O sorriso da Monalisa…

Sentiram minha falta? Gritem: siiiimmmmmm! Pois então, aloucadosperfumes também é trabalhadora, assalariada e tem direito a férias! Fui com meu amado para Foz do Iguaçu (lugar maravilhoso, se tiverem oportunidade de ir não hesitem!) e claro, demos um pulinho na Argentina e no famigerado Paraguai. Lenda urbana que as coisas lá são em conta viu… nas lojas ‘de família’ que fomos os perfumes estavam caros frente ao que eu esperava. Exemplo: L de Lolita Lempicka de 50ml por 60 dólares. No Duty Free da Argentina pior ainda, estava 80 dólares… E outra: lero-lero. Sim, conversa fiada. A exemplo, um vendedora me disse que quando é EDP, é perfume mesmo. Se é EDT, misturaram com água e por isso é mais barato. Alguns vendedores são gentis, outros mal educados, alguns tentam a todo custo empurrar goela abaixo contratipos e imitações, presentes na grande maioria das lojas, mesmo nas conceituadas… Tem que ter paciência! Mas no geral é como na 25 de março: tem que garimpar, ter bom humor, disposição pra bater perna. 

Mãos vazias de perfumes, eis que nos deparamos com o famoso Shopping Monalisa. E descendo uma das escadas, dou de cara com uma vitrine-museu, com raridades perfumísticas em exposição! Quase tive um colapso! Tirei tantas fotos que meu marido avisou que um segurança estava vindo, seria melhor eu parar… bom, parei, não queria problemas com o paraguaio, mas consegui essas fotos! Espero que gostem! Não é de enlouquecer? Ah, o térreo é só perfumes e cosméticos. E preços mais camaradas: Juliette Has a Gun de 50ml por 71 dólares… 

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Muscs Koublai Khan, Serge Lutens

Ele veio no último lote de amostras dos perfumes que recebi da Consultoria do Daniel Barros, da Ego in Vitro. Ô menino que sabe escolher perfumes baseado nas suas características pessoais e opções! Minha cara, esse Muscs! Acertou em cheio! 

E vamos ao mais belo dos almíscares…

Logo ao passar me senti em um lugar gelado, de ventos cortantes, desses que pedem roupas pesadas. Também pensei em algo viril, forte e até mesmo brutal. Seria um viking ou um saxão? Leônidas ou  Xerxes? Alexandre, o Grande ou Júlio César? Heitor ou Aquiles? Gênghis Khan? Enfim, acho que deu pra entender a alma do perfume né?

Começa sujo, couro amolecido pelo uso, suado. Cheiro animálico, sementes quase enteógenas, flores encardidas, amassadas e um fundo doce ‘de pele’, cheiro do pescoço do homem amado ao acordar…

E depois de muito tempo de selvageria e virilidade (não em questão de gênero – mas de potência – aqui não existe masculino ou feminino, nessa Terra de Gigantes…), o guerreiro se acalma. Chega em casa depois de longa jornada, abraça a esposa que cheira a flores e beija os filhos de pele rósea e abaunilhada. Tira o pesado casaco e se aproxima da lareira. Sorri, feliz por ter retornado ao lar. 

De almíscar sujo e orgânico passa a algo macio e confortável, como um abraço de alguém familiar e desejado… Por isso digo: é o mais belo dos almíscares!

Foi criado em 1998 por Christopher Sheldrake e suas notas são: civeta*, ládano, almíscar*, rosas, ambrette, âmbar, patchouli, baunilha, alcarávia (cominho). 

*Infelizmente, pelo que li, Muscs KK utiliza em sua formulação almíscar e civetta de origem animal. Deixo claro que sou contra a utilização de tais produtos extraídos de animais na cosmética ou em qualquer segmento, mas aqui a discussão não é essa. Aqui falo de perfumes, e não tenho como negar a excelência de tais ingredientes… 

 

