E hoje temos os versos do poeta, escritor e dramaturgo do romantismo português, Almeida Garrett!
Perfume da Rosa
Quem bebe, rosa, o perfume
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? ou que nume
Com esse aroma delira?
Qual é o deus que, namorado,
De seu trono te ajoelha,
E esse néctar encantado
Bebe oculto, humilde abelha?
– Ninguém? – Mentiste: essa frente
Em languidez inclinada,
Quem ta pôs assim pendente?
Dize, rosa namorada.
E a cor de púrpura viva
Como assim te desmaiou?
e essa palidez lasciva
Nas folhas quem ta pintou?
Os espinhos que tão duros
Tinhas na rama lustrosa,
Com que magos esconjuros
Tos desarmam, ó rosa?
E porquê, na hástea sentida
Tremes tanto ao pôr do sol?
Porque escutas tão rendida
O canto do rouxinol?
Que eu não ouvi um suspiro
Sussurrar-te na folhagem?
Nas águas desse retiro
Não espreitei a tua imagem?
Não a vi aflita, ansiada…
– Era de prazer ou dor? –
Mentiste, rosa, és amada,
E também tu amas, flor.
Mas ai! se não for um nume
O que em teu seio delira,
Há-de matá-lo o perfume
Que nesse aroma respira.
(Almeida Garrett, in Folhas Caídas, 1853)
lindo poema, pena que nós brasileiros não gostamos de poesias, aliás fico estarrecida quando vejo alguém que nem livros gostam, quando vou a praia gosto de levar um livro, as pessoas preferem revistas de fofocas.
tenho certeza ou quase que não existe esse tipo de perfume, o que existe é olhar e sentir-se irresistivelmente atraída por alguém, e o perfume que estiver usando na hora do bate papo, seja ele qual for, agradar a pessoa, é como comprar, creme dental para deixar os dentes brancos, ou como comprar determinado shampoo, que prometem deixar seu cabelo lindo, tudo marketing de vendas, para pessoas ignorantes, quanto a poesia é linda.
Certamente, Margarida…