Que perfume maravilhoso! Pena que ele foi descontinuado e achá-lo é agora uma caçada digna de Indiana Jones.
Frasco rubro adornado por uma serpente, como seu nome já diz: é problema, é encrenca, é transtorno! E é mesmo: quem o possui fica contado as gotinhas, temendo o dia de seu fim. Que já o possuiu hoje lamenta sua ausência… E quem o ‘sente’ pela primeira vez não fica indiferente. Trouble, trouble…
Inicia com um cheiro curioso, adocicada e ‘farinhento’. Fiquei um tempão tentando associar a alguma coisa conhecida e não consegui. Era aquilo: quanto mais eu tentava associar mais o cheiro me encantava e seduzia… encrenca, encrenca…
Fui descobrir que o tal aspecto empoado-farinhento vem da Genista tinctoria, por aqui conhecida como vassoura-de-tintureiro.
O que ‘domina’ o tempo todo na realidade é o âmbar. Um dos melhores perfumes ambarinos que já senti, sabe porque? Porque ele é âmbar viscoso, borbulha e deixa seus ‘prisioneiros’ escapar aos poucos: ora é o cheiro doce-farinhento, ora é o cheiro do jasmim feiticeiro e narcótico (que me fez lembrar do Poison), ora é algo abaunilhado e escuro, sedutor!
Tem ainda uma nota amadeirada doce e úmida, mas sem aspecto mofado.
E aí fico me perguntando: a serpente que adorna a tampa está ali protegendo o precioso néctar ou está lá para cumprir sua função bíblica e nos fazer cair em tentação?
Bom, comigo a cobra nem precisou usar lábia, me joguei em tal perdição com força…
Nascido em 2004, filho do perfumista Jacques Cavallier.
Notas de saída: limão siciliano, flor-de-tintureiro.
Notas de coração: jasmim.
Notas de fundo: âmbar, cedro.