Jasmin et Cigarette, Etat Libre d`Orange

Em um certo grupo de admiradores de perfumaria do Facebook, aos domingos, o generoso Daniel Barros – consultor da Ego in Vitro – realiza gincanas. Os prêmios sempre são perfumes de qualidade indiscutível. E numa dessas, tive a sorte de ser premiada com o exótico Jasmin et Cigarette, da Etat Libre d`Orange.
J et C (podemos chamar assim?) é estonteante. É perfume de coisas novas (a princípio), e explico o motivo. Logo que passei senti o cheiro se chá preto. Não feito, fumegante na xícara. É o aroma de quando abrimos a caixinha, da planta seca e triturada, aromática, convidativa.
Logo foi envolta em uma nuvem de jasmins frescos, recém desabrochados. Ainda não maduros, pouco animálicos, cheiro de jasmim-verde, jasmim-menino, que ainda não cresceu. Junto com tal jasmim-infante, vem cheiro de cigarro. Fumaça? Não. Quem fuma ou convive com fumantes vai entender: sabe quando a gente acaba de abrir o maço? Aquele cheiro de tabaco, papel, da caixinha dos cigarros.
E tem damascos secos nele. Desidratados, porém macios, carnudos, de doçura sutil.
Sem timidez ou indecisões, J et C cresce. Fica adulto assim de repente, perde a inocência infantil sem nem sequer passar pela adolescência. Num passo está mulher/homem feito.
De repente o chá está pronto, morno, com um torrão de branco açúcar derretendo preguiçosamente no fundo da chávena. O cigarro está aceso e foi dada a primeira baforada. O jasmim está pleno e cheio de malícia disfarçada em pétalas pequenas e brancas. Florzinha mais desavergonhada esta! Veste-se de noiva e comporta-se como vedete…|
 
O damasco virou exótica torta temperada com cominho e fava-tonka. E ainda está presente nesta mesa um aroma verde penetrante e seco, gramíneo, familiar e estranho ao mesmo tempo: feno! Feno e alfafa, leve cheiro de pasto…
J et C é uma linda e ousada obra da perfumaria! Tem uma dualidade claro-escuro bem interessante: é fresco e limpo, é obscuro e lascivo. É a cara da Marlene Dietrich!
Foi criado em 2006 por Antoine Maisondieu, e suas notas são: jasmim, damasco, fava-tonka, tabaco, almíscar, cedro, feno, cominho, âmbar.
Uma recomendação: quer saber qual é o perfume certo para você? De acordo com seus gostos e personalidade? Eis o serviço prestado pela Ego in Vitro! Vale a pena conhecer!

 

Boss Bottled Sport, Hugo Boss – amostras cortesia da Perfumaria Aromatta

Fiz um teste: mostrei o perfume para 4 amigas. Todas gostaram e disseram que se atrairiam por um homem que estivesse usando tal perfume. Duas disseram que usariam. Começou bem!
Eu gostei dele, sou grande fã de perfumes masculinos deste gênero. São leves sim, mas dão uma vontade de grudar no cangote e sentir bem de perto…
Boss Bottled Sport (BBS, pode ser?) veio no lote de amostras que recebi da Aromatta, foi lançado em 2012 e teve como garoto-propaganda o piloto Jenson Button.
Abre com notas críticas levemente doces e suculentas e aldeídos que dão profundidade, que as tornam menos fugidias. 
Logo aparece uma lavanda tranquila e limpa, com cheiro de banho tomado. Nota especiada que eu achei ser gengibre (mas é cardamomo) dá uma aquecida na composição e prepara o terreno para um vetiver lavado e tímido.
Perfume para dias quentes, para práticas esportivas, para pós-banho.
 
Notas de saída: grapefruit (toranja), aldeídos.
Notas de coração: lavanda, cardamomo.
Nota de fundo: vetiver.
 

