Fracas, Robert Piguet

Ah, o Fracas… fui apresentada a ele pela amiga Ju Toledo, outra apaixonada pela perfumaria!
Fracas é imperativo! É um ode a tuberosa. Aliás, Fracas é lotado, pleno, explosivo de tuberosas! 
Foi criado em 1948 e re-lançado em 1998. O perfumista ‘pai’ da criação é Germaine Cellier.
A partir do momento que senti Fracas na pele tive a certeza de que todos os perfumes ‘modernos’ e atuais que levam tuberosa além da medida (como o Truth or Dare da Madonna ou o Infusion de Tubereuse da Prada, só para citar dois exemplos bem conhecidos), beberam na fonte de ousadia e provocação do Fracas!
Notas de saída: flor-de-laranjeira, mandarina, folhas verdes, pêssego, jacinto, bergamota.
Notas de coração: cravo (flor), tuberosa, raíz de violeta, coentro, gerânio, osmanthus, jasmim, lírio-do-vale, íris branca, rosa, narciso, gardênia.
Notas de fundo: sândalo, âmbar, almíscar, musgo-de-carvalho, cedro, vetiver.
Conto agora o que eu sinto em Fracas: no primeiro momento, explosão de tuberosas! Depois de tal ‘nocaute’, sinto levemente a flor-de-laranjeira e algo verde, de folhas levemente maceradas. O bouquet floral das notas de coração é maravilhoso e cheio de nuances, embora a pretenciosa e imperativa tuberosa domine a composição! Sinto a gardênia bem pronunciada, em alguns momentos ela até ‘briga’ pela atenção com a tuberosa. Tem sim uma nota ultra-feminina e poeirenta, acredito que vinda da íris e da raíz de violeta, tem o ‘picante’ do coentro e do jasmim. E se tivesse um pinguinho de Datura aí… Como será que ficaria, heim?
As notas de fundo são doces, macias e com toque fresco, acredito que vindos do vetiver e do musgo-de-carvalho. 
Fracas é um perfume intenso! Não tem nada de ‘menina’ nele, nada de frufru! É narcótico, sexy, quente, inebriante!
Não espere um ‘banho de flores brancas’ e sim uma surra delas. 
Quanto a mim, pode bater, Fracas…
 

Encontro Perfumado da APP!

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Vou contar uma coisa pra vocês… Existe um grupo de admiradores de perfumaria. Mas não é um grupo qualquer. Ele se reúne todos os dias nas redes sociais, facebook, orkut (não, ele não morreu, nossa comunidade lá é muito ativa) e no último sábado, dia dez de agosto, tal grupo resolveu sair do mundo virtual e se encontrar pessoalmente! Falo da ‘Apaixonados por Perfumes’, carinhosamente apelidada de APP pelos membros! 
Foi minha primeira vez no encontro, mas essas ‘festas’ acontecem com certa frequência. A maioria dos participantes é de São Paulo, Grande São Paulo, ABC, mas veio gente do lá do Rio de Janeiro para prestigiar e compartilhar esses momentos! 
Tudo foi organizado pela querida Elaine de Andrade Testa, moderadora dos grupos virtuais e conhecida de todos amantes da boa perfumaria! 
E foi assim: imagine um salão de festas bonito, amplo, organizado. Imagine mais de 30 pessoas cheirosas e de bom gosto. Imagine um buffet de crepes. Imagine duas mesas: uma lotada de perfumes das mais variadas marcas, tamanhos e cores, outra cheia de desapegos tentadores…
 
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Imagine que essas pessoas tiveram o prazer de ficar das duas da tarde até depois das dez da noite experimentando, conhecendo, compartilhando informações e impressões, borrifando os líquidos preciosos de cada um daqueles frascos bonitos! E tinha de tudo: perfumes de nicho (Killian, Amouage, Montale, Serge Lutens, Kerosene, coleções exclusivas da Hermès e Guerlain – tá bom? Chega né?), lançamentos, amostras, frações, perfumes árabes e muitos daqueles que só vimos nas lojas estrangeiras e sempre quisemos conhecer! Conhecer parte da coleção de cada um foi demais! Cada coleção bonita que só vendo!
E os participantes desse evento, o que dizer? Pessoas maravilhosas, interessantes, animadas, honestas e que levaram seus melhores e mais queridos perfumes para os demais conhecer, experimentar, tirar amostras, aumentar suas listas de desejos e sonhos. 
E ainda teve mais: a querida Patrícia Carvalho fez uma parceria com a Época Cosméticos, que generosamente forneceu uma série de presentes para o sorteio (sim, além de tudo teve sorteio de presentes!). Foram sacolinhas recheadas de perfumes, amostras, bolsas e muitos outros brindes perfumados! Só temos a agradecer a Época por tanta delicadeza! 
 
