Chinatown, Bond N° 9

Entre as amostras luxuosas gentilmente cedidas pela amiga Andrea Faria estava o Chinatown.

Foi lançado em 2005, inspirado na Dinastia Ming e criado por Aurelien Guichard. Teve também uma edição comemorativa de 50 ml cravejada de cristais Swarovski

Chinatown é estranhamente bom. Começou com uma ondinha cítrica seguida de um turbilhão de flores brancas. Elas vão chegando sozinhas, depois aos pares, e logo está lá uma multidão delas! Gardênia, flor-de-laranjeira, tuberosa! E perdida ali no meio, uma nota frutal adocicada e sintética que não sei o nome, mas digo que junto com as flores brancas forma um acorde interessante: cheiro de batom aromatizado de frutas. Isso mesmo, aquela coisa que não é comestível, mas mesmo assim desperta a oralidade e dá vontade de ‘colocar na boca’, sabe?

E o tempo todo senti nele essa coisa cerosa, sintética e gustativa do batom de fruta. Claro que as flores brancas não deixam por menos, toda hora estão ali acenando, ora é a tuberosa, ora é a gardênia, depois a bela flor-de-laranjeira!

Depois de algumas horas senti tonalidades amadeiradas leitosas, cremosas. Depois alguma especiaria levemente picante, como um curry doce! Patchouli escondido entre as saias das flores brancas, ponderado e elegante. Coisa rara no patchouli…

O interessante é que tudo em Chinatown me parece sintético propositalmente. Não sei explicar, mas tudo nele é falsamente equilibrado. E esse acorde ceroso, gente, de onde vem? Parece manteiga de pétala de gardênia com casca de alguma fruta carnuda guardada em embalagem de borracha! É uma coisa meio ‘as flores de plástico não morrem’

Outra coisa: essas flores na embalagem são de pessegueiro ou de cerejeira? Seria isso? A mistura entre o cremoso das flores brancas e o contraste doce-azedinho-sumarento de frutas imaginárias? E essa coisa emborrachada, é das madeiras?

E Chinatown me fez viajar pra longe, para lugares de frutas sonhadas, de flores insidiosas e madeiras temperadas e gotejantes! Me fez ver que os cheiros que consideramos ‘sintéticos’ ou  ‘naturais’ são impressões vindas de vivências e experimentações anteriores.

Coisa bonita esse Chinatown, viu?

Notas de saída: bergamota, flor de pessegueiro.

Notas de coração: tuberosa, peônia, flor-de-laranjeira, gardênia.

Notas de fundo: patchouli, cedro, sândalo, madeira guáiaco, baunilha, cardamomo.

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9 comentários sobre “Chinatown, Bond N° 9

  1. Oi, Diana, ouvi falar que esse Bond º9 (que eu nunca tive o prazer de conhecer) é parecido com o Far Away Gold da Avon, vc sentiu alguma semelhança?

    Bjins

  2. Aiii que curiosidadeee!!! Porque o Brasil não compra óvulos como nos EUA? Daria uma boa grana vendendo para comprar esses perfumes.

    Dos bond tenho o I Love NY for All (aquele chocolate maravilhoso) e curioso MUITO com o New Harleen. E agora com o Chinatown. Ê….mais um pra lista…

  3. Só tenho o Chinatown porque na minha vizinha Argentina tem Bond nº 9 a um preço aceitável – não barato, mas aceitável – graças à economia capenga by Cristina Kirchner, que numa conversão maluca entre dólar e peso dá vantagem! (tem resenha dele no Parfumée). Eu acho que Chinatown traduz exatamente o cheiro das feirinhas chinesas, aquela mistura insana de condimento, flor, fritura de pastel e maquiagem. Delicioso e complexo.
    Meus próximos da lista Bond são: Brooklyn, Wall Street e Chez Bond (desse jeito ainda vou falir e ter que morar numa barraca de lona – mas cercada de perfumes!!!)

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