Bem-vindo, inverno!
Na Rússia o perfume já é conhecido de outros carnavais (embora não seja assim tão popular, segundo fontes), foi lançado em 1992 e foi o primeiro perfume do estilista Slava Zaitsev. Seu nome, se formos traduzir, é velho conhecido nosso: Marusja ou Maria!
O que é que essa Maria tem? Tem o inverno, tem o vento frio, tem os casacões, a maquiagem pesada que aqui serve mais para proteger a pele do que para embelezar. Tem gorro, luva, cachecol, botas forradas, batom cor-de-vinho, tem dose de vodca… Em outras palavras, Maroussia é perfume para dias frios, de ventos rasgantes.
Tem uma profusão de notas florais intensas, tem notas de fundo animálicas. Nas verdade, ele tem tantos ‘cheiros’ que fica difícil falar deles, mas vou tentar…
Maroussia começa com aldeídos e algo frutal-sintético que me faz pensar em morangos imaginários. Nada de morango de brilho labial, nada de morango de boneca, nada de morango natural. Morangos que talvez só existam na minha cabeça: morangos de cera!
Profusão (e confusão!) floral, uma breve ‘surra de buquê’: ylang-ylang, rosa, tuberosa, jasmim, cravo, heliotrópio e muitas outras que não sei nomear… aqui me faz pensar em flores carnudas, cerosas e maquiagem antiga, daquela que cobiçávamos quando crianças nas penteadeiras de nossas mães. Me lembra o cheiro de um antigo batom Helena Rubinstein que eu passava escondido para em seguida lamber os lábios e sentir o ‘gosto do cheiro’, sabe?
As notas finais de Maroussia demoram a aparecer, e pendem bem pro animálico resinoso. Para mim tem cheiro de casaco de lã que foi guardado no armário, mas guardou nuances do perfume e da pele da pessoa que o usou nos últimos dias.
Maroussia é belo e confuso. Como a Rússia deve ser.
Agora, nerd velha-guarda que sou, faço uma abstração: assistiram Cavaleiros do Zodíaco? Então, Maroussia é o perfume que a Aurora, a bela e falecida mãe do Hyoga usaria…
Notas de saída: aldeídos, flor-de-laranjeira, pêssego, bergamota.
Notas de coração: cravo, tuberosa, íris, ylang-ylang, orquídea, jasmim, rosa, lírio-do-vale, heliotrópio.
Notas de fundo: sândalo, baunilha, âmbar, fava tonka, civeta, almíscar, benjoim, cedro.
Maroussia é completamente diferente se provado em um dia quente: se torna sufocante. Mas nos dias frios ele é fonte de calor, é um ‘casaco-líquido’!
(post republicado)