
Evernia prunastri, é uma espécie de líquen, um fungo encontrado em florestas temperadas em todo o hemisfério norte. Como o próprio nome já sugere, o musgo de carvalho cresce geralmente nos galhos e troncos de árvores de carvalho, mesmo que ele também pode ser encontrado em outras árvores de folha caducas e coníferas. Este líquen é espesso e seu formato lembra um pouco a forma de chifres de veado. Apresenta variações de cor, pode ser verde-menta, verde ou quase branco quando seco, ou verde-oliva e até amarelado quando molhado.
A extração dos líquens ocorre principalmente no Centro-Sul da Europa. Existem diversas variedades de líquens usados por suas qualidades aromáticas; em sua maioria, eles vêm do cedro (Marrocos), dos pinheiros e dos abetos (França). Os extratos não são tão refinados quanto o verdadeiro musgo de carvalho, porém eles são geralmente associados a ele.
O Absuloto pode ser obtido por extração com solvente ou destilação a vácuo. O obtido por extração com solvente é verde escuro ou até mesmo na cor marrom e tem um cheiro natural, forte, terra–musgo com um leve tom de couro. O processo de destilação a vácuo dá um material aromático amarelo ou verde pálido com um aroma de terra e nuances amadeiradas.
É parte essencial de fragrâncias chipre e fragrâncias fougère.
O musgo de carvalho pode causar alergias dermatológicas em algumas pessoas, e segundo o IFRA (órgão que regulamenta as diretrizes para o uso seguro de produtos químicos aromáticos e óleos essenciais em perfumes), deve ser usado com extrema precaução. Regulamentos da IFRA indicam que os extratos de musgo de carvalho obtidos a partir de Evernia prunastri não devem ser usados em quantidade superior a 0,1%. Se a composição possuir outros extratos derivados de musgos de outras espécies, a soma das quantidades também não podem ultrapassar os 0,1%.

Por ser praticamente impossível compor um chypre sem o musgo, perfumistas tentam encontrar um novo extrato que seria olfativamente perto do aroma original, e ainda cumprir os regulamentos da IFRA. Seguindo as novas orientações, muitas casas de perfumaria têm reformulado seus perfumes épicas: Mitsouko e Parure (Guerlain), a exemplo. Porém, com uma pequena ajuda da ciência moderna, Thierry Wasser, famoso perfumista da Guerlain, encontrou sua maneira de preservar o aroma da versão original e evitar alterar a formulação drasticamente. A Guerlain agora usa musgo de carvalho que não tem a molécula específica proibida pelas normas IFRA. Alguns outros perfumistas têm substituído musgo de carvalho, por patchouli e vetiver, enquanto outros usam materiais sintéticos que reproduzem o cheiro do musgo.
É rica a mitologia em torno do Carvalho: muitas tradições em todo o mundo consideram o carvalho como uma árvore sagrada devido à sua robustez e majestosidade. Considerava-se que havia uma forte relação de poder com os céus pelo fato dos carvalhos atraírem os raios e, por esse motivo, controlarem os trovões e as tempestades. Na Idade Média, considerava-se que o carvalho tinha uma influência mágica sobre o tempo e a madeira de carvalho fazia parte das poções da feitiçaria que provocavam trovoadas e tempestades.
Era a árvore de Zeus, na Grécia, de Júpiter, em Roma, e de vários outros deuses do Norte e do Leste da Europa. O bosque da deusa Diana estava cheio de carvalhos que eram também o símbolo da deusa. As coroas que homenageavam os soldados romanos pelos seus feitos nas batalhas eram feitas de folhas de carvalho e bolotas.
O carvalho tem uma grande relevância na simbologia bíblica: Abraão recebeu as revelações de Deus junto a um carvalho, tanto em Hébron como em Siquém. O Antigo Testamento mencionava também que a morada de Abraão em Hebrón era junto a um frondoso carvalho.
Ulisses, na Odisseia, consulta o carvalho de Zeus no seu regresso a casa. Plínio, o Velho, mencionou os druidas celtas relacionando o seu nome com o nome celta de carvalho, duir, e por isso passaram a ser conhecidos posteriormente como “homens de carvalho”. Esta comparação devia-se ao fato dos druidas serem considerados homens de sabedoria e força, qualidades também atribuídas ao carvalho. Os celtas assumiram o carvalho como uma divindade e um símbolo de acolhimento ou lar e também uma espécie de templo, dado o seu forte tronco e os seus ramos e folhagens espessos. Por esta razão, na Irlanda, as igrejas eram chamadas de dairthech, “casas de carvalho”.
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Gosto tanto… Desde o tempo dos extintos Eau de L’Arc, lembra? Musgo de carvalho em sua melhor forma! Beijos
Eau de L’Arc… lembro do nome, mas o cheiro me escapa… que pena! Bjos!