A*Men Pure Coffee, Thierry Mugler

Aos amantes da sagrada bebida – o café – conto que Pure Coffee foi um flanker, uma edição limitada lançada em 2008 e hoje bem difícil de achar.

E eu, que não gosto de café, mas adoro a ousadia dos perfumes Thierry Mugler, tinha uma amostra do Pure Coffee.

E durante o uso, encontrei tantas notas que não condizem com a pirâmide olfativa oficial que acho que essa resenha vai ficar uma bagunça…

Logo ao passar na pele senti cheiros de grãos de café torrados. Nada de café sendo feito, de café ‘passado’. Cheiro de café em grãos, ou daqueles que nos anos 80/90, comprávamos nas padarias moído na hora, embalados em saquinhos de papel. Lembram dessa?

Depois senti especiarias. Agora sim, esse café está sendo preparado! E a água de seu preparo é na verdade uma infusão de cardamomo e fava-tonka!

Aos poucos a perfume ganha nuances achocolatadas, amadeiradas e picantes. Sim, lá vem o patchouli mais uma vez fazendo um belíssimo trabalho nas criações da casa Thierry Mugler!

Depois de uma hora de uso, encontrei caramelo, baunilha e comecei a achar que o Pure Coffee tinha na verdade cheiro de tiramisu. Ou de um belíssimo pavê no qual foi acrescentada generosa dose de licor de café.

Com umas 3 horas na pele, encontrei em Pure Coffee um breve cheiro de maquiagem, porém, diferente do conhecido acorde rosa-violeta-íris que empresta aspecto empoado e boudoir aos perfumes. Coisas do vetiver e do patchouli!

E volta e meia ao sentir o perfume na pele vinha a memórias dos grãos de café torrados.

Senti muito do A*Men tradicional nele, mas não posso negar que o tema ‘café’ foi bem colocado neste flanker. Aposto que deixou saudades em muita gente…

Foi criado por Jacques Huclier, e suas notas olfativas oficiais são: patchouli, almíscar, café, vetiver, cedro.

E como vendem ele caro no Ebay!!!! Chega a R$ 1.281,00!!!!

Entrevista com Blogueiros – Ego in Vitro

diana

Eis que o querido Daniel Barros teve a idéia de entrevistar blogueiros para seu excelente site, o Ego in Vitro!

E hoje saiu a entrevista da louca que vos fala!

Confira aqui!

Obrigado, Daniel, pela experiência e consideração!

E não deixe de ler as demais entrevistas, estão todas ótimas!

Ultra Sexy, Avon

Tempos de crise, dólar nas alturas e eu doida por um perfume novo. Andei lendo por aí que o fofíssimo Ultra Sexy da Avon é um tesourinho baratinho, então fui atrás dele. Trabalho no centro da cidade e por aqui tem muitas lojas da Avon que fazem pronta entrega e ainda dão desconto de quase 30%! E daí que comprei um por R$ 22,50 na campanha 17. Tá bom né?

A caixa é bem bonita, decorada por dentro e por fora. O frasco é uma fofura, um mimo! Não tem tampa, mas sim uma travinha no borrifador, justamente onde fica presa a rendinha preta que o enfeita.

E olha que chique, foi criado por Frank Voelkl, nariz de muitas outras fragrâncias pra lá de famosas (inclusive o famigerado Egeo Dolce…).

Depois de pegar o vidro, fazer voz de criança e falar: “ai que cuti-cuti-cor-de-rosa-coisa-fofa“, experimentei o Ultra Sexy. Que de ultra sexy não tem muita coisa. É um perfume floral frutal, bem juvenil e alegre!

Começa bem doce, parece que vai ser um petardo enjoativo, mas não. Logo abranda na pele e fica doce na medida certa. Suas notas iniciais são frutas doces bem maduras, equilibradas pelo frescor-azedinho do maracujá. As flores aparecem em seguida com cheiro artificial de chiclete ou produto de banho, junto com suco de pêssego de caixinha, docinho e cremoso.

As notas finais são ambarinas e depois almiscaradas. E ainda aparecem aqui as flores com cheiro de shampoo!

Tem uma parte ruim nele, a duração na pele é pequena, menos de 3 horas.

E em muitos momentos ele me fez pensar nas maçãs da Nina Ricci, mas não sei precisar qual.

Enfim, o Ultra Sexy é um verdadeiro achado BBB: bom, bonito e barato!

Notas de saída: pêra, maracujá, bergamota.

Notas de coração: magnólia, peônia, pêssego.

Notas de fundo: madeiras, âmbar, almíscar.

Liquidnight, A Lab on Fire

Eis um perfume que me deixou confusa: assim que passei na pele fiquei surpresa e encantada! Depois de 1 hora eu achei uma mesmice e não dei mais bola. Aí a baunilha adquiriu ares de marron glace e lá fui eu suspirar novamente pelo Liquidnight…

Enfim, embora seja um perfume muito bem feito e de qualidade inegável, remete a muitos perfumes já vistos, principalmente na perfumaria masculina. Isso é bom, por lembrar perfumes queridos e de grande sucesso e é ruim, por não apresentar a ‘inovação’ que eu sempre espero em um perfume de nicho. Embora isso seja uma idéia boba, não é porque é de nicho que tem que romper conceitos e trazer sempre inovações… bobagem da minha cabeça!

