Detchema, Revillon

Imaginem só né… falei aqui do Detchema como um perfume ‘perdido’, como algo fora da minha realidade, visto o valor de venda dos vintages ou da edição especial da Jovoy. Mas quem tem amigos tem tudo, e eu ganhei um decantão do Detchema vintage da querida Rosângela Correa! É ou não pra morrer de amor, gente?

Detchema foi lançado em 1953 e citado no clássico filme ‘O Bebê de Rosemary’. Aliás, ô filme para fazer referências a odores né? O Detchema, o pomander que Rosemary ganha de sua vizinha repleto de raiz da erva tannis…

Mas agora vamos direto ao ponto: o Detchema! É um perfume floral de muitas faces. Inicia com alta dose de aldeídos, o lactônico do pêssego, uma brevidade de neróli logo encoberta pela força do jacinto. Aliás o jacinto fica lindo combinado com o pêssego e os aldeídos, fica ainda mais verde, profundo e com cheiro de algo limpo, algo que foi esfregado. Quase sempre acho que jacintos têm um cheiro meio angelical, meio etéreo – e eu viajei bastante…

Depois de um tempo mostra um belíssimo bouquet floral: são cravos, rosas, jasmins, lírios! Ora são flores bem frescas, outra repletas de néctar e adocicadas, outra ainda são flores já quase murchas, com o jasmim deixando sua porção animalesca tomar conta junto com o cravo picante.

As notas de base de Detchema são um desafio, tem muita coisa ali! É couro, é sândalo, é almíscar, é vetiver (ai, agora viajei mais ainda! A raiz do vetiver me fez pensar na raiz da erva chamada tannis do filme), tem íris. É tudo: tem a selvageria do couro misturado ao vetiver, a maciez do almíscar mesclada a doçura e viscosidade do âmbar, a feminilidade do sândalo e da raiz de íris, que dão lá no finalzinho um breve efeito powdery ao perfume.

Perfume bem vintage, daqueles que não são mais vistos – e feitos – por aí. Um belísismo exemplo de perfume floral à moda antiga, sem gulodices culinárias, sem cheirinho de ‘roupa lavada’, sem bobices. Acho Detchema a cara dos anos 60/70. A cara da Twiggy, da revolução sexual que a pílula anticoncepcional permitiu, a cara do Grateful Dead, a cara dos vestidos de estampas geométricas, da mini-saia…

Notas de saída: aldeídos, pêssego, jacinto, neroli, bergamota.

Notas de coração: cravo, jasmim, ylang-ylang, lírio-do-vale, rosa.

Notas de fundo: couro,sândalo, fava tonka, âmbar, almíscar, raiz de íris, vetiver.

    

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2 comentários sobre “Detchema, Revillon

  1. Imaginei uma festança cheia de celebs nos idos de 1968 com essa sua descrição, Diana! Grande, selvagem, uma época em que propositalmente se confundiam os sentidos em viagens lisérgicas… Como você disse, há quem não consiga mais lidar com aromas curiosos, algo meio insosso predomina. Adoro essas “bombas” de outros tempos! Beijos

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