
Uma leitora perguntou se eu já tinha falado do Jour d’Hermès, e me perguntei: por que não falei dele ainda? Se contei, toda empolgada, sobre o lançamento do livro ‘Diário de um Perfumista’, do Jean-Claude Ellena e lá ganhei uma miniatura do perfume, filho de Jean-Claude nascido no início de 2012, por que deixei o menino largado em um canto do armário?
Sei não… mas enfim, lá fui eu usar por alguns dias o Jour para poder falar dele. Ele não me arrebatou. Mas também não desagradou. É um bom perfume: tem um contraste instigante entre a higiene (acho que essa é a sensação da mistura das notas cítricas e aquáticas da saída) e o pudor que a vida em sociedade nos pede e o ‘quê’ orgânico das flores brancas e da gardênia.
Jour ‘brinca’ na pele. Ora são vagens, bagas, folhas, flores ainda em botão; outra são flores e frutas plenas, tonalidades adocicadas.
Sinto nele cheiro de pêra d’água madurinha, daquelas que a gente morde e o sumo escorre desavergonhado pelo braço ou queixo. Sabe a ervilha-de-cheiro ao mesmo tempo exótica e familiar do Si Lolita? Está lá no Jour também.
Ele é perfume para dias de sol e chuva casamento de viúva. É. Algo ao mesmo tempo quente, úmido, leves brisas. É morninho, é perfume ‘de dobrinha’ de pele e talvez agora eu entenda a sensualidade dele. Tem que chegar perto, buscar nos lugares menos expostos… Mas é devagar e com carinho viu? Jour não é dado a explosões de libido…
Notas de saída: grapefruit, limão, notas aquáticas.
Notas de coração: gardênia, flores brancas, notas verdes, ervilha-de-cheiro.
Notas de fundo: almíscar, notas amadeiradas.
A priprioca ou piripirioca (Cyperus articulatus L.), é uma espécie ciperácea, aromática e medicinal que natural na Amazônia. Da mesma família do junco e do papiro, suas raízes exalam uma fragrância incomum, leve, amadeirada e picante. É um dos perfumes mais tradicionais da região amazônica e, atualmente, seu óleo essencial é bastante valorizado na indústria farmacêutica e cosmética.

(imagem retirada daqui: