Criado pelo mestre Edmond Roudnitska em 1943, em meio a 2ª Guerra Mundial, com as tropas nazistas ocupando a França. Época de incertezas, angústia, crise, escassez. Marcel Rochas encomendou tal perfume ao mestre perfumista para presentear sua esposa. E quem diria, do meio dos escombros surgiu a agressiva e exótica flor nomeada Femme.
Quando o usei pela primeira vez quase sufoquei. Que floral aldeídico agressivo, potente, impositivo! Como uma mulher devia ser na época, para superar e enfrentar as dificuldades que a guerra traria…
Mas deixemos a guerra de lado e vamos falar do Femme. Seu frasco é uma alusão nítida ao corpo feminino, voluptuoso, como das divas da época, que inspiravam e seduziam soldados e os demais rapazes. Diz a lenda que seu frasco fora inspirado no corpo da atriz Mae West. Nesta época as mulheres eram mais robustas, cheias de curvas e a beleza era essa, ser mulher!
Femme hoje é cosiderado um perfume datado. E é. Ainda bem, pois falamos de um período histórico, e um perfume deve ser retrato desta época. Foi reformulado em 1989, mas manteve muitos de seus traços originais.
Notas de saída: pêssego, ameixa, canela, apricot, bergamota, limão, madeira rosewwod.
Notas de coração: alecrim, cravo (a flor), íris, jasmim, cravo-da-índia (agora sim – a especiaria), ylang-ylang, rosas
Notas de fundo: couro, âmbar, patchouli, baunilha, muk, bezoin, musgo-de-carvalho.
Quanta riqueza em suas notas! O couro e o musgo-de-carvalho são bem perceptíveis desde o início. Tornam o que seria um festim de flores e frutas em uma comemoração sóbria, elegante e cheia de segredos. Como se os participantes de tal festa se retirassem “a francesa” para cantos escuros e lá se comportassem de modo impróprio. Um baile de máscaras, é isso! O alecrim encontra seu par, o carvo-da-índia, e tem início uma das relações mais conflitantes deste perfume: quem se destacará mais? E acabam empatando. As especiarias são como amantes ciumentas, volta e meia se impõe e se fazem notar, deixando as flores intimidadas!
As frutas são perceptíveis na pele logo nos primeiros segundos após a borrifada, e só aparecem novamente já no final de tal festejo. Acabam ficando para a sobremesa…
Femme é um lindo perfume. Para momentos especiais, em que você não terá medo de expor sua feminilidade de forma pura, quase bruta e animalesca. Femme é pele nua em sofá de camurça.
É forte, é quente, é cheio de arestas e segredos. Como uma mulher…
Couro? Hummmm….adoro! Tão difícil achar notas de couro nos perfumes de hoje em dia, os lançamentos são todos tão parecidos. É muito datado? Gosto de perfumes mais diferentes, fujo daqueles que todo mundo tem, mas não sei se seguro a onda de um perfume muito datado.
Então, é bem datado sim, tem cheiro de “outras épocas”. Mas bons perfumes são eternos, olha só o Chanel 5, o Arpége, o Habanita e tantos outros. Se vc gosta das notas de couro, vá de Habanita. É um perfume antigo, mas menos “datado” do que o Femme!
Neste caso vou procurar o Habanita. Obrigada pela dica!
Vou ler com calma depois, pois já estou com sono, mas, parabéns pelo blog. O novo layout ficou lindo! 🙂
Beijinho.
Obrigada, Cíntia, e parabéns pelo seu blog, vai ajudar muita gente!!!
Ainda não tive oportunidade de conhecer esse megaclássico, mas de todo modo sua resenha é linda, Diana. Adoro esse bom humor! ♥♥♥
Obrigada! Tais perfumes merecem resenhas mais caprichadas!
Sou fã de Femme pois desde pequena sentia o cheiro dele pois minha mãe o usava.Quando cresci e fiquei mocinha comecei a me apaixonar por perfumes como é até hoje! Foi o segundo perfume que ganhei depois do Miss Dior.Lembro de sua cor densa e dourada,não sei se os de hoje são assim.Amo Femme,é um misto de saudades de minha mãe e de épocas maravilhosas!Vendo hoje o perfume e seu vidro e embalagem dei uma volta ao passado!Tem perfumes que não esquecemos jamais!!!
E o meu oxidou, acredita? E como são deliciosas essas ‘viagens’ que os perfumes de pessoas queridas e do passado nos provocam né?