L’instant, Guerlain

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Perfume da família oriental floral, criado em 2003 por Maurice Roucel para a maison Guerlain. Floral ambarino, carrega a idéia da valorização de cada momento vivido. De sensualidade e intensidade bem dosadas (claro, dependendo da quantidade usada), é um perfume para ser sentido de perto, é íntimo, luminoso e particular. 
Suas flores são cálidas, pulsantes, multifacetadas e douradas (sim, L’Instant é dourado em minha concepção e experiência sinestésica). O “doce” de L’Instant não vem do mel ou da baunilha, e sim do bouquet floral luxuriante e exótico. 
Seu poder de fixação é muito bom, chega a durar 6 horas na minha pele. O bonito é que com o tempo, as flores se tornam mais “domesticadas” e tenras na pele, mas não menos imponentes e vívidas…
Notas de saída: bergamota, mandarina, maçã vermelha
Notas de coração: íris, jasmim, ylang-ylang, magnólia
Notas de fundo: musk, âmbar, benzoin, baunilha, mel branco
Com essas notas, tem como não ser um perfume para seduzir? 
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Fairy Juice, Naf Naf

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Fairy Juice, lançado em 2011 pela Naf Naf trás o universo dos contos de fadas pra dentro de um frasco. O espelho estampado na caixa é um convite para entrar um mundo de sonhos e esquecer as perturbações cotidianas. Como uma poção mágica, o “suco de fada” transborda doçura, graça, leveza e sedução! É um perfume juvenil, mas cheio de feminilidade pulsante, que brinca de se esconder e se revelar. O frasco cor de pêssego combina muito com a fragrância. Meu marido costuma dizer que a embalagem traduz a alma do perfume, e neste caso, concordo plenamente…

Notas de saída: mandarina, pêssego, ruibarbo e cassis

Notas de coração: jasmim, rosa, lírio-do-vale e flor de tiaré

Notas de fundo: musk, cedro da Virgínia, feijão tonka e baunilha.

Longe de ser enjoativo, inicia com notas mais doces e quentes, mas essas logo se esvaem e dão lugar para as flores cremosas e levemente açucaradas.  O frasco e a caixa são lindos, remetem a tudo que é feminino. Perfume para se sentir uma princesa! Se a Branca de Neve usasse um perfume seria o Fairy Juice!

Ganhei tal mimo no sorteio do blog www.htmhelen.com!!!!!

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Aromaterapia

Reproduzo aqui texto na íntegra do site: http://www.aromakraut.com.br/aroma.php#aromaterapia

O Sentido do Olfato

Apesar de nosso olfato não ser muito desenvolvido quanto à maioria das espécies animais, não se pode desprezar a importância que a percepção olfativa tem para o ser humano. Nosso sentido olfativo é muito especializado, as células olfativas são capazes de perceber substâncias especiais, mesmo que só haja um milionésimo de miligramas destas substâncias em um litro cúbico de ar.

Quando ligado às emoções, é o mais eficaz de todos os sentidos, isto porque está intimamente conectado ao sistema nervoso central, diretamente associado aos estados emocionais. O aroma é também muito importante para o ser humano, pois possuímos a chamada “memória olfativa” que nos capacita para associar aromas a situações vividas anteriormente. Quando se sente novamente um mesmo aroma é possível reviver as emoções de certas experiências.

Os aromas exalados têm a propriedade de despertar o nosso inconsciente coletivo, presente em nossa mente mais profunda. Quando ligado às emoções, é o mais eficaz de todos os sentidos, pois está intimamente conectado ao sistema nervoso, diretamente associado aos estados emocionais.

Para o ser humano os aromas possuem uma significativa importância. Possuímos a chamada “memória olfativa” que nos capacita para associar aromas a situações vividas anteriormente. Quando se sente novamente um mesmo aroma é possível reviver as emoções de certas experiências. Quem já não passou pela experiência de sentir um determinado cheiro e ser transportado para alguma emoção ou para um momento passado de nossas vidas?

Os aromas são formas de comunicação com nossos sentidos mais profundos. Muito mais do que um cheiro agradável, o aroma é uma sensação única produzida por uma harmoniosa mistura de materiais.

