Acabou a festa de Momo! Não, não me junto aos seus cortejos… então, vamos voltar a falar de perfumes.
Como já deu para perceber, sou fã confessa da Molinard e tudo que eles engarrafam e vendem para mim é sacrossanto. Bom, até hoje todos perfumes da casa que conheci me agradaram…
Digo que Miss Habanita, embora tenha algo de atalcado e “retrô”, em nada lembra a potência do Habanita de 1921. Ainda bem, porque se lembrasse, seria um flanker ou uma releitura moderna, e a idéia não era essa. A idéia era apresentar ao público uma “filha” (ou neta) da Habanita impetuosa dos anos 20.
Essa mocinha nascida em 1994 pertence a família chipre frutal, é feminina, decidida e mostra ao mundo que herdou da antepassada a personalidade marcante.
Notas de saída: uvas, cidra.
Notas de coração: pêssego, orquídea, ylang-ylang, jasmim.
Notas de fundo: baunilha, vetiver, sândalo.
Missa Habanita abre cheirando a vinho branco licoroso. Logo depois as notas de orquídea (eu acho que da espécie Oncidiun “Sharry Baby” – a famosa orquídea com cheiro de chocolate – também sou apaixonada por plantas depois falo mais disso) e o ylang-ylang aparecem imponentes e bem femininas. O pêssego e a cidra aparecem em forma de ponche: veja só que perfume mais alcoólico, antes vinho, agora ponche! Digo ponche porque sinto uma nota de champanhe aí, algo borbulhante que aparece assim de repente e logo desaparece. Adoro essas coisas. Que coisas? Bebidas e perfumes, oras!
A base abaunilhada é atalcada, semelhante a “baunilha Guerlain”. O vetiver, sinceramente, não sei onde foi parar…
Miss Habanita é uma senhorita encantadora! Nada das mocinhas rosadas e insossas da atualidade, não é uma lolita. Já tem seus vinte e poucos, já sabe o que quer, já ganhou, já perdeu. Tem em si a doçura, o viço, a sedução, a impetuosidade que é de família. Mas sem a agressividade masculina que sua antepassada Habanita precisou para enfrentar o mundo. Os tempos são outros…
Baunilha Guerlain? Eu li baunilha Guerlain? Opa, morri.
E, putz, que saudade do Takezo. Era minha Sharry Baby. Que deus o tenha. Cheiroséééérrimo ele! Não sobreviveu no apê. Agora que moro em casa, vou tentar ter outra.
Tenho uma Sharry Baby que está morre-não-morre faz anos. Já tentei de tudo. Agora resolvi jogar ela no parapeito da janela ao sol, regar todo dia, cotrariando tudo que as boas regras de cuidados com as orquídeas dizem. E não é que está dando uns brotinhos? Vamos ver no que dá tal tratamento de choque…