Sempre imagino um mercado indiano daqueles coloridíssimos e cheirosíssimos – mercado cenográfico tá, coisa de filme – sendo invadido por uma ruidosa manada de elefantes daqueles adornados para atrair turistas. A justa revolta dos elefantes anteriormente aprisionados pisoteando especiarias, frutas e colares de flores. E retornando à selva, de onde nunca deviam ter sido retirados…
Kenzo Jungle L’Elephant é estar ali no meio de tal mercado, ao mesmo tempo assustador e fascinante. Lotado de especiarias, exótico e imenso, desperta amor e ódio.
Da primeira vez que senti não tive nenhuma identificação. E fiquei rodando pra lá e pra cá com a amostrinha na bolsa, até que um dia resolvi dar outra chance. E daí aconteceu um amor tão forte, tão forte que no mesmo dia voltei pra casa com um vidro de 50ml.
L’Elephant começa com cravos doces – parece que estavam mergulhados na calda de alguma compota – e cominho em sua melhor forma: sementes recém colhidas e esmagadas que dão uma boa dose de selvageria ao perfume, faz pensar em suor!
O tempo passa, o perfume cresce: a manada se aproxima! Mangas suculentas, colares feitos gardênias, heliotrópio e ylang-ylang, tigelas de barro contendo cominho, cardamomo, sementes de erva-doce, noz-moscada, preparados de curry e masala! Que riqueza, que calor! Em alguns momentos sinto o delicioso cheiro de masala chai.
Depois de muitas horas, depois da espetacular e devastadora passagem da manada, o mercado tenta recuperar sua ordem. O que temos agora é um odor ambarino e dourado, salpicado com baunilha e ainda rescendendo especiarias.
Não recomendo compra ‘as cegas’, pois Jungle L’Elephant é daqueles que causa paixão ou repúdio. Foi criado em 1996 por Dominique Ropion.
Projeção estratosférica, fixação de mais de 8 horas. Cuidado com a quantidade de borrifadas.
Notas de saída: mandarina, cravo, cominho.
Notas de coração: alcarávia, manga, heliotrópio, ylang-ylang, alcaçuz, gardênia, cardamomo.
Notas de fundo: âmbar, patchouli, baunilha.
Leia excelentes resenhas sobre tal perfume nos links:
http://pimentavanilla.blogspot.com.br/2014/04/um-elefante-incomoda-muita-gente.html
http://www.parfumee.com.br/2014/06/um-elefante-incomoda-muita-gente-mas.html
Bacana essa resenha.
Dizem ter sido um dos perfumes de Hebe Camargo
Minha relação com ele é de amor, mas confesso que prefiro senti-lo no frasco do que em minha pele. No frasco é como se fosse especiarias fervendo no leite, mas na minha pele sobressai muiuuito o cravo.
Nem se for só uma borrifadinha de anda, Raquel?
Como é lindo, como é grande… Eu adoro! Junto com Samsara entra na classe “perfume de oferenda”, sagrado, temperado – e quente. É chegar uma massa de ar polar que o elefante sai do meu armário!
Beijos!
Que lindo isso, ‘perfume de oferenda’… o meu também, sai doido pra desfilar pelo mundo! Beijos!