Arqueologia Olfativa

O estudo dos aromas através dos tempos se chama Arqueologia Olfativa. A Arqueologia Olfativa é a combinação dados sobre história, etno-botânica, psicologia e fisiologia baseada na exploração do mundo dos odores. Estas pesquisas abrem as portas para um histórico das substâncias aromáticas utilizadas na antiguidade.

Há milhares de anos atrás, nossos ancestrais distantes, devem ter aprendido como e o que comer, antes mesmo que soubessem como produzir fogo e cozinhar alimentos. Eles quase certamente usaram o nariz, bem como os olhos para determinar se uma planta era comestível. Estes povos distantes usavam muito mais o sentido do olfato do que usamos.

Quando o homem aprendeu a fazer fogo deve ter queimado plantas aromáticas, descobrindo que algumas eram boas para acompanhar alimentos cozidos e que às vezes a fumaça era “boa de respirar” ou dava uma sensação de sonolência ou de revigoramento.

Uma das primeiras formas de tratamento com ervas foi a “defumação” do paciente, freqüentemente usada para afugentar os maus espíritos. Em outras ocasiões as plantas também foram usadas em comemorações como nascimento, morte de um inimigo, em oferendas ao sol e a mãe terra. Observando os efeitos das infusões sobre o corpo e a mente o homem antigo foi atribuindo algum poder a elas.

“Os arqueólogos traçaram os caminhos das substancias aromáticas nas práticas de magia e nas cerimônias religiosas desde a pré-história. Das flores picadas e espalhadas no período Neolítico, aos primeiros compostos de incensos encontrados nos túmulos chineses, a sofisticada arte das fragrâncias desenvolveu-se através dos tempos. Esta arte teve um papel de destaque na vida secular (medicina e cosméticos) e na vida religiosa (unções, defumadores) de cada uma das civilizações antigas, pois seus produtos eram objetos de atividade comercial entre as diferentes culturas dos tempos bíblicos. As provas concretas desta comercialização de aromas e essências estão nas gravações cuneiformes dos torrões de barro encontrados em “Fertile Crescent” e nas listas de preços das substancias aromáticas, as quais comprovam o volume deste comércio. Padres, magos e pequenos perfumistas, todos estes eram responsáveis por verdadeiras fortunas. Só o laboratório do palácio real em Mari, produzia 600 litros de perfume por mês. Na época, o perfume era como ouro ou jóias, ele media a riqueza. Em toda corte real havia jarros de olíbano (resina rara de uma árvore típica da Ásia), cinamomo e açafrão, bem como alabastro e lascas de ônix, óleo de nardo e mirra. Algumas resinas aromáticas eram tão raras que valiam mais do que pedras preciosas e esta confusão do reino mineral na antiguidade sobreviveram até os tempos modernos, como no caso do âmbar que ainda consta de inventários de lapidações junto das pedras preciosas. As funções simbólicas dos perfumes são muitas e variadas, dentre elas, o perfume era uma forma de comungar com os deuses em manifestações etéreas; outra forma era a de reverenciar alguém ofertando-lhe perfume. A mirra é o suor dos deuses. O termo egípcio “s-ntr” que significa “olibano”, pode ser traduzido por: aroma divino ou, mais especificamente, o perfume que permite conhecer Deus.” (autor desconhecido)

O poder das substâncias aromáticas e os seus efeitos benéficos sobre a saúde do corpo, já eram conhecidos pelos egípcios há mais de 6.000 anos. Desde então, vêm se mantendo através das civilizações, até nossos dias, onde cientificamente, admitem-se alguns mecanismos de ação, calcados em bases fisiológicas conhecidas e aceitas.

Existe um grande número de vasos datados entre 3.000 e 2.000 a.C. feitos no Egito expostos no Museu de Londres. Muito se assemelham com potes de ungüentos, enquanto outros devem ter servido de recipientes para os óleos perfumados. Quando a tumba de Tutankhamen foi aberta em 1922, foram descobertos muitos vasos e potes de perfumaria contendo ungüentos. Estes foram colocados na tumba em 1.350 a.C. quando selada, ou seja, há 3.000 anos atrás. Encontrou-se olíbano misturado a uma base de gordura animal. O aroma embora fraco, ainda podia ser detectado.

No início estes aromas deviam ser muito valiosos e apenas usados por famílias reais, talvez por sacerdotes. Os sacerdotes foram sem dúvida os primeiros perfumistas e os primeiros aromaterapeutas. Mais tarde, tornaram-se menos sagrados e amplamente utilizados pelo povo e empregados em cosméticos, óleos de massagem e medicamentos.