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O condutor do sorteio? O Fábio Parra! Divertidíssimo, fez imitações, mil piadas (todas de bom gosto, claro), abrilhantou ainda mais o momento! 
Tivemos a honra de ter participado do Encontro Perfumado! Foi uma tarde incrível, rodeada de pessoas incríveis e perfumes tão maravilhosos quanto seus ‘donos’! 
Penso no pessoal do buffet: se tinha alguém alérgico lá, saiu direto pro hospital… 
Agradecemos demais pelo convite, pela oportunidade de conhecer e abraçar pessoas tão queridas que fazem parte do nosso dia-a-dia, mesmo que virtualmente. Claro, conhecíamos algumas delas pessoalmente, mas conhecer todos de uma só vez é bem melhor! Agradecemos a Época Cosméticos pela gentileza e parceria e a Elaine, que abriu as portas de sua casa e organizou tão delicioso evento!
E que venham os próximos!
 

Cristalle EDP, Chanel

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E eu que não gostava de perfumes ‘verdes’, acabei fisgada pelo Cristalle… Achei tal preciosidade em um passeio na região da 25 de Março com a querida amiga Valéria Miranda. Ela comprou, eu queria, ela se arrependeu, eu fiquei com ele! Estava predestinado, viu?

A versão Eau de Parfum de Cristalle foi lançada em 1993 e criada pelo nariz Jacques Polge (o original, na concentração EDT foi criado em 1974 por Henri Robert).
Entre suas notas estão: limão, ervas frescas, musgo de carvalho, bergamota, junquilho, jasmim, madressilva, pau-rosa, jacinto e vetiver. Mais verde, seco, adstringente e compartilhável impossível né? 
Abre com notas limpas, cítricas e herbais. Sinto limão, tomilho, hortelã, petitgrain (minha percepção, não exatamente as notas constam na composição). Depois de algum tempo sinto notas florais, vindas de flores ‘bulbosas’, que achei ser narciso ou angélica, mas errei, é o jacinto! A nota de madressilva é semelhante a apresentada no Le Chevrefeuille, da marca Annick Goutal: fresca, ainda não desabrochada, com toque adocicado.
As notas de fundo são de tonalidade verde-picante, levemente adocicadas. Sinto bem o musgo-de-carvalho profundo e lenhoso, o vetiver luminoso e pungente, a madeira recém cortada! 
Depois de algumas horas adquire o aroma de sabonte fino e empresta frescor e luminosidade a pele. Se é ‘datado’? Depende do ponto de vista. É diferente de tudo que a perfumaria têm nos apresentado… É seco. ‘Perfume de madame’, definiu uma colega…
Imagino Marlene Dietrich com seus trajes muitas vezes andróginos exalando Cristalle EDP…
Cristalle é elegante, clássico, limpo e radiante! Brilha!
 
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Fava Tonka (Cumarina)

A fava tonka é um dos ingredientes mais comuns na perfumaria. São sementes escuras e enrugadas da planta Dipteryx odorata (muitas vezes chamada de “cumaru” ou “kumaru”). Também são encontradas em numerosos outros produtos, tais como sabões e tabaco, onde é utilizada para melhorar aroma. Pertence à família Fabriceae de plantas e é nativa da América do Sul. Alguns dos maiores produtores mundiais são o Brasil, Venezuela e Guiana. O nome “Tonka” se origina a partir da linguagem Galibi, nativa da população da Guiana Francesa. A palavra Galibi tonqua ou tonquin significa “feijão”.
 
