A perfumaria árabe é um mergulho em um Oriente imaginário, terra de sultões, Aladins e Sherazades. A Arábia mítica descrita em um livro da minha infância chamado ‘As Aventura de Hassan de Bassorá‘. Descobri hoje que Bassorá é uma cidade iraquiana.
Me entristece saber que muitos desses lugares que inspiraram tantos sonhos hoje são assolados pelo fanatismo religioso, o terrorismo do Estado Islâmico e outros grupos extremistas. Que cinzento, empoeirado e temeroso está o Oriente do meu livro…
Mas perfumes me fazem sonhar, então me refugio nas Arábias das Mil e Um Noites, no palácio de Hassan, nas casas de banho turcas, nos banquetes fartos em especiarias!
Rasha é um perfume oleoso, são 12ml ricamente adornados por embalagem metálica cravejada de pedrinhas. Flores e folhas criam uma bonita filigrana no frasco.
Assim que o óleo entra em contato com a pele sentimos o cheiro doce de frutas maduras e um cheiro picante e levemente animálico. Como se a pessoa que estivesse carregando as frutas tivesse transpirado no percurso.
Logo surge um cheiro especiado, noz moscada ou cardamomo, masala tchai morno.
No fundo temos a doçura/cremosidade/sacralidade do sândalo, nota ambarina e algo leitoso com um breve aspecto azedo. Curioso…
No dia seguinte peguei a blusa que estava usando no dia do Rasha e o perfume estava lá, ainda mais intenso! Os odores doces, ardidos, leitosos e animálicos estavam harmonizados, belos e até um pouco assustadores. Passaram a noite em festa e orgia, essas notas olfativas! O resultado era sensual demais para a manhã de uma sexta-feira cinzenta, coloquei a blusa no cesto de roupas para lavar…
Perfume belíssimo e ousado, o Rasha! Coisa que atualmente, poucos perfumistas ocidentais se atrevem a fazer.
Notas de saída – folhas e frutas de groselheiro, frutas tropicais.
Notas de coração – cardamomo, jasmim sambac.
Notas de fundo – sândalo, ambargris, leite.