
Dia 20 de novembro comemora-se o Dia da Consciência Negra. Seja eu mal entendida ou não, falarei do icônico perfume Golliwogg, da marca Vigny. Polêmico, esse frasco…
Golliwogg, o simpático personagem negro dos contos infantis virou perfume em 1919.
Alguns o acusam de fomentar o preconceito e chacotas contra negros, outros o defendem como ícone cultural afro-americano. Vivemos hoje em um mundo (teoricamente) politicamente correto. Na verdade acho que estamos nos tornando cada vez mais hipócritas e dogmáticos, não se pode falar nada: as palavras negro, gordo, gay, branquelo são todas consideradas ofensivas, é bullying… mas as atitudes das pessoas estão cada vez mais preconceituosas e radicais… pra variar, não combina o discurso com a atitude. Eu, a exemplo, sou branquela e gordinha, mas não me digam isso, fico uma vara mentira! Me pergunto onde vamos parar… Mas ok, não quero gerar polêmicas ou discussões…
Se o Golliwogg tinha intenção ofensiva e sarrista, não sei dizer, eu não estava lá. A questão é que ele foi tão importante que tinha bonecos, brinquedos, propagandas e até perfumes com a carinha dele!
Golliwogg era um personagem de livros infantis do final do século 19, descrito geralmente como um tipo de boneca de pano. Teve grande popularidade na América do Norte, Europa e Austrália em 1970. A boneca é caracterizada com pele negra, olhos contornados de branco, boca vermelha e cabelos crespos e volumosos.
A imagem da boneca tornou-se o assunto de debate. Enquanto alguns veem a golliwogg como um artefato cultural e inocente brinquedo, outros argumentam que a golliwogg é um exemplo de racismo contra pessoas de ascendência Africana. Afinal, o termo era usado pelos ingleses como um modo pejorativo de chamar pessoas de pele negra de origem asiática ou africana.
A escritora Florence Kate Upton nasceu em 1873 em Flushing, Nova York, filha de pais ingleses que haviam emigrado para os Estados Unidos há três anos. Após a morte de seu pai, ela se mudou de volta para a Inglaterra com sua mãe e irmãs, quando ela tinha quatorze anos. Lá, ela passou vários anos desenhando e desenvolvendo suas habilidades artísticas. A fim de pagar taxa de matrícula para a escola de arte, ela ilustrou um livro infantil intitulado “As Aventuras de Duas Bonecas Holandesas e um Golliwogg”. O livro incluiu um personagem chamado o Golliwogg, que foi descrito pela primeira vez como “uma visão horrível, o mais negro gnomo”, mas que rapidamente acabou por ser um personagem cativante e simpático. Ele usava calças vermelhas, uma camisa com um colarinho duro, gravata borboleta vermelha e um casaco azul com cauda.
O livro de Upton foram extremamente bem sucedidos na Inglaterra, em grande parte por causa da popularidade do Golliwogg. A boneca golliwogg tornou-se um brinquedo popular entre as crianças durante a maior parte do século 20, e foi incorporada em muitos aspectos do comércio e da cultura britânica. O Golliwogg de Upton era jovial, simpático e galante, mas alguns golliwoggs posteriores foram sinistros ou personagens ameaçadores.
O perfume Golliwogg:

A marca Vigny criou em 1919 o perfume chamado Golliwogg. Há diferentes tipos de frascos do perfume que são colecionáveis das décadas de 20 e 30 com a figura de Golliwogg. Eram frascos de perfume envoltos em uma caixa de cetim/seda rosa e em dois tamanhos com o rótulo de “Le Golliwogg, de Vigny, Paris França”. Há também um perfume Golliwogg lacrado por uma rolha e com cabeça de baquelite e outra coleção com 3 frascos de tamanhos diferentes na mesma embalagem.
O Golliwogg da Vigny é vendido atualmente por preços elevados (podem chegar a 400 dólares, taí o Ebay que não me deixa mentir…), dependendo das condições. É muito procurado por colecionadores de perfumes e de colecionadores de objetos da Cultura Negra.
Na Paris dos anos 20, Golliwogg tornou-se um tributo a cantora de jazz Josephine Baker e seria considerado um exemplo do africanismo e influência étnica na perfumaria. Atualmente o termo não é bem aceito.
Foi lançado em 1919 na França, e em 1925 nos EUA. A embalagem do perfume foi criado por Michel de Brunoff e seu irmão-de-lei Lucien Vogel (um dos fundadores da Vigny) – ambos o editores da Vogue francesa. O nariz por trás desta fragrância é Jacque Vogel.
Li por aí que ele se parecia com o Chanel N°5…
Eu acho o Golly um encanto! Adoraria ter um frasco de tal perfume…

Excelente post sobre o perfume Golliwogg aqui: http://maisqueperfume.blogspot.com.br/2008/12/ol-facts-special-x-mas-issueol-fatos.html
Interessante como marcou sua história na perfumaria, eu achava que Golliwogg era uma boneca, mas vejo que é um menino.Infelizmente hoje vivemos tempos politicamente chatos, a hipocrisia reina, seria impossível um lançamento desse perfume nessa década, gostaria de conhecer a fragrância desses loucos anos :20,30,40.
ótima matéria Diana!
Pois é, ao menos o personagem da autora citada era um garoto! Agora, se depois virou um termo para definir bonecas de pano em geral não sei dizer… O pior, Dino, é que estamos politicamente chatos e demagogos: fala-se com cuidado, age-se com falta de escrúpulos. O preconceito hoje é mais forte, para muitas minorias (que são maiorias, na verdade). Estamos é regredindo nessas questões… Imagina se o Golliwogg da Vigny fosse lançado hoje? Seria queimado em praça pública! Mas não dá pra negar que tal perfume é hoje um ícone! E eu acho o frasco lindíssimo!
Excelente post, Di. Esse Golliwogg é instigante, não tem como não ficar curiosa. Confesso que o frasco, desde o início me apavorou mas olha que eu ia amar ter esse ajeitadinho aí nesse bercinho de cetim pink!! Impressão minha ou o líquido dele também é rosado ( ou é reflexo…). BJus
Acho que é reflexo, vi em outras figuras que ele é daqueles amarelões mesmo! Mas é uma graça, vai!