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Na tradição pagã acredita-se que a fava tonka tenha propriedades mágicas. Acredita-se que as sementes esmagadas misturadas com chá de ervas pode ajudar a curar a alma, aliviar sintomas de depressão e confusão, afastar pensamentos negativos e estimular o sistema imunológico.
A jornada da fava tonka para a perfumaria começa em 1793, quando o fruto do cumaru foi apresentado pela primeira vez para os franceses. A planta foi cultivada e cresceu como uma árvore tropical com belas flores roxas que originam a fava de superfície rugosa, cor marrom escura e com aroma de baunilha, canela, açafrão, amêndoa e cravo.
A fava tonka pertence à categoria oriental de notas de perfumaria. Ela compartilha algumas das características comuns com o tabaco e âmbar, e vai bem com patchouli, sândalo, rosa, casca de limão e lavanda.
O absoluto de fava tonka é obtido por imersão feijão tonka em pelo período de 12 a 24 horas. Os grãos são em seguida secos para deixar que os cristais brancos de cumarina, apareçam na superfície. Estes cristais são conhecidos por intensificar aromas do óleo essencial durante a extração. A cumarina tem sabor muito amargo, sinalizando que doses maiores de feijão tonka pode provocar sérios danos ao fígado, e até mesmo ser fatal. Os grãos são proibidos para consumo alimentício nos EUA, apesar de inúmeras receitas antigas ainda listar aromas cumarina para molhos, bolos e sorvetes. Hoje em dia, a cumarina natural para fins alimentares foi completamente substituída por produtos sintéticos.
 
Veja mais sobre a Cumarina aqui: http://www.madsaopaulo.com.br/arvore.php?id=25
 
 
 

Fleur Defendue (Forbidden Flower), Lolita Lempicka

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‘A Flor Proibida’, mais um perfume para as dríades fãs da marca Lolita Lempicka! 
Fleur Defendue (ou Forbidden Flower) foi lançado em 2008, criado por Annick Menardo e pouco diferencia do ‘Le Premier Perfume’ ou do EDT do Lolita tradicional.
Porém, mesmo com pouca diferenciação, Fleur Defendue seduz! Brinca com a dualidade doce-amargo, afável-arisco, terreno-místico. 
Para mim, Lolita Lempicka faz perfumes para ninfas, dríades e fadas! Eles têm uma aura mágica, a começar pela embalagem simbólica, a maçã símbolo do pecado, da juventude, do amor! Na mitologia grega a maçã esteve associada à figura da deusa do amor, da beleza e da sedução, Afrodite.
No Jardim de Hespérides, o pomar de Hera, crescem árvores que dão maçãs douradas da imortalidade. No local está o dragão Ladão, vigia de Hera contra invasores. Um dos doze trabalhos de Hércules era justamente roubar pomos de ouro do jardim.
Na mitologia nórdica, maçãs douradas garantem a vida eterna e juventude permanente para os deuses, e são cultivadas pela deusa Iduna.
Na mitologia cristã a maçã simboloza o pecado, a tentação, a perdição de Adão e Eva.
Fleur Defendue abre com notas amargas, verdes. Sabe aquelas plantas que tem uma seiva leitosa dentro de seus caules? Que tem o cheiro amargo de fundo doce? Então! Ele inicia assim… Logo aparecem notas florais empoeiradas e terrosas, seguidas de ums interessante e curioso cheiro de terra molhada, de raízes e ervas esmagadas. A erva-doce (ou anis) faz uma bonita participação: não tem cheiro de ‘creme para as mãos’, mas sim cheiro de infusão forte, doce e quase narcótica. Poção!
Parece que choveu forte em um jardim, e a terra revolta e as flores e ervas caídas/esmagadas/pisoteadas pelas pessoas fugindo da precipitação desprendem tal aroma… Pela primeira vez sinto em um perfume aroma terroso que não provém do patchouli!
Depois ainda aparecem notas amendoadas, leitosas, rubras e macias! Perfeitamente, leite de amêndoas com cerejas! Dançam na floresta das dríades o amargo das ervas e folhas, o aroma pungente da terra molhada, as flores empoeiradas e aristocráticas, o doce invernal da mistura natalina amêndoas-cereja! 
Um rito pagão, inebriante, proibido, como já diz o nome…
Notas de saída: folhas me morango, mimosa, artemísia, notas verdes.
Notas de coração: peônia, violeta, anis, íris. 
Notas de fundo: amêndoas, cereja, almíscar.
 

 

Reverence, Princesse Marina de Bourbon

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Que nome adequado para tal fragrância! Perfume de princesa, de menina-moça! Perfume de delicadeza, de sensualidade discreta, de tardes ensolaradas!

Reverence, tanto no frasco quanto na fragrância, nos leva a um palácio moderno, arejado, de janelas abertas, flores e bacias de água fresca com rodelas de frutas cítricas (as conhecidas lavandas) perfumando e enfeitando os ambientes!

Foi criado em 2007 e teve como modelo de sua campanha publicitária a modelo romena Cristiana Grasu, fotografada no Chateau Laffite, na França.