Ao longo dos 1.500 anos seguintes, na 18o. dinastia, os egípcios aperfeiçoaram seu conhecimento sobre as propriedades medicinais dos aromáticos, da perfumaria e das preparações de ungüentos e óleos perfumados. Os aromáticos mais utilizados eram: mirra, olíbano, cedro, orégano, amêndoa amarga, entre outros. O óleo de mirra e cedro utilizados pelos egípcios no processo de mumificação (anti-séptico). Parece que nesta época os egípcios já conheciam alguma forma primitiva de destilação.

“Os egípcios eram sem dúvida, os especialistas de perfumes de “Fertile Crescent”. Quatro mil anos antes da era Cristã, antes de ser adotada a prática de embalsamarem-se, as resinas eram comumente colocadas nas tumbas egípcias. O uso de perfumes foi tão difundido que o período do luto era marcado pela ausência do uso diário de óleo perfumado ou com essências balsâmicas. As pessoas que prestavam algum favor ou serviço eram pagas por sua gentileza com perfumes, óleos e especiarias, dentre outras coisas. Seti I (19a. Dinastia, 1308-1298 AC) concedeu uma quantidade de óleos perfumados aos seus exércitos; seu filho, Rameses II, foi ainda mais longe e ofereceu 1.933.766 medidas de olíbano aos deuses durante seu reinado. Este uso desmedido do perfume foi uma característica marcante durante todo o mundo antigo. Milênios após Rameses II, em uma oferta única exagerada, no funeral de sua esposa Poppaca, Nero esgotou todo o suprimento de incenso da África.”(autor desconhecido)

Foram encontrados vestígios de um processo de extração muito primitivos na tumba de Mereruka. Este processo consistia em esmagar as plantas aromáticas torcendo-as em um pano que ficava impregnado. Este pano absorvia os óleos essenciais liberados pelas flores ao serem fervidos em um caldeirão. Este parece ter sido primeiro processo de destilação descoberto.

“Nas recepções do Egito costumava-se perfumar os cabelos dos convidados com cones aromáticos, os quais, quando aquecidos pelo calor natural do corpo, exalavam gradualmente os perfumes dos óleos em seus cabelos e roupas. Esta prática extravagante comprova o consumo insaciável de fragrâncias no mundo antigo, paixão da qual compartilhavam também os hebreus: “Oh como é bom e agradável viverem unidos os irmãos. É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes..” (Salmos 133)” (autor desconhecido).

“Cleópatra, a famosa rainha egípcia, embebia as velas de seu navio com substâncias exóticas, de forma que antes de aportar, a fragrância anunciasse sua chegada ao longo dos bancos do Rio Nilo.” (autor desconhecido).

“Kyphi foi a ultima palavra da arte da perfumaria egípcia. Este complexo aromático foi feito para uso sagrado e profano e às vezes também era ingerido como remédio. Este perfume (a palavra perfume se origina do latim “per fumun”que quer dizer “pela fumaça”) era comumente queimado como uma oferta aos deuses ou um agente que levava à meditação. O ritual de preparação de 450g desta preciosa substância poderia levar até um ano, quando era destinada a untar a estátua de Horus. Uma receita simples de Kyphi, aparentemente em uso normal, aparece no papirus n852 de Ebers descoberto em Tebas. Datado da 18a. dinastia ou aproximadamente 1500 a.C., este documento é contemporâneo aos hebreus quando estes se assentaram em terras egípcias e conseqüentemente adotaram vários elementos desta cultura. A mirra, a baga do junípero, o olíbano, a chufa, cascas de árvores aromáticas, a resina de shebet, a cana aromática da fenícia, a planta inketun e o estirace (moído finamente e reduzido a uma massa única que era colocada no fogo). O Kyphi foi o precursor do perfume do templo (Êxodo 30:22 e 30:34) e óleo usado para sacramentar ainda nos dias de hoje.”(autor desconhecido).

A coleção dos perfumistas egípcios incluía perfumes, talcos e ungüentos produzidos de plantas e de resinas misturadas a óleos vegetais como óleo de oliva e o óleo de linhaça. Também eram usadas as gorduras animais como sebo de boi e óleos de aves como os pombos.

