Entre as amostras que recebi da Li, está o raro, descontinuado e exótico King Kong, da Kenzo.
Tal perfume foi o primeiro do designer japonês, foi criado em 1978 e eu diria que ‘mora’ na mesma selva que seus irmãos mais novos, o Tigre e o Elefante.
Quando recebi o flaconete, movida pela curiosidade logo passei no pulso e fiquei tentado adivinhar notas. Pensei logo em folhas de menta/hortelã amassadas, especiarias, bálsamos dourados, âmbar, madeira úmida e senti algo terroso que não soube dizer se era ou não patchouli, pois não era tão doce.
Quando li as notas reais do perfume, veio a surpresa: nada de patchouli (então o aroma de madeira úmida e a tonalidade terrosa devem ter vindo do musgo-de-carvalho), muitas especiarias, âmbar e bananas! E aí lembrei de uma passagem do livro ‘Clarissa’, do Erico Veríssimo, onde a personagem fica em dúvida quanto a qual fruta comprar na quitanda: morangos suculentos ou bananas descritas como pastosas e doces…
Pois é: bananas! Como bons primatas, Kong e eu gostamos.
No perfume aparece levemente licorosa, dourada. É o tal ‘bálsamo dourado’ de minha percepção. Parece o aroma de uma sensacional cachaça de banana que comprei uma uma loja de souvenir dentro do Horto Florestal, em Campos dos Jordão…
As especiarias e o âmbar nos levam ao tropical e deslumbrante coração dessa selva, onde existem animais, frutos e plantas nunca antes vistos. Tudo têm cheiros, cores e sabores tão intensos…
Notas: banana, especiarias, cravo-da-Índia, menta, notas verdes, musgo-de-carvalho, resinas, âmbar, rosa.
King Kong é intenso, latente, orgânico, pulsante. Tem uma sensualidade forte, indiscreta, instintiva. Com a evolução ganha um quê de couro, animálico. Suas especiarias e resinas são pura luxúria e fartura.
No começo achei o nome ‘King Kong’ meio sem pé nem cabeça, mas agora acho que ele não poderia ser mais adequado: forte, instintivo, intenso, apaixonado, viril, arquetípico.
Acho que me apaixonei por esse macacão…
Sempre quis conhecer… Deve ser muito louco!
E é uma grata surpresa viu?
Acho que nunca experimentaria um perfume com esse nome. Azar o meu, né?
Completamente, Lili! Olha, o que eu tenho aprendido a cada dia é não julgar perfumes pelos frascos (bonitos ou feios) ou pelos nomes…
Sou suspeita…um dos perfumes que eu mais amo. Não sentiu a “nota” de gasolina?
A evolução dele é uma loucura, rosa, cravo e especiarias. Único.
PS: Clarissa…tinha esquecido desse livro…lindinho.
Não senti a gasolina não, mas achei que tinha algo de querosene. Achei que era viagem… vou ver melhor, Li! Obrigada por me apresentar a esse precioso!
Querosene…enfim, tudo derivado do petróleo, rs. Que tem algo assim, tem. Só senti essa nota até hoje no Fahrenheit, que amo também. O que será que é isso? Nunca descobri…acho que vou apelar pros conhecimentos do Henrique!
Pois é! No Fahrenheit sinto gasolina, e confesso que acho ele sufocante! Não me agrada. Mas qdo descobrir me avisa!