Liquidnight começa com notas cítricas e especiarias. Logo surge uma nota de incenso doce, esfumaçada, levemente ‘queimadinha’. É deliciosa! Depois de um tempo na pele, aparece um nota polvorosa de lavanda! Essa lavanda é bonita, viu? A parte herbal e verde da lavanda ficou em outro lugar, aqui somente a parte adocicada e macia! Soa quase amanteigada!

Aos poucos surgem a baunilha e a seiva de madeira. E o tempo todo, ao fundo, queima o incenso precioso!

É um belo perfume, perfeitamente compartilhável, de ótima qualidade. Mas eu não pagaria os $110 que são por ele cobrados.

Criado em 2012 por Carlos Benaim, são suas notas olfativas: bergamota, limão tahiti, açafrão, sálvia, lavanda, madeira Hinoki, baunilha, incenso, almíscar.

PS: agradeço a amiga Andréa Faria por ter cedido tal amostra!

Ofresia, Diptyque

Criado em 1999 pela perfumista Olivia Giacobetti para a aclamada casa Diptyque, Ofresia é um perfume floral delicadíssimo, amanteigado (aliás, muitos dos perfumes da Olivia Giacobetti me dão essa impressão, de algo amanteigado), discreto e elegante.

Tem cheiro de banho em de tina de madeira, em meio a um cenário campestre. É água, sabonete, flores brancas desabrochando em touceiras, utensílios de madeira molhados.

Começa com uma nota picante e quase agridoce. Rapidamente surge uma nota floral amanteigada, fresca e vívida. E no final tem nuances amadeiradas.

É um perfume bonito, em sua simplicidade. O ruim dele mesmo é a durabilidade, o tempo que ele faz companhia para sua pele é bem pequeno. Em mim, no máximo 3 horas, exalando bem a flor da pele, tem que ‘enterrar o nariz’ para buscá-lo.

Sendo assim, com poucas notas olfativas, sem grande evolução e com pouca durabilidade na pele, fica complicado falar mais sobre ele.

Notas olfativas: pimenta, frésia, notas amadeiradas.

Fresh Couture, da Moschino e Karl Marx

A Moschino é uma casa de design de moda italiana e começou em 1983 pelas mãos de Franco Moschino. Em 2013 o estilista americano Jeremy Scott assumiu a direção criativa da marca.

A questão é: mesmo antes de Jeremy Scott a Moschino já era um tanto quanto atrevida e inovadora em suas criações, inclusive os frascos dos perfumes.

Lá em 1987, quando surgiu o primeiro perfume da marca, a propaganda já era ousada: trazia uma modelo bebendo o conteúdo do frasco com um canudinho. Estaria ela absolutamente viciada no perfume a ponto de ingeri-lo? Muitas podem ser as interpretações…

Em 1995 veio o Cheap & Chic e seu icônico frasco ‘Ollivia Palito’. E embora ache o frasco belíssimo e genial, acho que ali os perfumes da marca venderam a alma para a famigerada e necessária Cultura Pop. E isso foi bom? Ô, se foi!

A Moschino sempre me faz pensar naqueles cintos com o nome da marca usado até a exaustão nos anos 80/90. Tão kitsch quanto as atuais capinhas de celular da marca, que reproduzem batatas fritas, espelhos, ursinhos e por aí vai… Quer dizer, a marca sempre teve o apelo bem humorado, excêntrico e com certa dose de crítica social.

O que dizer do perfume Toy, cujo ‘frasco’ é o corpo de um ursinho de pelúcia e a cabeça a tampa? Só não gosto do fato de ter que ‘decapitar’ o ursinho fofo cada vez que for usar o perfume. E aí eu penso: será que diariamente pensamos em quem temos que, mesmo que simbolicamente, agredir para realizar nossos desejos de consumo? Aí não falo só de outras pessoas não, entra o meio ambiente, os animais, tudo isso!

Teria ela agora passado dos limites? Não falo dos desfiles da marca onde a inspiração veio da Barbie ou do McDonald’s não! Falo dos frascos do perfume mesmo. Seriam agora os fetiches da escola marxista? Para a escola marxista, o fetiche é um elemento fundamental da manutenção do modo de produção capitalista. Consiste numa ilusão que naturaliza um ambiente social específico, revelando sua aparência de igualdade e ocultando sua essência de desigualdade.

O fetiche da mercadoria, postulado por Marx, opõe-se à idéia de “valor de uso”, uma vez que este refere-se estritamente à utilidade do produto. O fetiche relaciona-se à fantasia (simbolismo) que paira sobre o objeto, projetando nele uma relação social definida, estabelecida entre os homens (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fetiche).