Ainda hoje se encontra métodos antigos na extração de óleos essenciais, em regiões da Índia, que consiste em macerar flores com semente de gergelim e através da moagem destes grãos obtêm-se um óleo perfumado.

É impossível apontar a data em que as plantas foram usadas pela primeira vez para fins médicos. As propriedades curativas das plantas devem ter sido descobertas gradualmente ao longo de milhares de anos.

Os gregos aprenderam muito de perfumaria com os egípcios. Os egípcios costumavam atribuir à eficácia de remédio aromático à crença de que teriam sido originalmente formulados ou usados por um dos deuses. Na mitologia grega a invenção dos perfumes é também atribuída aos deuses.

Aromas da Bíblia

Os Três Reis Magos, da Natividade de Belém, iniciaram uma tradição. Chegaram à Belém seguindo a estrela das profecias e quando encontram o Menino Jesus oferecem presentes. Melchior, o ouro. Baltazar, o incenso. Gaspar, a mirra.

Gálbano
O Gálbano era um dos ingredientes dos perfumes sagrados dos Hebreus. “O santuário do incenso descrito em Êxodo, o uso profano que era proibido, sob pena de ser eliminado de seu povo”. (Êxodo 30:34-37).

Ládano
Jacob em certa ocasião ordenou que seus filhos oferecessem o Ládano, juntamente com outros produtos regionais ao seu irmão, agora um dignatário Egípcio. “Respondeu-lhes Israel, seu pai: se é tal, fazei, pois isto; tomais do mais precioso desta terra em vossos sacos, e levai de presente a esse homem: um pouco de bálsamo e um pouco de mel, arômatas e mirra, nozes de pistácia e amêndoas.” (Gênesis 43:11).

Mirra
“E sobre ela choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra sua mercadoria, mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata, e de toda a espécie de madeira aromática, todo o gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore, e canela de cheiro, especiarias incenso, ungüento, bálsamo, vinho, azeite, flor de farinha, trigo, gado, ovelhas, e de cavalos, de carros, de escravos, e até almas humanas. O fruto sazonado que à tua alma tanto alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o que é delicado e esplêndido, e nunca serão achados.” (Apocalipse 18:11-14).

“É também Nicodemos, aquele que anteriormente viera a ter com Jesus à noite, foi levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os Judeus na preparação para o sepulcro. No lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim e neste um sepulcro novo, no qual ninguém tinha sido ainda posto. Alí, pois, por causa da preparação dos Judeus e por estar perto o túmulo, depositaram o corpo de Jesus”. (João 19:39-42).

Nardo
“Indignaram-se alguns entre si, e diziam: para que este desperdício de bálsamo? Este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários, e dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela. Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo. Porque os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes. Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura.” (Marcos 14:6-8)

Incenso
Os egípcios associavam o olíbano às propriedades simbólicas irrefutáveis, como sendo uma substancia que revelou Deus e santificou os rituais e as oferendas. Normalmente ele simbolizava o divino, o pai e o dia, contrapondo-se à mirra à qual era comumente associado. Estas substâncias, juntamente com o ouro foram os presentes que os reis Magos deram ao Menino Jesus.” (Mateus 2:11).

Estirace
Na Bíblia a estirace é um dos quatro ingredientes que compõe o perfume sagrado usado como incenso e colocado na frente das estátuas nas Tendas de Presença, fato este que antecipa o templo de Jerusalém. (Êxodo 30:34-37)

O início da Aromaterapia

René Maurice Gattefossé foi um químico em Grasse, no sul da França que escreveu o primeiro livro de aromaterapia em 1928. Suas pesquisas tiveram como base os trabalhos iniciados no final do século passado por franceses como Cadéac e Meunier, e médicos italianos como Gatti e Cajola. Em 1887 foi publicado os primeiros resultados de pesquisas sobre poderes anti-sépticos dos vapores de muitos óleos essenciais.

Durante o século XIX a indústria de perfumaria teve um crescimento firme e considerável. Nesta época os perfumes eram fabricados quase que exclusivamente com essências naturais. Com a busca de novas plantas aromáticas e de terras para o seu cultivo a área ao redor da cidade de Grasse, na França, tornou-se o centro mundial de cultivo e extração de essências.

