Rumba, Balenciaga/Ted Lapidus

Imagem

 

E lá vamos nós falar de um perfume do tipo ‘ame ou odeie’, daquelas bombas da década de 80 que atualmente são consideradas ‘fora de moda’ e agressivas demais. Rumba sempre foi desses, aposto que não era todo mundo que gostava nem na própria época do lançamento…
Rumba é do tipo ‘caliente’, carnal, tem sangue latino tudo que os perfumes da J. Lopes e da Shakira deviam ser mas não tiveram coragem
Foi lançado em 1989 e suas notas olfativas são:
Notas de saída: flor-de-laranjeira, ameixa, framboesa, pêssego, manjericão, bergamota, ameixa amarela.
Notas de coração: mel, magnolia, cravo (flor), tuberosa, gardênia, orquídea, jasmim, margarida, heliotrópio, lírio-do-vale.
Notas de fundo: couro, sândalo, ameixa, fava-tonka, âmbar, patchouli, almíscar, baunilha, musgo-de-carvalho, cedro, estoraque.
Quis colocar as notas olfativas de Rumba logo no começo da resenha para que as pessoas que nunca ouviram falar dele tenham noção de seu potencial. Ok, sei que é tudo sintético, mas se não fosse… gosto de imaginar os piripaques que os burocratas do IFRA teriam cada vez que ouvissem o nome Rumba. Morria tudo.
Rumba abre com frutas sumarentas. São frutas maduras, plenas de cores e sumos. O engraçado é que em todas as fases de Rumba acho que ele tem ‘cheiro de pele’, é como se o sumo dessas frutas escorresse pelos braços de quem as mordeu e ali secasse. A flor-de-laranjeira é bem presente, deixa a fase inicial do perfume doce, exótica, brejeira.
A segunda etapa de Rumba é uma avalanche floral-intoxicante: tuberosas, jasmins, gardênias, magnólias. Todas elas cremosas, de pétalas carnudas, cobertas com mel e esfumaçadas. Sinto aqui uma fumaça resinosa, encorpada, quase uma defumação. Seria o efeito das flores brancas quase tóxicas e quase malignas? A margarida e o lírio, tadinhos, tão inocentes… juro que não os encontrei, perdidos entre tantas damas inebriantes. Depois o heliotrópio aparece acentuando a nota do mel. Bem como ‘cheiro de pele’, Rumba tem o tempo todo cheiro de mel. Mas nada de mel docinho e infantil, com cheiro de bala. É néctar, é viscoso, é armadilha escorregadia e dourada. E sim, é doce. Mas nada melado.
O final de Rumba é maravilhoso! Couro macio, acho que é daqui que vem o cheiro orgânico e sensual que eu chamei o tempo todo de cheiro de pele.Tem ainda o cheiro de tudo que é belo na perfumaria, e eu não fiz o menor esforço para identificar notas… quem teve o atrevimento de misturar couro, sândalo, ameixa, fava-tonka, âmbar, patchouli, almíscar, baunilha, musgo-de-carvalho, cedro e estoraque como notas de fundo de um mesmo perfume merece ao mesmo tempo uma surra e uma estátua em praça pública!
Só digo que é dual, feminino e masculino. É doce e é seco, é macio e é cheio de arestas. 
Rumba é um perfume pedra-bruta, sem lapidações. E se fosse lapidado talvez perdesse sua beleza…
Tem duas versões: a da marca Balenciaga e da marca Ted Lapidus, não sei o motivo. Tenho a da Balenciaga e já me disseram que não tem diferenças entre as duas.
Eu, mesmo não tendo nenhuma habilidade como dançarina, seguirei o ritmo até o fim. E olha, 100ml é Rumba até o fim dos tempos heim…

16 comentários sobre “Rumba, Balenciaga/Ted Lapidus

  1. Tudo ótimo! Adorei a resenha, excelente. E Rumba é uma delícia, apenas mal interpretado porque sofre preconceito, rs. Como sempre deixei claro, ele é como o Animale, logo, que gosta de um deveria ao menos aceitar o outro. Dos dois o Rumba é mais forte mas são praticamente a mesma mistura de couro e mel.
    E veja só que curiososo…você falou que Rumba tem cheiro de pele. Curiosíssimo isso porque o terceiro perfume a quem ele se assemelha é o Parfum de Peau, cujo nome é auto explicativo kkkkkkkkkk. Olha, eu não sinto isso, até porque são bombas de couro enfumaçadas e incensadas mas deve proceder!
    Não sei se conhece o Peau…quando te enviei as amostrinhas eu não tinha mais o meu e foi justamente no interregno da chegada do que está agora comigo, o vintage ( e já adianto que é igual ao atual). Só sei que é um dos perfumes mais perfeitos que já senti e de quebra é o que lembra mais o Exuberance. Asim, muita gente ama sim o estilo mas com o Rumba, é melhor malhar o Judas pra não sair da fila indiana a la ” Another brick in the wall” kkkkkkkkkkkk. Bjus!!

    • Couro e mel! Que coisa mais linda né? Ainda não conheci o Peau, mas está na minha lista de futuras aquisições! E exato, a a fila ‘Another brick in the wall’ é uma constante em todos segmentos, as pessoas morrem de medo de desviar um pouquinho dela. Triste. Eu já prefiro levar umas reguadas do professor. Bjos, Li!

  2. Me apaixonei por essa resenha!!!
    Na verdade, adoro todas as suas resenhas, mas essa me deu uma vontade louca de experimentar essa maravilha… Me parece muito excêntrico, marcante, pele, EU!!!
    Adoraria algo assim, pra chamar de meu, ser minha marca e não trocar por nenhum outro!!! Eu querooo!!! ^^

  3. Essa marca Balenciaga é bastante inacessível na maior parte do Brasil se a pessoa quiser experimentar antes de comprar (eu pelo menos nunca a vi aqui em Goiânia nem em Brasília), então imagino que um dos motivos para terem lançado pela Ted Lapidus é a maior distribuição. Só uma hipótese.

  4. Queee resenha! Fiquei com calor!!! Adoro Rumba, fico impressionada como as pessoas simplesmente dizem que odeiam e não prestam atenção na sua belíssima evolução. Perfume-arte. Mas ainda assim, uma bomba nuclear!

  5. ay mamacita! uma amiga comentou quando falávamos de incenso, disse que no Rumba tem uma nota bonita dessa matéria prima. será que é isso que enfumaçou? já sei o primeiro que vou levar da próxima visita a sua casa…

Deixar mensagem para emerson ferronato Cancelar resposta