Se for assim, é muito válido pensar mais sobre o último perfume da marca, o comentado Fresh Couture e seu frasco imitando um produto de limpeza. Segundo a própria marca: “O conceito para esta fragrância era justapor o mais mundano e comum de todos os produtos, o produto de limpeza, com algo tão precioso a fragrância de uma marca de luxo. Tomando a iconografia de uma garrafa que não tem valor aspiracional e usando-o como a inspiração para um vaso para conter algo tão luxuoso e de alta-costura, cria a dicotomia final de barato e caro. O que poderia ser mais Moschino do que isso?

Sendo assim – embora ache o frasco medonho – a idéia é genial. E nos fará refletir sobre nosso hábitos de consumo, aos valores atribuídos aos produtos e objetos de desejo.

24 Faubourg Eau Delicate, Hermès

Faz um bom tempo que troquei um Lola boboca pelo 24 Faubourg Eau Delicate, perfume criado em 2003 pelo festejado Jean Claude Ellena, perfumista exclusivo da Hermès.

E até então poucas vezes dei atenção a ele. Coisa doida, as vezes a gente tem perfumes maravilhosos que ficam ali no cantinho do armário, enquanto desejamos avidamente por novidades… Vivo fazendo isso, mas juro que de agora em diante tentarei promover mais ‘reencontros’ com meus perfumes, vou me apaixonar por eles novamente!

E hoje cedo o crush foi o 24! Assim que ele ‘pousa’ na minha pele me faz lembrar de um protetor solar que eu usava na infância, o Delial Baby! Que cheiro nostálgico e delicioso!

Logo aparecem notas florais arejadas, aqui trazem a sensação de ter um ventinho batendo na pele. Na minha concepção tinha frangipani, jasmim, flor-de-laranjeira, gotinhas de limão e uma nota folhosa, me fez pensar em folhas sendo quebradas e esmagadas entre os dedos.

Quando li suas notas oficiais, fiquei surpresa ao encontrar o louro! Esse mesmo, que a gente usa na cozinha! E tive acesso a outra memórias de infância: quando eu ia com minha vó em uma rua onde tinha um pé de louro para ‘roubar’ uns galhos!. As folhas mais novas (ainda vivas, nada daquela coisa seca que achamos na feira e nos mercados) tinham sim um cheiro que beirava o adstringente do limão!

As notas finais são macias e reconfortantes: sândalo e almíscar discretos, limpos, daqueles que nos fazem pensar em lençóis brancos bem lavados e passados. Exatamente, o almíscar aqui tem cheiro de roupa passada!

Engraçado que é classificado em site especializado como um perfume oriental floral. Para mim está longe disso. Para mim ele é um floral verde que combina lindamente com o verão, isso sim!

Notas olfativas: almíscar, jasmim, flor-de-laranjeira africana, gerânio, sândalo, folhas de loureiro.

 

 

Blanc, Courrèges

Antes de mais nada, quem foi André Courrèges?

Engenheiro civil por formação, ele trabalhou por dez anos na Balenciaga antes de fundar sua própria casa de alta costura, em 1961. Em 1964, lançou sua coleção Space Age, inspirada na ‘Era Espacial”. Em 1965, sua coleção revolucionou a alta costura, contribuindo para o sucesso da minissaia. Courrèges lida com comprimentos mais curtos, materiais e formas ousadas, como botas e roupas em PVC. Alavancou o uso do branco com seus famosos vestidos nesta cor.

Em 1972, foi convidado para criar os uniformes oficiais Jogos Olímpicos de Munique. No mesmo ano lançou seu primeiro perfume: Empreinte. Em 1995, ele contratou Jean-Charles de Castelbajac para projetar duas coleções sob sua liderança visionária. A colaboração anunciou uma longa saga entre o criador e a maison de moda. Em 2011, vendeu sua grife para  investidores.

    

Que máximo né? E a marca é tão pouco divulgada aqui no Brasil, poucos conhecem os perfumes da Courrèges. Eu mesma só fui dar de cara com o Blanc em um desapego. E agora estou procurando outros da marca.
Blanc foi lançado em 2012, quando a marca retomou suas atividades no ramos da perfumaria. neste ano também trouxe de volta os clássicos Empreinte e Eau de Courrèges.
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O frasco é bem bonito, e me arrisco a dizer que sua inspiração vem lá da tal coleção Space Age. Não parece uma lua?
Blanc começa com um cheiro talcado de maquiagem, levemente datado. Diria que ele tem a aura da elegância ousada dos anos 70, daqueles vestidos de formas geométricas!
Suas notas médias reforçam ainda mais o aspecto polvoroso, mas agora equilibradas com rosas frescas que tornam o perfume mais leve e arejado.
As notas de fundo são ambarinas e almiscaradas. São adocicadas e picantes. E aqui o Blanc se torna mais maduro, seguro de si e dono de grande elegância.
É de fato a cara das moças dos anos 70, que tiveram coragem de ir as ruas de minissaia, decidiram tomar anticoncepcional e se renderam aos Rolling Stones. E tudo isso sem parecer hippie.
Notas de saída: íris, lichia, pimenta rosa.
Notas de coração: íris, heliotrópio, rosas.
Notas de fundo: âmbar, patchouli, madeiras, almíscar branco, raiz de íris.