Com o crescimento da indústria, algumas das empresas de Grasse começaram a procurar novas aplicações para as essências e dentre estas estava a empresa de Gattefossé. No início seu interesse limitou-se aos de uso cosmético das essências.

Alguns acontecimentos ajudaram a ampliar seu interesse:
– Os cosméticos costumam conter anti-sépticos: ele percebeu que os óleos essenciais tinham propriedades anti-sépticas mais poderosas do que alguns dos anti-sépticos químicos usados na época;

– Durante uma pequena explosão em seu laboratório em uma experiência ele queimou uma das mãos. Imediatamente     ele a imergiu em óleo puro de lavanda e não se surpreendeu muito ao observar que a queimadura sarou em tempo     mais curto, sem sinal de infecção ou cicatriz.

É possível que a primeira menção a palavra Aromaterapia, tenha sido criada por ele. Após a publicação de seu livro ele seguiu com uma série de textos, artigos e muitos outros livros referindo-se a terapia com óleos essenciais.

Apesar de seu trabalho estimular um razoável interesse parece ter sido amortecido pela 2º Guerra Mundial, pois nos 15 anos seguintes muito pouca coisa foi publicada sobre aromaterapia, e as pesquisas estavam em baixa.

Nem tudo foi perdido. Outro francês, desta vez um médico trabalhava a muitos anos no uso terapêutico de ervas. Estimulado pelo trabalho de Gattefossé, começou a usar essências em seus tratamentos. Durante a guerra usou-as fartamente no tratamento de feridas de combate, percebendo logo, como Gattefossé, que havia ali uma terapia com enorme potencial. Em 1964, publicou um livro, Aromaterapia, e graças ao seu trabalho a aromaterapia foi aceita como uma terapia com méritos próprios.

Todos estes trabalhos, desde Gattefossé, atraíram o interesse de franceses, alemães, suíços e holandeses. Cientistas e terapeutas de diferentes lugares no mundo, dedicaram-se ao seu estudo. A maior parte das pesquisas feitas foi sobre os poderes anti-sépticos e antibióticos dos óleos essenciais.

Segundo recentes pesquisas realizadas na Europa, EUA e Rússia, os efeitos dos odores na psique podem ser muito importantes. O sentido do olfato age principalmente no nível subconsciente, pois os nervos olfativos são diretamente ligados à parte do cérebro mais primitiva, o sistema límbico. Considerando que o nervo olfativo é uma extensão do próprio cérebro é fácil entender que se pode chegar até ele através do nariz, a única porta de entrada para o cérebro.

O sistema límbico é a parte do cérebro que regula a atividade sensorio-motora e é responsável pelos impulsos primitivos da fome, sede e sexo. O estímulo do bulbo olfativo envia sinais elétricos para a região do sistema límbico responsável pelos mecanismos viscerais e comportamentais, afetando diretamente os sistemas digestivo, sexual e o comportamento emocional. A reação elétrica do cérebro ao cheiro é praticamente a mesma ligada às emoções.

Habanita, Molinard

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 Habanita é a expressão de uma época. Um grande perfume, mais uma obra de arte da casa Molinard, criado em 1921. Para a mulher que se emancipava e não tinha medo de ser estereotipada. Inicialmente criado para aromatizar cigarros, atingiu tamanho sucesso que originou a fragrância. O frasco Lalique em tom negro é uma obra de arte, com suas lânguidas e fortes ninfas… Para mim, o aroma lembra tabaco, couro, rum…  enfim, tudo que era distante da realidade das mulheres da época por pertencerem até então, ao universo masculino. Ao mesmo tempo, trás uma doçura encantadora e hipnótica vinda das flores e frutas presentes na formulação. Em 1988  Habanita fora reformulado, mas manteve os 600 (!!) ingredientes de sua formulação original, sendo que algumas proporções foram alteradas.

Notas de saída: pêssego, flor de laranjeira, bergamota

Notas de coração: rosa, jasmim, heliotrópio, ylang-ylang, madeira de cedro, vetiver, mimosa, noz moscada.