Anglomania, Vivienne Westwood

Adoro trocar amostras com pessoas também entusiastas da perfumaria. A parte ruim é que as vezes o violume delas fica grande e uma hora eu já não consigo lembrar quem mandou o quê. Mas tenho quase certeza que o Anglomania veio da Ju Toledo.
Tinha grande curiosidade sobre tal perfume. Usei uma vez, outra, uma terceira… e pra dizer a verdade, acho que ele me decepcionou. Não que seja ruim, é bonzinho, mas já senti muitos semelhantes a ele. Nada de novo.
Rosas, muitas rosas. Violeta empoada. Um toque de couro e alguma especiaria pra dar uma apimentada. Fundo ambarino discreto.
Esperava rebeldia maior em um Vivienne Westwood. O resultado é um perfume bem feminino, elegante, moderado. Não tem arroubos apaixonados ou sensuais, como o vermelho do frasco sugere. Não tem a agressividade sujinha do couro dos guerreiros saxões do passado ou dos punks ingleses.
Abre com rosas antiquadas salpicadas de noz-moscada e cardamomo. Daí chega a violeta empoada e vestida a lá Luis XV, toda cheia de babados. Depois de um tempo de feminices a rosa e a violeta resolvem levantar as saias de anquinhas e revelam que por baixo usam calça de couro fino apertadinha – básica e nada fetichista –
coisa de patricinha-rocker (ai, que termo terrível, perdi 2 anos de vida ao escrever isso, mas foi o que encontrei pra definir o couro do Anglomania).  E essa foi a máxima rebeldia do Angomania.
Ainda aparece uma baunilhinha timidazinha, um ambarzinho sonolento. É só pessoal, podem voltar pras suas casas, o show da Avril Lavigne acabou.
Foi criado por Dominique Ropion e lançado em 2005.
Notas de saída: chá-verde, cardamomo, cominho.
Notas de coração: rosas, violeta, noz-moscada.
Notas de fundo: couro, baunilha, âmbar.
Ah, Vivienne… Sid Vicious, Malcolm McLaren e eu mandamos um muxoxo pra você.
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O que eu gostaria de saber quando comecei a me interessar por perfumes?

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Segundo post coletivo dos blogs perfumados! Que bom! É bem gostoso prosear sobre o mesmo tema, com diferentes pontos de vista e opiniões…
Agora me pergunto: o que eu gostaria de ter sabido qdo comecei a me interessar muito por perfume? Serei direta:
– a valorizar mais qualidade do produto e menos a atratividade do frasco;
– a não comprar porque o preço está bom ou porque está em promoção;
– a não se deixar levar por opinião de amigos, parentes, vendedoras… geralmente não ornam com meu gosto.
Mas principalmente, quando eu comecei a gostar muito de perfumes (isto é, desde que eu me conheço por gente), eu queria mesmo era ter dinheiro. Faz falta viu… depois das fases perfuminho infantil – presente de aniversário – ou demais datas festivas – vindos de perfumarias nacionais, catálogos ou farmácias (vulgo ‘semedão’) – cheguei na fase em que minha parca fortuna só permitia acesso aos contratipos da Paris Elysées, Paris Club, Jordache e Jean Philippe. Já viram? Eu mostro:
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Sabe como é, faculdade, primeiro emprego foi  no shopping, a vida era dura. Mas mesmo assim, volta e meia eu puxava e esticava pra depois de uns 3 meses comprar um frasquinho de 30 ml nas lojas honestas da 25 de março…
Desde então a vida melhorou, obrigada! E eu aprendi a ser mais seletiva e não  me deixar levar pro promoções e embalagens bonitas. Aprendi um pouco sobre importação e a mexer no Ebay… geralmente – mesmo com as temidas taxas – acaba compensando.
Aprendi a ‘cheirar’ o perfume através das notas olfativas divulgadas. Imagino a combinação, leio resenhas sobre. Ajuda muito na hora da ‘compra ás cegas’.
Recentemente aprendi outra coisa valiosa, desta vez sobre a perfumaria de nicho, tão aclamada: nem tudo que reluz é ouro. Muitos perfumes ditos ‘de nicho’ não velem meia pataca. E daí então venho aprendendo a gastar meu rico dinheirinho com mais propriedade. Marcas de nicho que ‘me jogo’ sem medo: Les Nereides, Serge Lutens, L’Artisan Parfumeur, Parfums Del Rae.
E tenho muito, muito a aprender ainda… vamos em frente!
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Limão Siciliano, Phebo

 

ImagemViram que a Phebo agora está no Fragrantica como perfumaria de nicho? Arrasou heim…

Mas a marca tem história e produtos de grande qualidade, merece a honraria. Segundo informações do site da marca: “Em 1930, os primos portugueses Antonio e Mario Santiago fundaram em Belém – no coração da Amazônia – a Phebo. Com o sonho de criar um sabonete brasileiro à altura dos melhores do mundo na época, mergulharam a fundo nas essências naturais da região e descobriram uma mistura perfeita. O famoso e insubstituível sabonete de formato oval, transparente e preto, rapidamente chegou à casa de milhões de brasileiros”. O sabonete era à base de glicerina, perfumado além de luxuosamente embalado, inspirado no Pear’s Soap (um sabonete inglês muito popular lançado em 1789). Diversas essências naturais da região foram pesquisadas, até obterem uma fórmula que combinava essência de pau-rosa da Amazônia e mais 145 ingredientes, como sândalo, cravo da Índia e canela de Madagascar, entre outras.