Embora tenha se inspirado na nobreza, nada tem de renascentista ou rebuscado. É para princesas modernas, cheias de viço, sem apertados e incômodos espartilhos. Tais princesas usam vestidos vaporosos, jogam tênis e passam o verão em Cote d’Azur…

Notas de saída: bergamota, especiarias, pimenta-preta.

Notas de coração: jasmim, rosa, notas frutais, chá, ameixa.

Notas de fundo: musk e sândalo.

Difere das criações anteriores (ao menos as que eu conheça) da linha Marina de Bourbon. É um floral-verde-frutado delicado imponente! Abre com notas cítricas (lembra-me o aroma de lima-da-pérsia) levemente picantes, são especiarias delicadas e em pouca quantidade, como se fosse um prato preparado para paladares sensíveis. As flores são vívidas, frescas, recém colhidas. Rosas-chá com o toque sensual do jasmim, misturado a notas frutais levemente adocicadas. Parece pêra, parece nectarina, parece pêssego maduro. O fundo é almiscarado, de tonalidade amadeirada e esverdeada. Lenha verde, sabe?

Reverence me agrada! Pelo frasco belíssimo, pelo aroma descompromissado, diurno e jovem, mas sem ser infantil ou piegas.

 

 

Colônia Johnson’s Baby Lasting Blooms

Resolvi comprar uma colônia Johnson’s Baby. Comprei no Ebay uma fragrância da linha que não temos por aqui! Antes de falar dela, vou falar um pouco da lavanda tão querida por todos e que faz parte da história de todos nós!

Antes, um pouco da história da marca, retirada do blog Mundo das Marcas (http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2010/08/johnsons-baby.html)…

“Uma das marcas mais fortes e reconhecidas da poderosa Johnson & Johnson surgiu praticamente por acaso. A empresa, que foi fundada como produtora de compressas cirúrgicas, já em 1890 comercializava também emplastros medicinais. Como alguns consumidores reclamavam das irritações na pele causadas pelos emplastros, em 1890 o diretor científico da empresa, Fred Kilmer, teve a brilhante idéia de começar a vender o produto com pequenas latinhas de talco, produzido na Itália, para diminuir as irritações na pele. Este produto seria responsável pelo ingresso da empresa no segmento de cuidados pessoais para bebês quando as mães rapidamente descobriram os efeitos suavizantes que o talco tinha na pele dos bebês, prevenindo e evitando irritações e assaduras nas delicadas peles dos recém-nascidos. Como muitos consumidores começaram a procurar apenas o talco para comprar, a Johnson & Johnson resolveu desenvolver e lançar, em 1893, a marca JOHNSON’S BABY, inicialmente composta pelo famoso talco, comercializada em pequenas latinhas com os tradicionais rótulos nas cores laranja e branco.

O sucesso da nova linha fez com que a empresa desenvolvesse outros produtos nos próximos anos como loções, óleos hidratantes (este introduzido no ano de 1919) e sabonetes. Nesta época, a marca ficou extremamente reconhecida por sua linha de comunicação, que utilizava anúncios onde lindos bebês interagiam com seus pais. Era o surgimento dos famosos “bebês Johnson”. Após a Primeira Guerra Mundial, a linha JOHNSON’S BABY foi lançada em outros países, especialmente no continente europeu e Austrália”.

A famosa lavanda da marca (a verdinha), conta com notas de lavanda, camomila e cítricos. Todos conhecem. Cheirinho melhor pra hora de dormir não há! E o Hora do Sono? Tem o cheiro lilás, como a embalagem… dá pra entender? Tem ainda outras colônias na linha, vi em uma perfumaria uns aromas de nomes bem genéricos: Energia, Conforto, Frescor, Suavidade e outros (bem criativos…). São direcionados ao público adulto, não senti nenhum deles, não posso dizer nada sobre.

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Agora tenho um frasquinho de 50ml da Colônia Lasting Blooms. Tal colônia (que diz ser de longa duração, fica na pele por 30 minutos e olhe lá. Consequentemente, tal colônia durará bem pouco) tem um aroma de flores somadas ao já tradicional aroma. Tem menos cítricos, puxa mais pro adocicado, mas longe do gourmand. Acho que tem um quê de de frutinhas silvestres…

Uma boa pedida para dias muito quentes ou para a hora de dormir. Prolonga a sensação de banho tomado, é suave, delicada e dá uma sensação gostosa de aconchego!