Notas de fundo: âmbar, couro, baunilha, benzoim, musk, almíscar, musgo de carvalho, patchouli.
Embora antigo, Habanita nunca poderá ser descrito como um perfume vintage, datado. Ele sempre terá um lugar no olimpo da perfumaria e nunca deixará de ser atual, inebriante, sedutor.
Habanita é puro rock’n’roll em minha opinião! E sem precisar do apelo de caveiras, correntes e outros símbolos na embalagem. É a atitude, não o visual…
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Bvlgari Eau Perfumée au Thè Rouge

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Uma piscina de chá preto deliciosamente aromatizado com especiarias. O chá está morno, quase quente, o sol está se pondo em um céu lindamente enfeitado de tons alaranjados. Entrar em tal piscina será um deleite para o corpo e a mente… Se imaginou dentro de tal piscina?  Então agora você está usando Bvlgari Au Thé Rouge! 
Criado em 2006 por Oliver Polge, é o terceito da linhas “chás” da Bvulgari (a coleção conta ainda com o Verde e o Branco). O perfume é puro chá, misturado com notas florais e frutais mornas e tímidas.  Duas espécies de folhas de chá foram usadas na formulação deste perfume: Roiboos, variedade sul africana de aroma levemente amadeirado e o Yunnan chinês, dono de aroma mais concentrado e pungente. 
Notas de saída: laranja, bergamota, pimenta rosa. A bergamota é utilizada na aromatização do Earl Grey, o famoso chá inglês. 
Notas de coração: folhas de chá, figos 
Notas de fundo: musk, nozes e madeiras nobres 
O que sinto neste perfume é chá. Exótico e diferente do que tomamos no dia-a-dia, talvez um tchai indiano, talvez um chá inglês com bolos finos, mas indiscutivelmente chá! 
Eu o acho bem agradável e diferenciado, o reservo para dias frescos, quase frios, quando o conforto e calor vindos de um perfume caem bem!

Apparition, Emanuel Ungaro

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Criado em 2004 por Françoise Caron e Francis Kurkdjian, é um bom exemplar da família floral frutal. Inicia com notas “azedinhas”, e logo revela a cremosidade adocicada de um coquetel de frutas As flores aparecem com extrema discrição, as estrelas desse perfume são as notas frutais, sem dúvida.
Notas de saída: framboesa e pimenta caiena 
Notas de coração: flor de maracujá e rosas.
Notas de fundo: patchouli e heliotrópio.
O bonito deste perfume é que conseguimos sentir cada nota descrita em sua formulação. Ora surge a flor de maracujá e até um pouco da fruta, a framboesa e o toque de pimenta ficam bem evidentes logo após a borrifada. O fundo, que pela descrição deveria se mais intenso, aparece com sutileza e bem “misturado” ao coquetel de frutas. O vidro é um caso a parte! Para mim parece um pequeno prédio com janelinhas luminosas e seus condôminos estão todos em festa! É um perfume alegre, diurno, vibrante e iluminado. Gosto da família floral frutal, e Apparition sai da mesmice que atualmente predomina tal família olfativa. 

 

Napoleão Bonaparte, o imperador do perfume!

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Nada de Napoleão montado em seu cavalo rumo a conquistas! Ele merece estar pomposo e majestoso para a história de hoje! Vamos lá, nos deslumbrar com os delírios perfumados do Imperador!

Napoleão Bonaparte chegava a usar 60 frascos por mês de sua fragrância preferida! Despejava, todas as manhãs, um pequeno frasco de colônia em sua cabeça. Criada pelo perfumista Gian Paolo Feminis em 1693, a Aqua Mirabilis (“água admirável”), tinha ditas propriedades terapêuticas e fora patenteada na Faculdade de Medicina de Cologne, Alemanha. O perfumista Jean Marie Farina herdou a fórmula secreta e a renomeou para “Eau de Cologne”, em homenagem à sua cidade natal. O imperador admirava tanto o perfume que chegava a beber a fragrância!!! Como viajava muito, Jean Marie Farina desenvolveu para Napoleão “Rouleau de L’Empereur”, uma embalagem especial (fina e comprida) para entrar em suas botas, peça esta exposta no Museu do Perfume, em São Paulo.

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Além disso, ele gastava fortunas com uma cota semanal de dois litros de colônia de violetas e 60 garrafas por mês de extrato de jasmins.

Era ou não “oloucodosperfumes”?

