investir uma pequena fortuna em um perfume.
 
Imagem Só tenho mais uma coisa a declarar: Angel, eu te amo, seu lindo!

Catarina de Médicis, Luís XV e Imperatriz Josefina

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Catarina de Médicis

Catarina de Médicis, quando partiu de Florença para casar com Henrique de Valois, futuro Rei da França, em 1522, trouxe dois perfumistas incumbidos de procurar durante a viagem uma vegetação similar a de Toscana. Encontraram, no sul da França, na região de Provence, a aldeia de Grasse, com suas colinas, rosas e jasmins. Foi assim que nasceu a cidade dos perfumes. Logo a reputação dos perfumes de Grasse conquistou Paris e, depois, toda a Europa. Em 1850 a cidade já contava com 50 perfumarias. Ficou rico e famoso o perfumista de Maria de Médicis (1573-1642), René le Florentin, no século XVII.

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Luís XV

Na corte do Rei Luís XV o protocolo obrigava o uso de um perfume diferente para cada dia da semana. Não precisa de mais para ilustrar a paixão do monarca pela perfumaria.

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Imperatriz Josefina de Beauharnais

A Imperatriz Josefina, primeira esposa de Napoleão Bonaparte, vivia envolta em uma nuvem de almíscar, diz-se que a mesma gastava fortunas em fragrâncias exóticas e marcantes. Tanto é que 60 anos após sua morte, os aposentos e o leito que ocupava no palácio de Malmaison ainda exalavam odor de almíscar, que resistia mesmo após sucessivas lavagens. E pelo jeito precisava mesmo de tanto perfume, uma vez que sabe-se que em uma das mensagens que Napoleão enviou para ela, dizia: “Chegarei a Paris amanhã á noite. Não se lave”.

Bom, depois discutiremos sobre a atração exercida pelos odores corpóreos “naturais”…

CK One, Calvin Klein

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Criado em 1994 por Alberto Morillas e Harry Fremond, CK One é icônico, andrógino, fresco, limpo e peculiar. Como pode um perfume ser tão limpo? Da embalagem ao cheiro, tudo é minimalista, simples, sem firulas! Faz muito tempo que é um dos meus preferidos, adoro perfumes icônicos que marcaram época, são tradução de períodos históricos… CK One é isto, a marca de uma década em busca de purificação e igualdade, depois dos excessos da década de 80, mãe de perfumes tão intensos.

É um mergulho em um lago limpo, fresco, sem muita vegetação em volta, com uma casa de madeira ao longe como testemunha. E claro, você tem que nadar completamente despido.

Pena que não fixa bem em mim, sofro horrores por isso. Gostaria que durasse horas a fio na minha pele…

A campanha publicitária foi estrelada pela top model Kate Moss.

Notas de saída: mandarina, abacaxi, papaya, cardamomo, notas verdes e limão

Notas de coração: noz moscada, violeta, jasmim, lírio e rosa

Notas de fundo: sândalo, musk, musgo de carvalho e cedro

Para meninos e meninas!