O sabonete, lançado oficialmente no mercado com o slogan “sabonete de charme inglês”, recebeu o nome de PHEBO por causa do Deus do Sol da mitologia grega que irradia calor e energia, simbolizando assim o nascimento de uma nova era da perfumaria brasileira (informações retiradas daqui: http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/10/phebo-odor-inconfundvel.html).

Hoje a marca pertence a também tradicional Granado, e sim, eu acho que são digníssimas representantes da cosmética e perfumaria nacional!

A linha de colônias Mediterrâneo chamou a atenção logo que vi nas perfumarias aqui perto do meu trabalho. Embalagens bonitas, preços convidativos, cheiros simples, diretos e bem elaborados. Eu, que não sou muito fã de aromas cítricos, caí de amores pelo Limão Siciliano. Ou Toscano. Ou do interior de São Paulo. Ou de qualquer lugar de temperatura alta e sol inclemente. Ele é um oásis de frescor, chega a ser gelado na pele! E acreditam que eu ainda não comprei o bonito? Já fui 5 vezes na perfumaria que deixa os ‘provadores’ jogados na prateleira, e daí eu faço a festa!

Segundo informações coletadas por aí, sua pirâmide olfativa é essa:

Notas de saída: artemísia, bergamota, pimenta-preta, alecrim.

Notas de coração: jasmim, limão siciliano, violeta, rosa.

Notas de fundo: madeiras nobres, almíscar, patchouli.

Logo que entra em contato com a pele causa uma sensação quase gelada, fresca, deliciosa! Somos tomados por delicado aroma de cítricos isentos de doçura e ricos em sutileza, com toques herbais. Não sinto aqui o ‘amargor’ da artemísia não, mas o frescor ‘picante’ do alecrim, de folhinhas de menta, talvez algo de capim-limão.

ImagemDaí vem o Limão-Rei, todo dourado e brilhante, perfumando os locais por onde passa! Acompanha o monarca flores discretas, atalcadas. Nada de arroubos animálicos do jasmim ou antiquados das violetas, viu?

O fundo dele é um amadeirado sutil, ainda entremeado das nuances do limão…

Coisa linda essa colônia! E é do Brasil-sil-sil!

 

 

 

 

Madame Grès, Grès

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Já falei um pouco sobre a icônica Madame Grès aqui, e hoje falarei sobre o perfume homônimo que a homenageia.

Começo falando da caixa. Minimalista, elegante, luxuosa. Trás impresso em ambos os lados um vestido, reproduzindo as criações que marcaram o nome de Mdme. Grès na história da moda: tecidos drapeados que eram verdadeiras esculturas.

O frasco é sóbrio, de linhas retas e espartanas. Não quero comparar não, mas tanto a caixa como o frasco me fizeram lembrar da perfumaria Chanel…

Bom, vamos ao perfume. Considerado Oriental Floral, foi criado por Sidonie Lancesseur e apresentado ao público em 2013. Abre com cítricos explosivos e vibrantes e me fez pensar em uma laranja inventada, conceitual e de cor fluorescente. Depois aparecem flores clássicas e delicadas polvilhadas com cardamomo doce-picante. E como ele deixou as notas florais mais bonitas! Deu tanta personalidade, calor e vivacidade! As notas de fundo são mais discretas do que eu gostaria. Aliás, o que está acontecendo com a ‘base’ dos perfumes recém-lançados? As notas prometem tanto e o resultado é róseo, adocicadinho, a flor da pele… Isso me decepciona… Queria couro de jaqueta e bota, não detalhes de pelica em bolsinha de festa…

Entendo que o perfume homenageia a elegância e atemporalidade das criação de Madame, mas olha só: uma mulher que colocou no mercado o ambíguo, ousado e provocante Cabochard certamente acharia tal edição comemorativa muito tímida.

Imagem“Podia ser melhor, heim?” – diria Madame Grès para as notas de fundo do perfume em questão…

Mas mesmo com essa base bobinha e pouco valorizada eu gostei dele. A ‘fluorescência’ de seu início me seduziu por completo… É moderno e clássico ao mesmo tempo, bonito, vai transitar com facilidade entre fãs da perfumaria de todas as idades.

Notas de saída: abacaxi, graperfruit, cardamomo.

Notas de coração: magnólia, peônia, frésia.

Notas de fundo: sândalo, patchouli, couro, baunilha.