 

Serpentine, Roberto Cavalli

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Criado em 2005 por Jacques Cavallier, da companhia Firmenich, Serpentine é pura sedução! Da família oriental floral, é uma formulação exótica, não conheço nenhum outro perfume que se assemelhe. O frasco trás a serpente sempre presente nas obras da casa Roberto Cavalli. Lindo, imponente, sedutor e perigoso se usado em excesso.
Notas de saída: flor de manga (na Índia a fruta é considerada alimento dos deuses), mandarina, lírio aquático
Notas de coração: flor de Frangipani, mimosa, violeta e pimenta preta
Notas de fundo: âmbar, sândalo e bálsamo de tolu.
Serpentine é um elixir de sedução e poder! Não tem como não se sentir poderosa usando-o! A temática sexy da casa Cavalli é respeitada neste perfume, bem como a cor dourada do líquido sempre presente em seus luxuosos vestidos. Perfume para mulheres seguras de si e “vestidas para matar”! 
 
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Sobre a serpente do frasco: personagem das mitologias, associada ao Demônio pelo cristianismo, símbolo de sabedoria e imortalidade. Seja enrolada na macieira, no caduceu de Hermes, guardando o jardim das Hespérides, morta por Apolo ou por Hércules, no pescoço de Shiva ou envolvendo o mundo da mitologia escandinava, a serpente é um dos símbolos mais fortes e presentes na humanidade. Para os alquimistas, era símbolo de imortalidade. Ilustrada pelo Ouroboros, trazia a idéia da unidade em tudo e todos, a totalidade da existência. Animal sagrado pra as culturas pré-colombianas, representava o renascimento e a renovação.

L de Lolita Lempicka

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Um dos meus preferidos! Como consegue ser salgado e doce ao mesmo tempo? Nada da estranheza salgada e evidente do Womanity, mas uma pitada de sal marinho vindo da flor antenária perfeitamente casada com a explosão de baunilha do fundo! A laranja amarga é bem evidente e torna o perfume ainda mais instigante e exótico. Lançado em 2006, o nariz responsável por essa jóia da maison Lolita Lempicka é Maurice Roucel. A fixação é excelente!
Senti pela primeira vez através de uma amostra, e o encanto foi imediato. Precisava ter um frasco inteiro de tal elixir, para poder deliciar-me por mais tempo!
Notas de saída: laranja amarga, bergamota
Notas de coração: antenária (responsável pelo aroma picante e salgado), almíscar, canela, perpétua
Notas de fundo: fava tonka, sândalo de Mysore, patchouli e baunilha (muita, muita baunilha!)
A maison Lolita Lempicka prima pela beleza de suas campanhas publicitárias e embalagens. Cada uma é uma jóia. No caso de L, o frasco coração vem enfeitado com motivos marinhos, uma rede dourada e um pingente em forma de gota de nuance perolada presa ao borrifador, trás a idéia (ao menos para mim) de uma preciosidade retirada por um pescador sortudo das mãos de uma sereia descuidada. Além de tudo, o azul do frasco no transporta para uma praia deserta e paradisíaca. Mas que contradição, um tema tão marítimo e um perfume da família oriental baunilha? É porque L é o perfume das sereias! Como não se encantar?
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Arpège, Lanvin

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Que linda evolução a do Arpège! Comprei ressabiada, achando que não me agradaria. Puro engano! É um desses perfumes quentes, especiados, que evoluem lentamente e com beleza! Ora suas especiariais se revelam, ora suas madeiras preciosas, ora seu rico e bem estruturado buquê floral. O sândalo da base vem mais “seco”, severo, mas não menos feminino e gracioso. E o frasco? Em vidro negro, com o icônico símbolo da maison Lanvin, a eterna brincadeira e enlace de mãe e filha. Minha mãe usou esse perfume nos idos dos anos 50/60, e eu, em 2012, resolvi tê-lo em minha coleção. E ao sentirmos o mágico odor juntas, entendi o significado do símbolo da maison.
Jeanne Lanvin o encomendou para comemorar os 30 anos de sua filha Marie-Blanche, uma pianista virtuosa, daí o nome do perfume, Arpège. Em 1990, o perfume foi reformulado e sua formulação teve leves alterações.
Pode ser considerado um perfume datado, “retrô”, porém não apresenta notas atalcadas, tão típicas dessas fragrâncias. O que sinto são notas florais secas, picantes e especiarias, como o cravo-da-índia e o coentro. O sândalo é bem evidente e suntoso. Profundamente feminino, eu me atreveria a dizer que é um ode às mulheres de faixa etária já eternizada por Balzac.