
“Se fosse dada a você a chance de sentir um único perfume encontrado dentro de uma das pirâmides do Egito, como ou qual seria esse aroma?”
E hoje a Mesa Redonda dos Blogs perfumados vai para a terra dos Faraós, com uma pergunta difícil! Um só perfume? Posso dar uma esticadinha aos aposentos de Cleópatra e conhecer sua coleção? O pacote da viagem não cobre tal passeio? Tá bom vai…
Vou revisitar um post antigo do blog, lá de maio de 2013. Vou falar do mítico kyphi, perfume dos Deuses!
Pegue seu protetor solar e vamos ao Egito!
A primeira referência ao kyphi é encontrada nos textos das pirâmides: é listado entre os bens que o rei vai desfrutar em vida após a morte. Existe um papiro que registra a doação e entrega de ervas e resinas para sua fabricação nos templos de Ramsés III. As instruções para a preparação de kyphi e listas de ingredientes são encontrados entre as inscrições da parede no templo de Edfu e Dendera, no Alto Egito.
Médicos gregos que estudaram a farmacologia egípcia citam o kyphi como um medicamento. Dioscorides estabelece a preparação de kyphi na sua ‘Materia Medica’ e esta é provavelmente a primeira descrição grega do material.

Para Isis e Osiris – nos comentários do historiador Plutarco – os sacerdotes egípcios queimavam incenso três vezes ao dia: pela manhã incenso (não sei qual, não achei referências), mirra ao meio-dia, e kyphi ao anoitecer. Plutarco observa ainda que a mistura chamada kyphi levava 16 ‘ingredientes’ e era usada como “uma poção e uma pomada”. No século VII o médico Paulo cita um kyphi ”lunar” de vinte e oito ingredientes e um kyphi “Solar” de trinta e seis.
Todas as receitas para kyphi fazem menção ao vinho, mel e passas. Outros ingredientes identificáveis incluem: canela, casca de cássia, os rizomas aromáticos de cyperus, cedro, bagas de zimbro, cana aromática, nardo e resinas como incenso, mirra, resina benjoim, labdanum e aroeira.

Alguns ingredientes permanecem obscuros. Receitas em grego e aramaico mencionam ‘aspalathos’, que Plínio descreve como a raiz de um arbusto espinhoso. Os estudiosos não concordam sobre a identidade deste arbusto: Alhagi maurorum, Convolvulus Scoparius, Calicotome villosa, Genista acanthoclada e, mais recentemente, Capparis spinosa foi sugerida.
O fabrico de kyphi tal como indicado no texto de Edfu envolve a mistura e envelhecimento de dezesseis ingredientes em sequência. O resultado era enrolado em ‘bolas’ e colocado sobre brasas para liberar uma fumaça perfumada.
Outras referências aos perfumes egípcios:
Quando o túmulo do jovem faraó Tutancâmon foi aberto, entre os conteúdos de luxo encontrados, estavam vários frascos muito bem trabalhados e contêineres. Entre eles, um frasco especial para ungüento, ainda perfumado, depois de tantos séculos encerrado.

‘Aproveita, freguesia! Leva 2 e paga 1!’
Unguento é a palavra clássica usado para descrever uma pomada ou um perfume sólido. Perfumes egípcios eram muito diferentes na textura dos líquidos agora considerados “perfumes”. Para uma comparação, considere os perfumes sólidos atualmente importados da Índia, embalados em pequenos recipientes de madeira ou de pedra esculpida (a semelhança é na textura, apresentação e aparência, não necessariamente na fragrância).

O ungüento perfumado encontrado na tumba de Tutancâmon era de natureza sólida, embora notou-se que ele derreteu e se tornou mais viscoso por causa do calor ao qual foi exposto. Observadores da época citam o aroma similar ao óleo de coco e também lembrando o cheiro de valeriana (Valeriana officinalis), a primeira dica para que o frasco continha provavelmente.
O perfume foi analisado em 1926 e verificou-se consistir de gordura animal e de uma resina ou bálsamo. Na época eles eram incapazes de ser mais específicos. No entanto, o componente perfumado primário é acreditado agora para ser primo de valeriana, o antigo e precioso nardo (Nardostachys jatamansi).

A reputação do nardo reputação é antiga. É um ingrediente em algumas fórmulas do kyphi e também foi um componente do incenso sagrado oferecido no templo judaico de Jerusalém. Ele é mencionado nada menos que três vezes no Cântico dos Cânticos. Foi ungüento de nardo puro, que Maria Madalena usou para untar os pés de Jesus Cristo, enchendo a sala inteira com seu aroma. Ao invés de sua fragrância maravilhosa, porém, o que é o mais famoso sobre nardo é seu alto custo. Dois dos evangelhos comentam sobre o seu preço. Judas Iscariotes foi aparentemente ofendido com a unção de Jesus, querendo saber por que o frasco da pomada não foi vendido e os recursos se deu aos pobres. À luz da sua descoberta na tumba de Tutancâmon, ele pode ser apreciado que nardo era verdadeiramente uma fragrância para reis.

Hoje, o nardo está disponível como um óleo essencial. Rizomas e raízes secas e trituradas submetidas à destilação a vapor resulta em um líquido dourado pálido. Qual é o cheiro? Nardo puro, segundo fontes, tem um aroma profundo e complexo, uma combinação doce/picante/almiscarado, cheiro de terra muito orgânico. Desejei…
A recriação historicamente correta de unguento precioso de Tutankhamon pode envolver gordura animal para a base. A versão mais atual poderia usar o óleo de coco ou jojoba.
Perfume de Tutankhamon:
Um quarto xícara de óleo de coco/jojoba
6 gotas de óleo essencial de nardo
6 gotas de óleo essencial de olíbano
Será que Tuth venderia um decant?
Quer continuar no Egito? Visite:
Tô é boba com a riqueza de informações aqui neste post. Adorei! Terei que ler, e isso será um prazer, novamente com mais calma para anotar coisas….
Onde encontro esse o óleo de nardo? Existe? Já foi atrás? Quero!!!!!!
Assim como quero um kyphi solar e um ky phi lunar.
Ai, não posso com essas coisas…tudo tão místico!!
Bjus
Li
Não pesquisei sobre óleo de nardo, mas acredito que teria que vender um rim para comprar pequena fração! Tbém quero um lunar e um solar, e os dois pelo preço de um! Ahá!
Bjos!
MARAVILHOSO!
Começando pela “espiadinha” nos aposentos de Cleópatra e me deixando doido para ganhar um pouco do tal kyphi.
E ainda temos, pra variar, incenso…acho que este sim vai dominar todos os posts desta rodada!
Cassiano, tbém acho que o incenso reinará soberano viu? Imagina todos nós se acotovelando por um tiquinho do precioso kyphi? Abraços, Cassiano!
Adorei o “protetor solar”!
Texto de primeira, Diana!
Obs: Preciso de umas gotas desse Kyphi (rsrsrsrs)!
Precisamos, Cris! Obrigada pelo elogio, venha sempre visitar o blog, será um prazer! Bjos!
Menina! desejei também. Ah este nardo maravilhoso, raro e caro…E que viagem estas formulações de Kyphi. Seria perfeito se além do deslocamento geográfico pudéssemos viajar no tempo e visitar os mercados deste Egito antigo.Eu não conseguiria escolher o que carregar. Beijocas de Elisabeth
Nem fala, Beth! Já pensou nosso grupinho perfumólatra fazendo a limpa nas barracas do mercado da antiguidade egípcia? Ia deixar até minhas calças… Bjo!