Castóreo (Castoreum)

O castóreo é a secreção oleosa glandular do castor (Castor fiber, Castor canadensis), usado pelo animal para se impermeabilizar, engordurando sua pelagem. Tem ainda a função de demarcar território e atrair parceiros. As duas glândulas secretoras situam-se junto aos órgãos genitais do animal.

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Tem a cor parda, sólida, forte odor característico, é composta basicamente por colesterol, ácido benzóico e ácido salicílico, tendo seu uso em perfumaria e na farmacologia, como estimulante e antiespasmódico.

Existem dois tipos de castóreo: o extraído do castor-europeu e outro extraído do castor-americano. Tem consistência mole e untuosa quando fresca, e dura e quebradiça quando desidratada. De cor escura, tem odor forte e característico. O gosto é muito amargo.

Ao fim do século XIX já estava em desuso na medicina, mas era usado no preparo de certas pílulas.

O cheiro de castóreo é selvagem e corporal, lascivo e apaixonado, dando a quem usa uma aura de sensualidade delicada. O odor de castóreo é muitas vezes descrito como agudo, espalhando uma nota que lembra o odor de alcatrão, baunilha, bétula ou couro russo. Quando diluído em álcool, o aroma fica mais agradável e ganha nuances frutais.

‘Castoreum’ é derivado da palavra grega Κάστωρ (Kastor), que significa “castor”. Castor também foi um dos gêmeos da mitologia greco-romana. Castor e Pollux eram irmãos gêmeos que compartilhavam uma mesma mãe, mas tinham pais diferentes. Pollux era imortal, mas Castor não era. Quando Castor morreu, Zeus ouviu a oração de Pollux para compartilhar sua imortalidade com o irmão morto, e transformou os dois em estrelas unidas na constelação de Gêmeos. Também é dito que a origem da palavra grega parece estar ligado com uma palavra em sânscrito para musk, que era Kasturi.

Na verdade, castores foram caçados não exclusivamente por causa de suas glândulas, mas por sua carne, sua pele à prova d’água usada para fazer vestimentas – e por último – para a extração da secreção de suas duas glândulas anais presentes em ambos os sexos, usada para secretar o tal aroma com poder de atrativo sexual. Por esta razão, o castóreo ganhou a fama de afrodisíaco.

É conhecido na antiga e rudimentar medicina como remédio para a dor de cabeça, febre e histeria. Paracelso, um suíço renascentista médico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista, ensina sobre este óleo odorífero como cura para a epilepsia. Não há nenhuma evidência para apoiar a afirmação de que o castóreo tem propriedades medicinais, mas é sabido que os castores se alimentam da casca interna de salgueiro, que contém ácido salicílico, quimicamente semelhante ao componente ativo da aspirina.

Em tempos mais recentes, no início do século 20, a secreção obtida dos animais ainda era usada na produção de perfumes de luxo. Porém, muito antes – por volta do século 16 – este animal tinha sido caçado até a extinção na Escócia, e não para produção de fragrâncias…

Defensores dos Direitos dos Animais (eu, a exemplo), relaxem!

Hoje em dia é substituído por castóreo quimicamente sintetizado, o que é totalmente obtido a partir do laboratório. Não duvido que algumas marcas de nicho ainda utilizem o castóreo de origem animal, mas na grande indústria é tudo sintético! Ainda bem!

Alguns perfumes com castóreo sintético em sua formulação:

Shalimar, Guerlain

Opium, Yves Saint Laurent

Paloma Picasso, Paloma Picasso

Antaeus, Chanel

Yatagan, Caron

Cruel Intentions, By Kilian

Coeur de Vetiver Sacre, L’Artisan Parfumeur

Calamity J., Juliette Has a Gun

Excelente texto sobre aromas de origem animal no blog 1nariz, neste link: http://1nariz.com.br/2013/falando-perfumes/materiais-animais-em-perfumaria-ambergris-castoreum-civet-musk

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2 comentários sobre “Castóreo (Castoreum)

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