Segue aqui imagem do ‘drapeado furioso’ de Madame Grés. Como pode, tanta delicadeza e tanta força em um só vestido? Como pode ser tão diáfano e ao mesmo tempo tão meticulosamente, diabolicamente calculado e esculpido? É magnífico! E por isso acho que o perfume que homenageia tal arte devia ter base mais ‘firme’, entendem? Mas apesar disso, é um belo perfume. Boa fixação, projeção ‘elegante’. Vale a pena conhecer!

 

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“O perfume na ficção de Clarice Lispector”, de Juscilândia Oliveira Alves Campos

 Já falamos sobre Clarice Lispector (a escritora, viu? Não a do Facebook, a qual atribuem centenas de frases e citações diárias).

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Segue link de um artigo sobre a importância do perfume em sua obra literária: http://www.inventario.ufba.br/11/o%20perfume%20finalizado.pdf

Além da temática e discussão do texto, temos maravilhosos trechos como este, de “A Descoberta do Mundo”:

“As rosas silvestres têm um mistério dos mais estranhos e delicados: à medida que vão envelhecendo vão perfumando mais. Quando estão à morte, já amarelando, o perfume fica forte e adocicado… Quando finalmente morrem, quando estão mortas, mortas – aí então, como uma flor renascida do berço da terra, é que o perfume que se exala delas me embriaga. Estão mortas, feias, em vez de brancas ficam amarronadas. Mas como posso jogá-las fora se, mortas, elas têm a alma viva?
-Era assim que eu queria morrer: perfumando de amor. Morta exalando a alma viva.”

ImagemImagem retirada de: http://grapixd3.deviantart.com/art/Rosas-Secas-181302338

 

Le Baiser Du Dragon, EDT, Cartier

Beije-me para sempre, Dragão mais lindo! Ofuscastes a majestade de Tiamat, Smaug e Saphira (nerds me entenderão)!
Tenho uma preciosa amostra do Le Baiser Du Dragon que faz parte da série de amostras que ganhei da amiga Barbarella. Usei hoje mais um pouquinho de tão precioso vidrinho!
LBDD EDT (podemos chamar assim, pra facilitar?) foi criado por Albert Morillas em 2003 e – adivinhem – foi descontinuado.
Seu aroma é rico, precioso, cheio de facetas, extremamente feminino e sedutor! Não faz esforços para ser sensual pois já nasceu assim! Está em seu DNA ser curvilíneo, usar veludo, falar ronronando, ter pele alva que convida ao toque. Imagino Dita Von Teese em seus vestidos vintage, pele de porcelana e lábios carmim exalando LBDD…
Notas de saída: gardênia, amêndoa-amarga, amaretto, flor-de-laranjeira.
Notas de coração: íris, almíscar, jasmim, rosa, cedro.
Notas de fundo: patchouli, vetiver, caramelo, chocolate-amargo, benzoin, âmbar, cedro.
Ao passar o perfume senti como se estivesse espalhando na pele algo oleoso, balsâmico e medicinal. Achei que tinha algo do Hypnotic Poison na saída, mas logo a impressão passou. Senti creme de amêndoas, licores finos de doçura inebriante e base amarga, quase um xarope. Senti flores brancas insidiosas disfarçadas, cobertas de algo amanteigado e com véu de almíscar e patchouli…
A base do LBDD – que eu esperava ser doce, achocolatada, incensada e persistente – em minha pele se revelou poeirenta, uma feminina mistura de rosas, íris e âmbar. Bem mais delicada do que eu esperava.
O engraçado nele, é que a cada vez que eu cheirava a pele sentia algo em evidência: era a gardênia, era a amêndoa, as notas licorosas, a íris cremosa e até mesmo o patchouli discreto de sua base. Esse dragão é cheio de artimanhas, cuidado com ele… não é de graça que ele carrega o nome do lendário, sutil e mortal golpe de kung fu capaz de despachar oponentes em pouco tempo, como nos ensinou Jet Li no filme homônimo “O Beijo do Dragão”, né?
LBDD EDT para mim é perfume de impacto, de abertura e meio. No final da festa se cansa e decide sair ‘à francesa’. O dragão sai de fininho e retorna aos seus aposentos para se deitar sobre sua pilha de preciosidades, tão douradas como as 3 primeiras horas desse EDT.
Ouvi por aí que a versão EDP é arrebatadora, mas esta, infelizmente não conheço.