Seu nome é traduzido para ‘A Hora Azul’, e isso pode receber muitas interpretações: o momento do entardecer; uma esperança; a expectativa de uma resposta sobre algo muito esperado. Tudo isso pode ser ‘a hora azul’, para mim…
Foi criado em 1912 por Jacques Guerlain, e é todo nostalgia!
Li uma saga denominada ‘Trilogia O Século’, escrita pelo Ken Follet. O primeiro livro (‘Queda de Gigantes’) tem como cenário o mundo do pré, durante e pós 1ª Guerra Mundial. E L’Heure Bleue poderia ser a ‘trilha olfativa’ de tal livro. Ao mesmo tempo em que apresenta a riqueza e o luxo da aristocracia, mostras as infinitas dificuldades dos operários, classes sociais menos favorecidas e soldados no front. Aqui o perfume aparece duas vezes: na alva pele e roupas de tecidos luxuosos das damas da sociedade, frequentando eventos sociais e flertando com cavalheiros e aparece na obstinada perseverança das costureiras, das operárias, das mães solteiras, das criadas que sofrem os horrores da guerra sem perder a esperança de dias melhores e mais justos.
Delírios literários findos, vamos falar do perfume: tem a aura do início do século mas não soa datado como seus contemporâneos. É oriental floral, é rico em notas, e sim, é daqueles perfumes tão bem estruturados que fica difícil reconhecer notas olfativas, pois elas são entrelaçadas com tanta harmonia que senti-las ‘avulsas’ é tarefa para especialistas, coisa que estou longe de ser…
Notas de saída: anis, coentro, neróli, bergamota, limão siciliano.
Notas de coração: cravo (flor), orquídea, heliotrópio, jasmim, neróli, cravo-da-India, rosa búlgara, violeta, ylang-ylang, tuberosa.
Notas de fundo: íris, sândalo, almíscar, benjoin, baunilha, vetiver, fava-tonka.
Começa com toque herbal picante, especiarias, notas cítricas. Logo revela uma impressionante harmonia floral onde pude sentir a rosa, a violeta, o ylang-ylang. Sinto flores ‘quentes’ em L’Heure Bleue: como se eu estivesse em uma estufa cheia de flores, sem ventilação, sob sol do meio dia. São flores abafadas, cálidas, extremamente femininas e de uma elegância cheia de atitude: as flores-dama de L’Heure Bleue estão é loucas para arrancar os espartilhos e vestidos com metros e mais metros de tecido, colocar calças compridas e levar sua feminilidade forte para assistir e participar das mudanças sociais que estão por vir.
As notas de fundo são bem orientalizadas, com o toque levemente amargo-resinoso-medicinal do benjoin, o atalcado da íris, o amadeirado-doce do sândalo, o frescor exótico do vetiver e a inconfundível baunilha da casa Guerlain (o famoso ‘Guerlinade’).
L’Heure Bleue soube envelhecer sem perder a beleza e o encanto! É uma mulher madura, sábia, sedutora e que guardou no coração a esperança e a intensidade de seus 15 anos.
Um obra de arte!

Acho tããão forte! Intoxicante, mesmo!
Ele é, precisa ser comedido nas borrifadas, senão avoluma e te engole!
Que espetáculo de resenha, agora entendi porque ele é usado por uma personagem do livro de Diana gabaldon( Outlander), nossa tem tudo haver!
Obrigada, Katia