No clássico livro ‘Moby Dick’ (1851) de Herman Melville existe um capítulo todinho dedicado ao Ambergris! A quem tiver a obra em mãos, é o Capítulo 92, intitulado ‘Ambergris’. O livro conta sobre um cachalote que fora ferido várias vezes por baleeiros e luta para destrui-los (vai Moby!!!).
Além da descrição das aventuras do narrador e suas reflexões pessoais, o livro trás trechos sobre métodos de caça, arpões, a cor branca (cor de Moby Dick), detalhes sobre as embarcações e seu funcionamento e o armazenamento de produtos extraídos das baleias. Não podia faltar o precioso Ambergris!
Seguem trechos (muito mal traduzidos) do original. Se alguém se dispor a traduzir de melhor forma, agradeço!
Embora a palavra ambergris nos lembre do âmbar cinzento, as duas substâncias são bastante distintas. O âmbar, embora às vezes encontrado na costa do mar, é também desenterrado em algum distante solo interior, enquanto ambergris nunca é encontrado longe do mar.
Além disso, âmbar é duro, transparente, frágil, inodoro, substância usada para tubos, para contas e em joias; ambergris é macio, ceroso, e assim altamente perfumado e picante, que é largamente utilizado em perfumaria, pastilhas, velas preciosas e pomada. Os turcos usá-lo na culinária, e também levam para Meca, para a mesma finalidade que o incenso é transportada para St. Pedro, em Roma.
Quem iria pensar, então, que essas senhoras finas e Deputados devem deliciar-se com uma essência encontrada nas entranhas inglória de uma baleia doente! Ainda assim é. Para alguns, ambergris é suposto de ser a causa, e para outros, o efeito da dispepsia na baleia. Curar tal dispesia seria difícil, a não ser através da administração três ou quatro cargas de barco de pílulas de Brandreth…
Esqueci de dizer que foram encontradas neste ambergris, fragmentos duros, redondos, placas ósseas, que a princípio pensei que poderiam ser botões das roupas dos marinheiros; mas depois descobriu-se que eles não eram nada mais do que pedaços de ossos de lula embalsamados dessa forma. O perfumado ambergris encontrado no coração de tanta decadência… como isso semeado em desonra, ressuscita em glória!
Eu digo, que o movimento de bolhas de uma baleia em cima de água dispensa um perfume, como quando uma senhora com aroma de musk faz sussurrar seu vestido em um ambiente aconchegante ou salão. A que então comparo o cachalote para fragrância, considerando sua magnitude? Deve ser o daquele elefante famoso, perfumado com mirra, que foi levado para fora de uma cidade indiana para honrar a Alexandre, o Grande?
O original em inglês está aqui: http://www.planetpdf.com/planetpdf/pdfs/free_ebooks/Moby_Dick_NT.pdf
Tem um livro, chamado “No coração do Mar” que conta um pouco mais as histórias de Nantucket, e como as pessoas da ilha aproveitavam todo o possível das baleias, inclusive o Ambergris. É algo curioso, um aroma vivo, orgânico… O Vents et Marees da Molinard é um ambergris que me apaixona! Beijos
Vou buscar esse livro Pris! Estou lendo a série “Crônicas das Trevas Antigas”, que teoricamente, é literatura infanto-juvenil, e as tribos descritas falam sobre o aproveitamento total das presas que abatem! Muito legal isso! Bjos!
Adorei a ideia de usar a literatura pra ilustrar o assunto em torno da perfumaria… Deu ate vontade de reler Moby Dick (ai as tardes na casa da minha avó).
Esse blog tem o “dom” de me transportar no tempo e espaço hahaha. Me vi agora com pouco mais de uma década de vida, sentado sobre o tapete com motivos de flamingos misturados a peças de quebra-cabeça no chão da sala da minha avó. Lendo esse e outros clássicos da literatura dita “infanto-juvenil” …
tomara que tenha mais post assim Diana :]
Rafael, faz uma busca do título “Perfumados Fragmentos Literários”. Vai achar muita coisa que já passou pelo blog!
Adoro suas lembranças… e de infanto-juvenil nada tem Moby Dick…
humm vdd tem mais coisa mesmo (nao sabia rs..) adorei. Adorei o da Clarice Lispector como sempre estabelece um alto nível de delicadeza e percepção as coisas, e em especial aos perfumes né. ” perfumar-se era um ato secreto e quase religioso” (lindo)
Lembranças … o que seria de nossa existência sem elas não é mesmo? 🙂
Não seríamos, Rafael… 🙂
Eu só sei que eu não tava pronta pra ler Moby Dick quando me obrigaram. O melhor sonífero que eu tive no comecinho da minha adolescência foi esse livro. hahahahahaha
Não me lembro de quase nada dele. Li no ensino medio e tbem nao estava pronta. Mas o que me matou de tedio foi o Memorias de um Sargento de Milicias. Fico com sono so de falar nele…
Muito felizmente o âmbar usado atualmente é o sintético, né….achar o natural, boiando no mar e curtido pelo sol, ou na areia da praia deve ser uma p. raridade(que se dane a perfumaria neste ponto, deixemos os animais em paz). Diana, tenho em minha coleção o Ambre Gris, de Pierre Balmain, comprado numa pechincha num site nacional…conhece? É divino. Abs.
Com certeza! Li faz pouco tempo a notícia que um cachorro achou em uma praia um blocão de ambergris! Imagina! O Ambre Gris da Balmain e lindo! Confortavel, em dias frios é uma mantinha! O que nunca acho é pechinchas em sites nacionais… e sem duvida, nada justifica a exploracao de animais, NADA. Me enjoa ver noticias dos povos orientais, em sua maioria chineses, que ainda arrancam peles de animais vivos, mantém ursos em cativeiros para extracão de bile ou outros. Deviam sofrer as mesmas coisas…
Abracos, Bira!